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Tomando conta do próprio crédito

Alessandra Gonçalves de França tem 24 anos e já é diretora-presidente de um banco.

Redação
Publicado em 17/09/2010, às 15h27

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Alessandra Gonçalves de França tem 24 anos e já é diretora-presidente de um banco. Não, ela não nasceu em berço de ouro. Não é superdotada. Nem ganhou na loteria. A verdade é que ela souber combinar um nicho ainda não atendido pelo mercado e responsabilidade social: o Banco Pérola, do qual é fundadora, oferece microcrédito a jovens de baixa renda.

A história começa há nove anos quando Alessandra participou de oficinas de cidadania e informática promovidas pelo Projeto Pérola, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), para a população de baixa renda em Sorocaba (cidade a 90km da capital paulista). Adotada pelo projeto, passou a atuar como instrutora pedagógica, resultado na aposta da Oscip na capacidade de liderança de jovens adultos.

Quatro anos depois conquistou o cargo de coordenadora-geral.  Nessa época, Alessandra atuou em um programa de geração de renda para jovens no bairro Novo Mundo. Se por um lado, seus alunos tinham o espírito empreendedor despertado, por outro ele era reprimido pela falta de recursos. “Percebemos que os jovens não conseguiam dinheiro para realizar seus projetos porque não tinham histórico de crédito”, explicou Alessandra.

Desanimar jamais era o espírito, assim Alessandra estudou meios de superar a questão de financiamento de pequenas somas para seu público-alvo, adolescentes e jovens adultos que tinham gana de prosperar nesse Brasil que deixa de ser promessa. A solução veio de um concurso promovido pela Artemísia, Oscip cuja meta é o fomento de negócios sociais.  

“Saímos vencedores e em 2009 fundamos o banco com capital inicial de R$ 40 mil”, contou a empresária.

Nessa época, além de atuar no projeto Pérola, Alessandra se desdobrava fazendo projetos para uma multinacional da área de informática e pós-graduação em gestão de pessoas. Com o resultado positivo do concurso, decidiu investir seu tempo e inspiração exclusivamente no banco, também nomeado Pérola.

Primeiro, Alessandra e mais dois colegas, também formados pelo Pérola, cuidaram de criar a metodologia do programa. Ficou definido que, para obterem o dinheiro, os jovens teriam que participar de programas de educação financeira. Segundo ela, a medida se justifica: “Só pega o dinheiro quem está preparado. Não queremos que ninguém se endivide. A pessoa desenvolve um miniplano de negócios, avaliamos a viabilidade e a partir daí concedemos o investimento”.

O valor médio dos empréstimos é de R$ 1.300, a maioria investe em pequenos negócios, como cabeleireiro, venda de cachorro quente, sacolão. “São pessoas bem interessadas. O sonho da maioria é de expansão, se especializar no negócio. Muitos querem fazer cursos técnicos porque buscam uma formação que vise mais a prática”, observa Alessandra.

A estratégia de educação financeira funcionou: o banco ostenta uma marca de inadimplência de 6%, enquanto em bancos tradicionais essa taxa é de 10% a 18%. Mas para ela, isso ainda é pouco – a meta é derrubar a taxa atual para a metade.

Engana-se quem pensa que Alessandra deu por terminado seu trabalho. Agora a batalha é pela expansão de recursos. Nessa busca, a juventude da equipe foi questionada pelo mercado. Assim, até o figurino de Alessandra nas reuniões foi sendo substituído por terninhos e tailleurs para passar uma imagem mais confiável aos possíveis sócios. “Recebemos muitos ‘nãos’, uns noventa por cento. Mas sempre tem os 10% que dizem ‘sim’”, avalia.

Nesse seleto grupo dos 10%, conquistado com muita persistência, está a Caixa Econômica.  O primeiro retorno da instituição demorou oito meses para sair. Depois seguiram-se vários desafios, na forma de documentos, planos de ação e até planejamento para os próximos cinco anos. Vencidas todas as etapas, a Caixa disponibilizou uma linha de R$ 100 mil de financiamento por semestre, tornando-se sócia do banco de Alessandra.

A experiência como aluna do projeto foi fundamental, garante a banqueira: “A questão da valorização do jovem eu não aprenderia em outro lugar. É difícil você ver em outras empresas jovens na liderança. Isso deixa a nossa organização com a cara dinâmica do jovem, de alegria, muita música. Construímos um projeto bem enriquecedor”.

Aline Viana/SP

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