Estou em crise existencial com frases de efeito. E olha que sempre as curti bastante. Mas a motivação proveniente delas é muito fugaz. E sabe por quê? Porque elas não são precisas. As palavras, na minha humilde opinião, são mal escolhidas. E você, ser pensante, mais cedo ou mais tarde vai questioná-las e sua motivação, se excessivamente apoiadas nelas, vai evaporar.
Vamos devagar!
Quando alguém está chateado com sua vida profissional, está ganhando mal ou está sem emprego, percebe que em seu local de trabalho não há oportunidade de desenvolvimento, crescimento, aprendizagem, essa pessoa não está confortável, concorda? Alguns relatam sentir que estão “emburrecendo” em determinadas empresas e até nos tão sonhados e duramente conquistados órgãos públicos. Outros sofrem assédio moral. Há ainda os que não sentem que seu trabalho faz muita diferença no mundo e ficam desmotivados, infelizes. Várias pessoas cumulam os problemas citados acima!
Como posso chegar para esse aluno e motivá-lo a estudar pedindo que saia da zona de conforto? Você está vendo algum conforto ali? Nem eu! Se ficarmos repetindo esse termo que julgo tão impreciso, nossa cabecinha tende a crer que há algo de bom naquela situação. Consequência: faremos de tudo para mantê-la. Vamos dar os nomes corretos para as coisas, ok? Assim tudo fica mais claro.
Filho (a), você está na zona de desconforto. Entenda isso para podermos avançar.
Felizmente e, por vezes, infelizmente, o ser humano é altamente adaptável. Para ser mais direta, nos acostumamos com tudo. Até com o que é ruim. Seu emprego está te deixando na “bad”. O que você faz? Nada! Seu relacionamento está uma droga e você já tentou de tudo. O que você faz? Nada! Você fica lá. Preso (a) na maldita zona de desconforto!
Fazemos isso por uma série de razões: medo, sensação de merecer aquela situação precária, sensação de dívida com os envolvidos na situação, dúvidas acerca do próprio valor e até das próprias vontades... os motivos variam. A sensação de desconforto – contudo – é a constante. Pense direitinho no que te mantém ali. Spoiler: Apontar para o fator preguiça é apenas arranhar a superfície do problema. Preguiça é sintoma. Nunca é a questão principal. O que te impede de tomar uma providência é algo mais complexo. Tire um tempo “você com você” para refletir sobre isso.
Bom, depois de termos melhorado o termo “zona de conforto” e analisado as razões que nos mantém presos a algo que não nos serve, chegou a hora de pensarmos na zona de real conforto.
Contruir uma zona de real conforto não é para qualquer um. Demanda dedicação, empenho. Visualize aí sua zona de real conforto particular. O que tem nela? Qual é o seu trabalho nesse cenário? Onde você mora? O que você faz no seu tempo livre? Quanto tempo livre você tem? Como é sua casa, seu carro? Com quem você convive? Como é sua rotina? Como você se sente? O que você precisa fazer para conseguir criar essa vida?
Acho que muitos concurseiros colocam a foto do contracheque do cargo pretendido na mesa de estudos. Alguns colocam foto do carro dos sonhos, “daquela” viagem, da casa. Mas isso é apenas uma parte do cenário. Um ornamento, digamos assim. O mais importante é a sensação. Feche os olhos e se coloque no cenário. Estude a sensação de ter aquela vida. Mais do que qualquer coisa material ou frase de efeito, é isso que vai te motivar.
Você não estuda para ter casa, carro, viagem, roupas, restaurante chique. Você estuda para ser mais feliz do que é hoje. Casa, carro, viagem, roupas e restaurante chique são meios. A felicidade é o fim pretendido.
Gabriela Knoblauch, professora e coach no Ponto dos ConcursosSiga o JC Concursos no Google News