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Turbilhão de oportunidades

Conheça a história de Samuel Loureiro, policial militar que acumula as funções de professor de atualidades no Cursinho do XI e estudante.

Redação
Publicado em 11/11/2011, às 16h25

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Se a vida profissional fosse uma corda, e se para agarrar uma chance fosse preciso apenas segurar em uma das pontas, Samuel Loureiro não deixaria um só centímetro escapar das mãos.
Na Polícia Militar de São Paulo há 21 anos, atualmente como capitão no departamento de logística, o militar se deixou levar, inicialmente, pela estabilidade da carreira e pela possibilidade de ver a realidade na ponta, mas nem por isso fechou os olhos a outras portas que a vida mostrou e que, com a forma particular de prestar atenção no ser humano e dissecar as coisas, ele abriu.
“Quando eu tinha 11 anos na PM, casado há quatro, minha esposa decidiu que queria fazer faculdade de pedagogia. Achei que seria bom voltar a estudar, até para conseguir mais espaço na polícia, e prestei história na USP”. 
A aprovação foi certa como a determinação que o levou ao caminho da educação. Também, ele já contava com a experiência de ter passado em direito na Universidade de São Paulo quando fazia o 4º ano do Curso de Formação de Oficiais (CFO) na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB). Só não foi em frente na graduação porque não gostou, “era muito chato”.
Percepção totalmente oposta a que teve quando começou a cursar história. E por isso mesmo, a escolha o levou mais longe. Um percurso de passos milimetricamente calculados.
“Eu tinha uma matéria que se chamava Ciência da História – teoria e prática, e precisava fazer 100 horas de estágio. Procurei o Cursinho do XI, fiz o estágio e eles me convidaram para ser professor de atualidades”.
Engana-se, porém, quem pensa que dois cargos a coordenar seriam muito para Samuel. Pelo contrário, foi aí que Loureiro conseguiu alcançar algo latente na personalidade.
“Sempre quis ser professor, tenho em mim essa dedicação ao serviço público, por isso não me dei bem no direito. Pena que como policial militar eu não posso acumular cargos e lecionar na escola pública. Meu sonho seria dar aula para a 5ª série”.
O desejo, neste caso, não pode se transformar em realidade, mas o desânimo não acomete o “professor-militar”. Em 2012 o profissional termina o mestrado em Educação: história, política e sociedade na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) sem ter tirado do bolso um só centavo para a mensalidade.
“Prestei concurso de bolsas pela CAPES e obtive bolsa integral. Ao longo da carreira como militar somei premiações e consegui ter folga de um dia na semana para fazer o curso”.
Agora, faça as contas. Samuel Loureiro passou no concurso da Polícia Militar, no vestibular da USP, no concurso de bolsa da Capes e em vários outros vestibulares que fazem o olhar se voltar para cima na esperança da luz da lembrança surgir. O segredo está na ponta da língua.
“Para passar é preciso muito planejamento. Tem que estudar o concurso, a organizadora, a corrente de pensamento adotada, procurar literatura especializada e ficar em dia com as matérias que mais caem. Por exemplo, direito constitucional é uma disciplina que cai em muitos concursos, por isso é importante traçar um plano de estudo. Uma forma tranquila é verificar provas anteriores e ver o que está em discussão”.
Sem fugir da área que adotou após a graduação em história, Loureiro dá dicas para o teste de atualidade. “Este é um museu de grandes novidades. Quem faz a prova é teórico, e o examinador quer mostrar que o tema dele é importante. Por isso, não basta estar por dentro do que acontece no mundo, é preciso saber o que ocorreu antes. Por exemplo, o fenômeno atual é a crise econômica, e você precisa saber a teoria da crise, que envolve os sistemas marxista, keynesiano e neo-liberal, sem esquecer da crise de 29. Dificilmente serão cobrados temas polêmicos”.
Já para a seleção pública da Polícia Militar - que chegou a Loureiro através do despertar de um fascínio pela carreira em um passeio tranquilo pelo centro da cidade de São Paulo, aos 17 anos -, a agilidade de pensamento e a percepção têm de acompanhar o candidato. “Tem que estudar constituição, e é fácil com algumas regrinhas. Como decorar? Em anos ímpares, o regime é ditatorial, e em anos pares, democracia. Então, a próxima será ditatorial. Não tem um porquê, é a história. Mas um ou outro detalhe é preciso saber, como o nome do autor. Agora temos uma presidente mulher. Você não precisa saber o nome de todos os ministros, mas das ministras tem que saber”.
Para os exames físicos e psicológicos da PM, segundo o “professor-militar”, basta saber fazer e conhecer o modo correto de se portar, o que Samuel só aprendeu na segunda tentativa. “Da primeira vez eu reprovei na prova prática. Na segunda, quando vim do Exército, de Brasília, arrebentei a boca do balão. Corrida com saco de areia de 50 kg e salto em altura são fáceis, é só saber fazer. Para o teste de aptidão psicológica o melhor é ficar calmo e ser o mais formalmente educado possível, o que significa menos exposição. Se não souber se pode se sentar ou fechar a porta, pergunte, com muita educação”.
Com todo este aprendizado, a vida de professor indo de vento em popa e prestes a se aposentar na PM (possível com 30 anos de carreira), Loureiro está quase totalmente realizado. Para a satisfação plena só falta um filho, que poderá ser um companheiro de leitura, quem sabe batendo o recorde do pai que lia, na adolescência, 80 livros por ano; um colecionador de apostilas de atualidades, assim como Loureiro, ou até um apreciador de quebra-cabeças de dinossauro, brincadeira que Samuel divide com a leitura diária de jornais e a consulta a sites especializados em atualidades.
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