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A era da opinião: de colaboradores a influenciadores

Artigo sobre marketing, mercado e trabalho

Kate Domingos
Publicado em 07/03/2016, às 09h43

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Jornalistas, blogueiros, produtores de conteúdo, comunicadores. Todos esses profissionais possuem algo em comum, eles nos influenciam dia a dia em nossas pequenas vontades e decisões rotineiras, eles nos dizem sobre o que pensar e, por vezes, até o que pensar. Mas a questão é: por que nós lhes damos ouvidos? Fazemos isso porque eles possuem opinião. É ela que os torna tão sedutores, é ela que nos leva a segui-los.

Opinião. Independentemente de sua área de atuação, está se tornando cada vez menos possível sobreviver no atual mercado de trabalho sem ela. O mercado não procura especialistas, não mais. O profissional necessita hoje de uma visão ampla que vá muito além das especificidades de sua tarefa, afinal há oportunidades e ameaças inúmeras vindas de fora e o mercado precisa de mentes que as antevejam e compreendam. É preciso ter um perfil nexialista, é fundamental opinar sobre política, tecnologia, ciência, religião, economia, história e, como se já não bastasse, sobre a última partida de futebol. Embora, infelizmente para muitos, este último não seja o tema mais importante.

São os pontos de vista sólidos sobre questões relevantes que transformam pessoas comuns em líderes de opinião, à imagem do que ocorreu com os blogueiros nessa última década. Eles passaram de influenciados a influenciadores apenas dizendo o que pensam. É claro que nesse ponto a “competência” é exageradamente importante, pois obviamente é preciso solidez, já que opiniões não existem sem reflexão e embasamento.

Os líderes de opinião, sobretudo após a revolução tecnológica que tem levado à democratização do acesso à web, transcenderam as barreiras da posição social. Liderar passou a ser acessível a todos que possuem algo relevante a dizer, a compartilhar. Como prova e reflexo disso temos assistido ao movimento de grandes empresas no sentido de conquistar aliados entre os blogueiros e heavy users de redes sociais. As empresas têm percebido que a democratização dessa liderança já trouxe mudanças profundas e trará outras mais estruturais ainda, pois alguns mercados evoluíram tão rapidamente que ficaram “mais espertos, mais espertos do que a maioria das empresas” e agora é a vez delas mostrarem que podem acompanhá-los.

O Cluetrain Manifesto (em português, “O trem das evidências”, é um conjunto de 95 teses escrito em 1999, com o intuito de alertar as empresas sobre como devem lidar com os novos mercados, conectados e cansados dos impessoais e falsos discursos convencionais) nos ajuda a compreender a “esperteza” adquirida por esses mercados, pois discute o que há algum tempo já se sabia: as pessoas não confiam mais nos discursos das marcas, elas confiam em outras pessoas. Confiam em outras pessoas que têm algo singular a dizer, seja sobre um produto, assunto ou tema polêmico. E se é assim, as empresas não precisam mais de funcionários engessados em suas funções e manuais de rotina, precisam de colaboradores, de verdadeiros porta-vozes, profissionais pensantes e capazes de influenciar os consumidores e mercados positivamente com suas opiniões.

As empresas nunca foram tão dependentes de seu capital humano, pois seremos nós, colaboradores, o único elo realmente eficiente que as empresas possuirão para contatar seus consumidores e criar relacionamentos duradouros com eles, já que a propaganda convencional funciona cada vez menos e não está no futuro dos mercados inteligentes. Jornalistas, blogueiros, produtores de conteúdo, comunicadores, por que nós lhes damos ouvidos? Pelo mesmo motivo que as empresas dão ouvidos àqueles que investem em si como influenciadores, amplificando a maturidade e alcance de sua voz: opinião.

Kate Domingos é publicitária pela USP, docente e consultora em Marketing e Comunicação. Contato: kate@concrie.com

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