Diretores de cursinhos falam sobre as mudanças no conteúdo programático e dão dicas sobre o estilo de prova do Cespe/UnB
O concurso que oferece 147 vagas no Ministério Público da União (MPU), com oportunidades efetivas e em cadastro reserva, já está com as inscrições abertas. Os cargos em disputa são os de técnico, com requisito de nível médio, e analista, que exige nível superior. O prazo para confirmar a participação no processo seletivo vai até o dia 9 de abril e as provas acontecerão em 19 de maio – clique aqui para saber mais.
Se você pretende ingressar no órgão, além de seguir o conteúdo programático, é preciso conhecer o estilo do organizador, o Cespe/UnB. A seguir, professores de cursinhos especializados comentam o edital e dão dicas que podem fazer a diferença na sua preparação. Confira:
Leonardo Pereira, diretor do IOB Concursos
A notícia da escolha da banca examinadora veio no dia 20 de março, gerando clamor entre as mídias especializadas que passaram a sugerir um edital com aproximadas 2.000 vagas, o que na verdade não representa a real demanda do órgão. Como um balde de água fria, o dia 21 de março trouxe um edital bem magro em número de vagas e em opções de cargos. Ficaram de fora os esperados analistas administrativos, com promessa ou expectativa de um outro edital do MPU em breve.
Privilegiaram-se os graduados em direito, com 38 vagas, salário inicial de pouco mais de R$ 7,5 mil e jornada semanal de 40 horas, com vagas em todos os Estados da federação e especialmente no Distrito Federal.
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Já para o nível médio, as 109 vagas para o cargo de técnico do MPU – administração oferecem aos candidatos remuneração de pouco mais de R$ 4,5 mil, também com jornada semanal de 40 horas de trabalho.
Como não há previsão de vagas para analistas administrativos, é esperada grande concorrência pelas vagas de nível médio, que passam então a ser a opção de quem não tem formação superior em direito. Vale destacar que as vagas para os cargos de técnico também são para todas as unidades da federação, com especial privilégio para o Distrito Federal.
Mas a julgar pela demanda, pelo número médio de aprovados para cada unidade da federação e pela previsão expressa de cadastro reserva em todos os Estados, mais candidatos serão chamados. E aqui não tem estratégia para escolha de unidade da federação, já que a convocação acontecerá pela classificação geral do candidato, que a meu ver é o método mais correto de avaliação e classificação.
Os editais regionalizados, como ficaram conhecidos, geravam estranha disputa por vagas em localidades distantes pela suposta facilidade em ser aprovado. Detalhe: uma vez empossado em determinada localidade, não se pode pedir remoção por três anos. Então é importante que o candidato saiba, desde já, que muito provavelmente não ficará perto de casa pelos próximos três ou quatro anos, na melhor das hipóteses. Nada mal, se considerarmos que as unidades do MPU geralmente estão em capitais, o que atenua bem a análise do “ninho vazio”!
O edital, um bom edital, fez as corretas reservas aos candidatos com deficiência e foi muito bem redigido, sem partes desnecessárias ao aluno, sendo de leitura rápida e obrigatória pelo candidato que se dispõe a pagar R$ 55 de taxa de inscrição para o cargo de técnico e R$ 70 para o de analista. As inscrições ficarão abertas entre os dias 25 de março e 9 de abril no site do Cespe.
A banca examinadora, preferida entre os concursos da área federal não relacionados diretamente à área fiscal, trará provas objetivas com 120 itens avaliativos que podem mesclar conhecimentos em cada um deles, ou seja, em uma mesma sentença podem estar contidos elementos de direito administrativo e de direito constitucional.
Como é sabido, o Cespe traz em suas provas textos de jornais e revistas de grande circulação, o que obriga o candidato a ler tudo o que der até a data da prova (19 de maio). Em relação às questões erradas que anulam as corretas, maior característica do Cespe, a regra para essa prova é de um para um, o que é uma boa notícia para os candidatos. As provas objetivas dos dois cargos são de caráter eliminatório e classificatório, com 50 questões de conhecimentos básicos e específicos. Os candidatos para o cargo de analista ainda terão pela frente uma prova discursiva, onde deverão elaborar um texto dissertativo de até 30 linhas sobre a Legislação Aplicada ao MPU e ao CNMP.
Sobre o conteúdo, há algumas mudanças em relação ao que será cobrado, mas isso não chega a abalar os candidatos que já vinham estudando para essa prova há algum tempo.
Para os analistas, comparando com o edital de 2010, cresceu o conteúdo de língua portuguesa e foram diminuídos os conteúdos de direito penal e de direito processual penal. Mas, em compensação, para atender às atribuições do Ministério Público Militar, inseriram o direito penal militar e o direito processual penal militar, porém, com conteúdos que extrapolam pouco os conhecimentos gerais de ambas as disciplinas e que com pouco empenho são aprendidas. Já os técnicos têm que se preocupar um pouco mais com a apresentação de um edital bem mais maduro e sério para eles, o que chancela a ideia de que será um cargo bastante concorrido pelo nível da prova. O edital está maior e algumas das disciplinas esperadas estão fora, preponderando as disciplinas de cunho administrativo.
Com pouco tempo para a prova, a grande sugestão para os analistas é iniciar uma boa revisão com base na realização de uma prova simulada com as disciplinas que serão cobradas. Já os técnicos devem começar e terminar bons resumos da área, abusando de cursos preparatórios que tragam as disciplinas agora exigidas. A boa notícia para eles é que a má notícia do “novo” conteúdo é para todos.
Paulo Estrella, diretor da Academia do Concurso
O edital do MPU foi publicado um dia depois da divulgação da banca organizadora. Tudo bem que a banca se manteve, não houve grande novidade, mas para quem estava estudando, essa publicação foi uma surpresa. Isso vem, mais uma vez, nos mostrar que o estudo com antecedência é a única saída para quem vem se preparando para concursos. Bom, reclamações à parte, vamos ao que interessa.
Primeiro o Cespe muda, em relação ao último edital, a contagem de pontos. No edital de 2010, a cada duas questões marcadas divergentes do gabarito, uma questão certa era anulada, ou seja, dois erros fazem o candidato perder um acerto. Neste edital de 2013, o Cespe volta a sua tradição: um erro faz o candidato perder um acerto. Para quem já tem experiência em outros concursos dessa banca, não há novidade, mas quem vem aproveitando as oportunidades dos tribunais e está se preparando para o MPU terá que se ajustar a esse modelo.
O modelo visa a redução do “chute” por parte dos candidatos, sendo assim, para cada afirmativa ou item da prova há três respostas possíveis: marcar certo, marcar errado ou deixar a questão em branco. Nesta última opção, o candidato não perde, mas também não ganha. Deixar em branco é uma opção quando o candidato não faz ideia do que trata a afirmativa ou nunca estudou aquele conteúdo.
Quando o candidato tem alguma sensibilidade, tem noção do conteúdo, sugiro marcar certo ou errado seguindo a sensibilidade. A prova inibe “chutes”, mas o candidato deve ter em mente que o risco existe e faz parte do processo. Deixar muitas questões em branco pode tirar o candidato da competição pelo bom posicionamento na classificação. Para se ajustar a esse modelo de prova é fundamental o candidato responder um grande volume de questões do Cespe. Não só fazer as questões, mas avaliar o nível de acertos dos “chutes” que é obrigado a dar na prova. Isso nunca será uma certeza, não existe técnica para isso.
O candidato deve seguir seus extintos, já que a prova não é mais dividida entre o que ele sabe e o que ele não sabe, mas entre o que ele sabe, o que ele acha e o que ele não faz ideia. O segredo é conseguir, de forma rápida, tomar essas decisões e ter o mínimo de questões em branco.
Outra característica da prova do Cespe é que ela é naturalmente cansativa e demanda concentração por parte do candidato. Não existem eliminações, cada item é avaliado de forma isolada, o que aumenta o número de decisões que o candidato tem que tomar ao longo da prova e com isso o tempo passa a ser um fator limitante para esse processo.
Quanto às disciplinas, tivemos algumas alterações. No cargo de técnico administrativo saiu administração financeira e orçamentária e entrou raciocínio lógico, ética no serviço público, administração geral e redação oficial. A entrada dessas disciplinas favorece quem está estudando para o MPU como continuidade da preparação para os concursos de tribunais que saíram ano passado. Como exemplo, o raciocínio lógico foi cobrado no TRT e no TRF. Redação oficial foi cobrada no TRE, e por aí vai.
Quem está começando a estudar agora terá uma maratona pela frente e deve dividir o tempo de acordo com seus conhecimentos nas disciplinas e a quantidade de pontos que podem oferecer. As disciplinas de legislação do MPU, português, redação oficial, informática, ética no serviço público e raciocínio lógico valem, juntas, 50 pontos. As disciplinas de direito constitucional, direito administrativo, administração geral, administração pública, gestão de pessoas e gestão de materiais valem os outros 70 pontos da prova cuja soma é de 120 pontos.
Para aliviar um pouco, o direito constitucional está menor, já que saíram os poderes Executivo e Legislativo e o direito administrativo não está mais cobrando contratos. O ideal é o candidato sair da ignorância nas disciplinas, buscar uma visão geral e aplicar todos os esforços em resolver questões de provas anteriores e da banca. É uma medida complexa, mas necessária, já que a prova está prevista para 19 de maio, o que dá ao candidato menos de dois meses de estudo.
O estudo precisa ser direcionado e demandará um grande esforço do candidato, já que a baixa autoestima causada pela dificuldade de medir o desenvolvimento da preparação será um fator limitante. Organizar o tempo, criar metas de estudos e conseguir cumpri-las é fundamental para o bom desempenho da preparação.
Como informação complementar, para o aluno não ser desclassificado, necessita fazer 12 pontos dos 50 possíveis em conhecimentos básicos, 23 pontos dos 70 possíveis em conhecimentos específicos e no mínimo 40 pontos, somando as duas disciplinas, o que não é grande vantagem cumprir esses pré-requisitos, já que isso é o mínimo para o candidato ser aprovado. Mas, para tomar posse, o candidato, além de passar, deve ter uma boa colocação na classificação geral.
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MPU
Vagas: 147
Taxa de inscrição:
R$ 55 e R$ 70
Cargos:
Não definido
Áreas de Atuação: Judiciária / Jurídica,
Administrativa
Escolaridade: Ensino Médio,
Ensino Superior
Faixa de salário:
De R$ 4575,16
Até R$ 7506,55
Organizadora: CESPE/UnB
Estados com Vagas: AC,
AL,
AP,
AM,
BA,
CE,
DF,
ES,
GO,
MA,
MT,
MS,
MG,
PA,
PB,
PR,
PE,
PI,
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