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Febre no mundo dos concurseiros

Candidatos de todo o país usam a internet para estudar, trocar informações ou mesmo fazer denúncias.

Redação
Publicado em 30/10/2009, às 16h02

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Concursos públicos mobilizam multidões em todo o país. E já há algum tempo mobilizam também multidões na internet. A rede mundial de computadores trouxe muitos benefícios para toda a sociedade. Não poderia ser diferente para quem vive de prestar concursos. O carioca Romário Ferreira Said (48), que mora em Cambuci, cidade localizada a 267 km da capital, e já prestou pelas próprias contas algo em torno de 12 processos seletivos, atribui à existência  de fóruns virtuais sobre concursos a possibilidade de seguir de perto os desdobramentos das seleções de que participa. “Veja o meu caso que moro a quase 300 km do Rio de Janeiro. Se não fossem esses fóruns de que maneira eu poderia estar antenado com o que vem ocorrendo com o concurso? Com certeza seria bem mais difícil para mim”.

Romário, veterano de concursos não é o único com essa percepção. A mineira Giselle Trancoso Araujo (27), que ainda não participou de nenhum concurso público, mas alimenta esse desejo, vê na troca de experiências propiciada por comunidades virtuais uma janela para inspiração e motivação. “Eu percebia que na maioria das comunidades de orkut de meus amigos sempre tinha uma de concursos”, afirma Giselle, que acrescenta: “quero muito participar de um e obter uma boa colocação no mercado de trabalho”.

Romário e Giselle, cada qual a seu modo, são expoentes de uma nova tendência no universo dos concursos. Cada vez mais “concurseiros” lançam mão de estratégias similares para aumentar tanto a competitividade quanto a motivação.

“A maior vantagem é que o candidato que tem acesso aos fóruns, passa a conhecer um pouco de cada um e logo aprende com as ideias dos outros, amadurecendo para os próximos concursos”, resume Cláudio Willians de Oliveira (20), mineiro de Belo Horizonte que atualmente participa da seleção promovida pela Polícia Militar. 

Vantagens e desvantagens -  No mundo dos Orkuts, Twitters e fóruns virtuais há, no entanto, margem para desvirtuamentos.  “A desvantagem são as pessoas sem escrúpulos e de caráter duvidoso que passam falsas informações e querem apenas tumultuar o ambiente”, lembra Romário. O Departamento de Concursos da Fundação Cesgranrio salienta que nada pode fazer se o candidato se orienta por outros meios que não sejam reconhecidos pela instituição e reafirma a política vigente da grande maioria das  empresas organizadoras: “a Fundação Cesgranrio adota, de forma oficial, inclusive indicada em seus editais, uma forma de comunicação  através do nosso site na internet ou através do call center. A nossa instrução é sempre de comunicação direta com estes dois canais”. Cláudio lembra que esse é um caminho possível, e até mesmo mais fácil, para membros de fóruns e comunidades sobre concursos. “Na internet você encontra inúmeros links para acesso do andamento (do concurso), como também em site de cursinhos e etc”.

Fóruns virtuais e comunidades temáticas em sites de relacionamento servem também a outros propósitos de natureza mais prática. “O que mais procuro são informações sobre concursos, provas anteriores, notas de corte de concursos passados, opiniões de candidatos, discussões sobre questões de provas e recursos”, reconhece Cláudio.  

A também veterana de concursos públicos Rosangela Carla de Oliveira, 35, concorda. “Minha motivação em participar da comunidade concurseiros é basicamente encontrar material que possa ser útil aos meus estudos”, revela a carioca.

Romário, por sua vez, enxerga ainda mais uma vantagem preponderante na existência e no ativismo de fóruns e comunidades sobre concursos. ”Considero também que seja uma poderosa ferramenta. Porque dá mais transparência e as próprias autoridades ficam mais receosas em cometer alguma atitude delituosa porque sabem que estão sendo marcadas em cima. É o “big brother” do mundo globalizado”.

A Fundação Cesgranrio reconhece o apelo das novas ferramentas popularizadas pelo acesso cada vez mais flagrante a internet; “comunidades virtuais vêm surgindo nos meios sociais abordando os mais diversos temas. Natural que também na área de concursos elas se formem e seus integrantes se manifestem tanto positivamente quanto negativamente”.  No entanto, resiste a ideia de que fóruns e comunidades virtuais colaborem de alguma maneira para a lisura de um concurso. “Qualquer entidade organizadora de concursos tem como uma de suas principais preocupações, a lisura na realização de exames. Ela deve existir independente de fóruns ou coisas afins”.     

União – Não são só troca de informações, dicas, sugestões e material de estudo que compõem o cotidiano dos frequentadores de fóruns e comunidades sobre concursos. Eles realizam verdadeiras vigílias. Acompanham e comentam sobre todas as fases dos concursos que estiverem participando. E se sentirem que é necessário, se engajam em reverter qualquer inconsistência ou prejuízo. “É de extrema importância ficar ligado no andamento do concurso, pois podem ocorrer alterações, cancelamentos ou de você ter passado e seu nome estar na lista de aprovados e depois eles tirarem seu nome”, ressalta Cláudio.

Há dois anos, um concurso público promovido pela Câmara municipal de São Paulo teve sua realização suspensa depois que uma denúncia de fraude, que ganhou corpo em fóruns virtuais, foi formalizada junto ao Ministério Público.

Efeitos práticos – O advogado, pós-graduado em direito do trabalho e em direito administrativo, Paulo Roberto Barros Dutra Junior lembra que o candidato deve considerar como parâmetro para qualquer irregularidade o edital do concurso. “A regra de ouro para a seleção é o edital”. E complementa: “Caso os candidatos tenham quaisquer suspeitas com relação à lisura do procedimento, devem necessária e formalmente informar à Comissão do Concurso acerca dos fatos que tenha tomado conhecimento e que levem à fundada suspeita. Também é recomendável a comunicação da ocorrência de crime à autoridade policial”.

Dutra Junior encerra advertindo para a correta manipulação de comunidades e fóruns virtuais pelos candidatos. “Entendo que não existe restrição legal em relação aos candidatos que pretendam participar de comunidades virtuais. A observação que se faz é com relação ao conteúdo da participação dos candidatos. Como em qualquer comunidade, seja ela virtual ou real, há que se ter em mente que o direito de ‘livre opinião’ não é absoluto, ou seja, comentários que sejam ofensivos aos membros da Comissão Examinadora, como também em relação à lisura do procedimento podem, ao menos em tese, caracterizar crime de calúnia”.

Reinaldo Matheus Glioche/SP

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