A língua passa por inúmeras transformações com o passar do tempo. Algumas palavras desaparecem enquanto outras são criadas, assim como a escrita das palavras pode se transformar com o tempo. Por exemplo, no passado tínhamos as escritas de hontem, ocasião, elle; termos que hoje nos parecem absurdos, mas que eram comuns no passado. Assim, para conhecer como as palavras se formam na língua portuguesa, precisamos entender dois processos: a
derivação e a
composição. Inicialmente, vamos tratar da derivação.
Processo de derivação - Esse processo parte do conhecimento daquilo que chamamos de radical. O radical é a parte invariável da palavra. Por exemplo, PEDRA; nessa palavra o radical é PEDR e a construção PEDRA chamamos de palavra primitiva. E é justamente da palavra primitiva que teremos as derivadas: pedreira, pedregulho, pedraria, pedrada...
Vale lembrar que a derivação pode se dividir em algumas categorias: prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria.
Derivação prefixal Esse tipo de derivação acontece quando formamos uma palavra pelo acréscimo de um prefixo. Ou seja, somamos um prefixo à palavra primitiva: REver (re + ver); DESmontar (des + montar).
A maioria dos prefixos que formam novas palavras em língua portuguesa são de origem latina ou grega e carregam algum tipo de sentido. Como no exemplo acima, o prefixo DES, DI ou DIS significam separação, ação contrária, negação. Assim, compreendemos melhor o significado de palavras como: desacordo, difamar ou discordar.
Derivação sufixal Esse tipo de derivação acontece quando acrescentamos um sufixo a uma palavra primitiva. No entanto, podemos separar alguns tipos de derivação sufixal: a) Nominal: formação de substantivos e adjetivosLivro = livraria (substantivo) fama = famoso (adjetivo)b) Verbal: formação de verbosModerno = modernizarc) Adverbial: formação de advérbios com acréscimo de MENTESuave = suavemente
Derivação Parassintética Esse tipo de derivação acontece quando existe a formação de uma palavra que necessita, simultaneamente, de um prefixo e de um sufixo. Isso é muito importante! A derivação parassintética precisa dos dois elementos ao mesmo tempo. Por exemplo, DESALMADO, não existe a palavra DESALMA, também não existe a palavra ALMADO, isso quer dizer que a palavra primitiva ALMA, nesse caso, precisa dos dois elementos para formar a palavra DESALMADO. Vejamos outros exemplos: EN + DOID + ECER = endoidecer (derivação parassintética) IN + FELIZ + MENTE = infelizmente (derivação prefixal e sufixal)
Veja que no exemplo acima a palavra INFELIZMENTE não apresenta derivação parassintética, ainda que nessa formação existam os dois elementos. Podemos chegar a essa conclusão porque a ausência de um dos elementos não causa complicações. Afinal a palavra INFELIZ existe, assim como FELIZMENTE.
Derivação Regressiva - Esse tipo de derivação acontece quando formamos uma palavra, no caso um substantivo, a partir de um verbo no infinitivo. Assim, o verbo acaba perdendo o R final. Beijar = beijo castigar = castigo empatar = empate
Derivação Imprópria Esse tipo de derivação acontece quando ocorre uma mudança na classe das palavras, por exemplo, um substantivo passa a ser um adjetivo, um adjetivo passa a ser um substantivo, um verbo passa a ser substantivo, dentre algumas possibilidades. Vejamos alguns exemplos:
“O cantar dos pássaros me deixa feliz”. Nesse caso, o verbo CANTAR está empregado como substantivo, sua função não é a de verbo, isso se confirma com o artigo masculino que o antecede. “O navio-fantasma está repleto de mistérios”. Nesse outro caso, o substantivo FANTASMA está funcionando como uma adjetivação para o termo NAVIO.
“O bonitão chegou atrasado”. Já nessa situação, o adjetivo BONITÃO está empregado como substantivo. Veja que são muitas as possibilidades de mudança. Mas esse tipo de derivação deve ser vista de forma diferente das outras, pois sua formação não muda a forma da palavra, ela apenas altera a classe dessas palavras.
Janaina Arruda é professora de língua portuguesa no AlfaCon Concursos PúblicosSiga o JC Concursos no Google News