As tradicionais comemorações de final de ano sempre acabam promovendo os encontros familiares. É nessa época que as famílias ficam mais próximas e alimentam esse importante elo. E quem sabe muito bem o valor disso é Rodrigo Motta, analista técnico-administrativo do Ministério da Saúde desde maio de 2010 e professor de direito administrativo no Centro de Estudos Guerra de Moraes (CEGM).
A primeira aprovação em concurso aconteceu em 1997. Ele tinha apenas 15 anos de idade e venceu a concorrência de cerca de 16 mil candidatos para conquistar uma das 200 vagas disponíveis no Colégio Naval. Motta tinha o sonho de se tornar militar por influência da família, em sua maioria militar. “Estudava desde os 12 anos de idade, já que poderíamos ingressar, na época, a partir dos 13 anos. Fui reprovado nas duas primeiras provas (1995 e 1996). Quase desisti, mas minha mãe resolveu acreditar numa última tentativa e deu certo”, lembra.
Mas os planos mudariam quatro anos depois. “Por ter escolhido a carreira militar inicialmente, a sensação de servir à nação era algo encantador. Carregar no corpo a farda da Marinha de Guerra do Brasil era um grande orgulho. Porém, resolvi deixar a referida Força Armada em 2001, pois não estava feliz. Sou daqueles que acham que o sucesso na profissão não justifica o fracasso no lar. Estava triste, longe da minha família e decepcionado com algumas situações vividas. Resolvi então sair”. Segundo Motta, foi uma decisão extremamente difícil. “Muitos foram contra. Passei muita dificuldade neste período, chegando a passar por uma depressão, pela pressão sobre mim”. Após a saída do Colégio Naval, foi caixa nas Lojas Americanas, promotor de vendas e atendente de curso preparatório, onde acabou virando monitor de direito administrativo, o que o ajudou a voltar aos estudos com afinco, já que precisava preparar as aulas para poder lecionar. “Pude aliar as aulas com os estudos para concurso e, assim, já lecionando, fui aprovado no Ministério da Saúde”.
No entanto, a volta para a carreira pública não foi fácil. “Eu precisava me reafirmar. A pressão por resultado rápido era algo que atrapalhava. Por ter deixado uma carreira sólida por opção própria, havia a necessidade de se conseguir algo que justificasse a saída. Muitos deixam uma carreira para que possam ingressar em outra. Não foi o que aconteceu comigo. Eu deixei uma carreira porque não estava feliz. Só a partir de então passei a pensar em outra coisa. Foi uma decisão muito arriscada. Quase me arrependi. Faltou muito pouco. Entretanto, a vida me mostrou que eu estava certo”.
Quando deixou a Marinha, Motta começou a colher informações sobre concursos públicos. Acompanhava o noticiário, lia editais, analisava as matérias e fazia alguns concursos. “Considero que desde então estava me preparando. A partir de 2002, realizei vários concursos. Em 2004, fui reprovado na prova de digitação do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ/ES). Mesmo assim, continuei estudando. Fui reprovado em vários concursos. Costumo dizer para os meus alunos que não há tempo ideal. É o aluno que faz o tempo. Quanto mais o candidato estuda, se organiza e se aperfeiçoa, menor o tempo para a aprovação. Depende do ritmo de estudos dele. Considero que toda a experiência adquirida, desde 2002, foi necessária para a minha aprovação. Passar em concurso público não é só estudar. Precisamos de organização, apoio, motivação, tempo, compreensão. Concurseiro é carente. Ele precisa de atenção, carinho, apoio”.
Para quem quer ingressar na carreira pública, Motta tem sua dica. “Organize o seu tempo, tenha bons materiais teóricos, faça muitos exercícios e revise a matéria constantemente. Faça um bom curso preparatório, presencial ou virtual, pois os professores estão habilitados a dar o caminho certo. Isso encurta a estrada. Estudar sozinho também é opção, mas acaba exigindo mais disciplina do candidato. Muitas vezes, sem a orientação de um professor, ele dá prioridade para o que é menos importante. Daí a importância de um curso. Estudando certo e tendo disciplina, o candidato terá sucesso nos estudos e, em pouco tempo, estará comemorando a aprovação junto àqueles que lhe deram apoio durante a jornada”.
Nesse período em que muitos fazem votos e jogam todas as esperanças em um novo ano que se aproxima, fica a lição. Não há hora certa para a mudança. A qualquer instante é possível arriscar e buscar o que lhe faça sentir feliz e realizado.
Renan Abbade
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