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Método de EAD ignora as barreiras geográficas

A modalidade a distância democratiza o ensino no país, mas o rendimento do aluno depende da disciplina.

Redação
Publicado em 13/11/2009, às 15h30

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Todos os dias, o jornalista Alessandro Bocchi, 28 anos, reserva cerca de três horas de sua rotina para os estudos, em casa, no silêncio do seu quarto. Ele mora em Araraquara, município do Estado de São Paulo, e faz pós-graduação a distância em comunicação pública pela Universidade Gama Filho, de Brasília. Com duração de um ano, o curso será concluído em maio de 2010 e, até lá, é preciso estar focado para cumprir as obrigações.

Comodidade, economia com transporte e alimentação, ganho de tempo e mais chances de se manter concentrado: estas foram algumas vantagens que levaram o estudante a ser adepto da educação a distância (EAD).

O método de ensino, que caminha a passos largos para se livrar de vez do preconceito, enraizado na concepção principalmente de quem possui acesso e opta pelas aulas convencionais, tem seguidores em todo o país. Nas palavras de Marco Antonio Araujo Junior, diretor pedagógico de cursos livres da escola LFG (Luiz Flávio Gomes), a modalidade se popularizou por abrir caminhos à “democratização do ensino”.

No caso de Bocchi, o curso de jornalismo foi concluído da maneira tradicional – a lousa repleta de conteúdo, o entra e sai de alunos, a troca de professores, o falatório dos colegas de classe, a liberdade que permite esquecer a aula e prolongar o intervalo. Para alguns estudantes, há momentos em que registrar o nome na lista de presenças parece ter mais importância do que o aprendizado.

Os professores cumprem a tarefa de ensinar, aprende quem se dedica – e esta dedicação é o combustível na busca por resultados satisfatórios. “É muito mais difícil conseguir uma nota pelo ensino a distância”, revela Bocchi. Há prazos viáveis para elaborar os trabalhos, contudo, os professores são bastante exigentes. Segundo ele, estudar longe da sala de aula requer disciplina, interesse e organização, além de estar antenado com as tecnologias. “Acesso à internet com banda larga é indispensável”, acrescenta.

Na prática - O ambiente virtual caracteriza-se como a plataforma de comunicação mais utilizada na EAD, mas os livros e as apostilas sobrevivem neste cenário tecnológico. Passado, presente e futuro se convergem: enquanto os olhos piscam em menor frequência, dominados pela tela do computador, as letras no papel continuam atraentes, como uma fonte segura, palpável e rica em conteúdo (muitas vezes, insubstituível).

É por meio do site da universidade que Bocchi mantém contato com os professores, coordenadores e outros alunos. Nos fóruns de discussões, os estudantes realizam debates, questionam e opinam. Os tutores se comprometem a sanar todas as dúvidas, coletivas e individuais, em um tempo determinado. “Eles têm um prazo de 24 horas para responder qualquer questão, comentam as atividades diariamente e são solícitos na troca de informações”, diz. Outra possibilidade é se comunicar com os educadores por e-mails, o que evita expor um assunto de interesse particular aos demais membros do fórum.

Há um dinamismo nos recursos, mas para dar conta do que é oferecido e buscar a solução dos assuntos que causam inquietações, é fundamental ser pró-ativo. Essa característica faz com que os alunos leiam mais e se tornem mentores do seu próprio conhecimento. “Se o aluno não for disciplinado, as chances de reprovação são significativas”, alerta Marco Antonio.

Prova sem consulta - O suporte aos estudantes ultrapassa as barreiras físicas e garante o acesso à educação. Para avaliar o rendimento dos alunos, a maioria das instituições organiza encontros presenciais. Normalmente, são obrigatórios e acontecem em diferentes pólos espalhados pelo país, ao término de cada disciplina cursada. A internet, as mídias audiovisuais, as bibliografias e até mesmo a interação via celular aproximam universitários e professores. As ferramentas auxiliam as pesquisas, mas é preciso que o estudante volte à sala de aula para comprovar, na prática, o que aprendeu no conforto do seu lar.


Nos encontros, também é possível fazer exercícios em laboratórios, conforme a necessidade do curso, e apresentar trabalhos. Segundo o diretor Marco Antonio, essa modalidade, chamada de híbrida, é a melhor opção de curso, pois mescla o ensino a distância com o presencial.

A escolha certa – Obter uma certificação qualificada ao completar os estudos é uma conquista que requer planejamento, e não apenas no aspecto financeiro. O valor das mensalidades em educação a distância costuma ser mais barato, porém, antes de decidir efetuar a matrícula é importante analisar as condições dos serviços oferecidos. Entre os itens que devem ser considerados estão o credenciamento no Ministério da Educação (MEC), a metodologia aplicada pelo corpo docente e os locais onde os pólos estão situados. Vale ressaltar que o MEC certifica os cursos de graduação e pós-graduação, portanto, apenas essas modalidades compõem a lista de credenciamento.

Pesquisar sobre a instituição permite conhecer o sistema de aprendizagem com antecedência. Disciplina e empenho são características próprias de quem se identifica com a EAD - e esses fatores contribuem para que o índice de evasão seja até três vezes menor se comparado ao ensino convencional, destaca o diretor pedagógico da LFG. “O aluno que se dispõe a realizar um curso a distância planejou muito mais do que aquele que realiza um curso presencial, portanto, a evasão costuma ocorrer somente em casos extremos”, conclui.

Inclusão acadêmica – A oferta de cursos nas grandes metrópoles dá a possibilidade de escolher, entre as diversas opções, onde e como estudar. De acordo com o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), referência nacional especializada em coleta de dados sobre o assunto, “um em cada 73 brasileiros estuda a distância”.


Quando a disseminação do ensino se depara com barreiras teoricamente geográficas, a EAD entra em cena para facilitar a vida dos estudantes. Mais do que uma escolha, para muitos brasileiros o método é uma necessidade, já que sem ele a profissionalização seria dificultada, esbarraria nos limites de tempo e espaço.

Modalidade credenciada

O site do Ministério da Educação disponibiliza o “Sistema de Consulta de Instituições Credenciadas para Educação a Distância e Pólos de Apoio Presencial”, o Siead. Para ter acesso à ferramenta de pesquisa, em www.mec.gov.br, é necessário clicar no link “Instituições Credenciadas”, localizado no menu “Estudantes”, e escolher o tópico “Educação Superior a Distância”.

Em caso de dúvidas é possível entrar em contato com a central de atendimento do MEC pelo telefone 0800-616161 ou pelo e-mail falabrasil@mec.gov.br.

Flávio Fernandes/SP

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