Professora de Língua Portuguesa explica o que estudar para ir bem nas provas de concursos públicos
Que a gramática da línguaportuguesa é uma disciplina complexa - e muitas vezes detestada - já sabemos. Contudo, sua importância na organização da linguagem (e nas provas de concurso) é inegável. Exatamente por isso necessitamos repensar a visão que temos da gramática como algo engessado e fora de nossa realidade de fala.
Fomos erroneamente ensinados durante nossa vida escolar a apenas decorar as normas e não a entendê-las de maneira prática e lógica. Pode até parecer que não, mas há sim um porquê para cada regra e o principal deles é fundamentar as estruturas para que a comunicação se dê de maneira eficiente.
Nesse sentido, tratar a gramática como instrumento facilitador da linguagem pressupõe entender seu uso de forma interpretativa e não apenas mnemônica. Esse raciocínio deve também ser aplicado ao estudo direcionado para o concurso público.
Não é por acaso que a disciplina de língua portuguesa costuma ser a mais importante para a aprovação do candidato. O concurso reflete as deficiências educacionais e exige em seus certames exatamente o que grande parcela da população conscientemente não se lembra - ou nunca aprendeu.
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Verdade é que conhecer regras gramaticais não é pressuposto para a aquisição da linguagem. Prova disso é que as crianças, mesmo antes de serem alfabetizadas, já organizam raciocínios, argumentos e falam com coesão e coerência. Os adultos que não tiveram acesso ao conhecimento formal também se expressam de modo eficiente e interativo. Sabedoria não depende de regras gramaticais, não conhecê-las não é demérito algum: o preconceito linguístico deve ser combatido a todo custo.
Por outro lado, é claro que ao adquirirmos noções maiores da estrutura do idioma ampliamos nossas visões e passamos a ter acesso a uma gama de dados que podem ajudar a transformar a nós mesmos e ao mundo. A educação formal - quando feita de maneira adequada - faz sim grande diferença na construção do sujeito pensante.
Dessa maneira, o estudo da língua portuguesa deveria ser a base de todos os outros, haja vista nos auxiliar a entender com mais profundidade os textos lidos, instrumentos de informação. Infelizmente, até hoje, ainda temos a impressão de que gramática é apenas “decoreba”.
Mas voltando ao concurso público, fica o questionamento: o que estudar da língua portuguesa (e como estudar) a fim de alcançar a tão desejada posse? Ainda que seja uma prova que solicite o conhecimento de regras, para compreendê-las, é necessário analisar o contexto em que estão aplicadas, a intenção de quem escreveu e por que se usou determinada regra. Isso significa que o processo de estudo não deve ser apenas quantitativo, mas interpretativo.
Assim, o candidato interessado em sua aprovação deve pensar a língua portuguesa voltada para a construção textual. Não se pode esperar de uma prova um enunciado como “Marque a alternativa que contenha a lista das preposições”, mas sim “Marque a alternativa em que a regência obedece a norma padrão”. O que isso significa? Que não adianta conhecer quais são as preposições se não se sabe qual sua utilização no texto, se não se entende que é uma classe gramatical cuja função é relacionar os termos e seus complementos, ou seja, funciona como um elemento de coesão. Decorar as preposições é, portanto, apenas uma atitude mecânica que não produz interpretação.
Cabe, então, ao candidato estudar os principais tópicos dos editais em seu emprego textual. Apenas memorizar regras não é produtivo.
Aos que estão se preparando, desconstruir a crença de que só se aprende gramática decorando é muito importante. Além disso, vale a lembrança dos temas mais solicitados, logo, imprescindíveis:
Boa sorte e bons estudos.
Tatiane Felix, professora de língua portuguesa na Central de Concursos, escola com 29 anos de experiência em preparação para concursos públicos
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