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Escalada e concurso: os desafios de quem já passou

Recentemente tive duas experiências com trekking de montanha no Quênia, África. Das experiências, ainda estou colhendo ensinamentos, alguns entre os quais posso correlacionar com a preparação para concurso

Fabrício Rêgo
Publicado em 18/11/2016, às 15h50

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Recentemente tive duas experiências com trekking de montanha no Quênia, África. Das experiências, ainda estou colhendo ensinamentos, alguns entre os quais posso correlacionar com a preparação para concurso até chegar o dia da posse do tão sonhado cargo.
Darei relevo ao Monte Quênia, que é a segunda montanha mais alta do continente africano. Escalei o Ponto Lenana, com altitude de 4.985 metros acima do nível do mar, algo em torno de 55 km entre subida e descida. Foram cinco dias no total e contei com a força de três peças-chaves: um guia, Josaphat; um cozinheiro, Anthony; e o carregador, Martin; todos quenianos e exímios montanhistas.
Os três primeiros dias foram bem tranquilos, com caminhadas até compreensivas. Isso teve um motivo: necessidade de aclimatar, pois na altitude o nosso corpo funciona de forma diversa, pois o ar tem menos oxigênio, a pressão atmosférica é maior. Quanto mais gradual a subida, melhores são as chances de sucesso na expedição e menos o corpo sente as reações adversas à altitude. 
Nas minhas preparações para concurso sempre prezei pela gradação na dose inicial de estudos a fim de me adaptar à mudança de rotina, sobretudo quando retomava após um tempo parado. Dessa forma, nunca iniciei meus estudos pré-edital de forma extrema.
Antes de iniciar, contudo, prudente fazer um planejamento, analisar suas ferramentas disponíveis, se equipar, se informar sobre a montanha, qual o clima etc. O mesmo no caso do concurso público. 
Aqui já correlaciono uma estratégia de constante utilização também na montanha: sempre economizar energia. Mas não é só economizar, é saber que você ainda tem margem de sobra antes de dar o seu máximo. Ou seja, eu me esforçava e, apesar de bem preparado fisicamente, preferia dosar na medida de energia gasta. O pressuposto é que eu não sabia o grau de dificuldade da montanha, quanto ela exigiria de mim. Essa tática foi muito boa, pois de fato nas últimas três horas de ataque ao cume eu necessitei de muito mais força e quase chego ao meu limite.
Na preparação de concurso com edital já publicado essa não se mostra uma estratégia útil. No entanto, em concursos pré-edital talvez seja algo a ser considerado como medida de prudência. Veja: estaremos sim, desde já, estudando com disciplina, foco, dedicação, mas sem dar ainda o nosso máximo de energia para o processo. Caso você resolva desde já aplicar toda sua força, você pode gastar sua energia antes da hora e perder o gás total, o que poderá custar a sua vaga. É importante ter essa dosagem na preparação, pois um concurso pré-edital é imprevisível e nossa meta é chegar lá com vida!
O momento ideal para engajar toda a energia possível, chegar no nível de alto rendimento, é no dia de ataque ao cume, ou seja, com edital publicado.
Durante todos os momentos da subida sempre fui orientado pelo guia a respirar bastante, observar as reações do meu corpo, descansar sempre. No seu dia a dia de estudos é fundamental aplicar esses conselhos e observar se o estudo está rendendo, quais suas condições etc.
No dia de ataque ao cume acordamos às 2h da manhã para iniciar a caminhada. É um momento de testar limites físicos, psicológicos, pois a cada passo acima ficava mais difícil dar o próximo passo, mais energia era necessário para a tarefa. A todo momento era preciso parar e respirar, retomar as forças e continuar subindo. O nível de concentração no corpo e na montanha estava altíssimo.
O mesmo é na preparação, sobretudo para quem já está há um certo tempo estudando. Nessa fase final é necessário, ainda mais, a concentração do candidato: é importante se respeitar! Parar, focar e buscar forças. Todos passamos por isso, você não é o único ser especial a quem foi dada essa pesada tarefa.
Outro ponto fundamental foi a confiança no trabalho da equipe. Dentre ela, destaco a função do guia: montanhista experiente que já subiu a montanha diversas vezes, conhece cada trilha, sabe como lidar com as diversas situações. O guia sabe em qual ponto o montanhista precisa se esforçar mais, onde realizar paradas, quais estratégias usar em caso de mudança climática. 
O mesmo para os nossos professores, são nossos guias até a aprovação. São pessoas que possuem experiência no campo dos concursos. Calejados em estudos, preparação, realização de provas e, claro, em aprovação. Eles nos guiam ao cume. É certo que para chegar lá a maior energia é nossa, mas o guia torna a subida mais segura.
Finalmente chega o cume. Atingimos os 4.985 metros às 6h13. É um momento inenarrável chegar lá e, literalmente, ver se abrir à sua frente novos horizontes.
Atingido o cume, acabou a jornada, não é?! Tudo está mais lindo, mais fácil! Não! Você está no topo da montanha, é preciso descer tudo de novo e isso não se dá num passe de mágica. A descida é tarefa não menos árdua. Primeiro pelo acumulado de cansaço dos dias anteriores, desgaste emocional. Depois porque exige muito do corpo.
É revigorante saber que você teve toda aquela força para subir uma montanha ou ser aprovado no concurso, força que talvez você nem conhecesse antes. Resta no peito uma enorme sensação de orgulho, de dever cumprido! Uma sensação de que os desafios são apenas o tempero que fazem nossa vida valer a pena, uma vez que depois da jornada vem toda a recompensa. Em ambos os casos, só vivendo para saber o que é a sensação maravilhosa que toma nossa vida daí para frente.
Boa sorte na sua jornada!
Fabrício Rêgo, Oficial de Justiça do TJDFT e professor do Estratégia Concursos
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