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Não é buscando lucrar que se lucra

Artigo sobre marketing, mercado e trabalho

Kate Domingos
Publicado em 11/04/2016, às 09h56

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Não importa se você é empresário ou colaborador. Lucrar, convenhamos, é e sempre será um objetivo. Claro que buscamos mais com nossas carreiras e projetos de vida, queremos autorrealização, reconhecimento, legado, porém em sociedades essencialmente globalizadas e capitalistas como a nossa, o lucro não está relacionado apenas à sobrevivência, mas à nossa ideia de sucesso. Muitos chegam a sacrificar pontos significativos de suas vidas para persegui-lo. Mas será que persegui-lo é realmente a melhor forma de alcançá-lo?

Infelizmente, vivemos em uma sociedade em que o “ter” sobrepuja o “ser”. E essa lógica é distorcida e perigosa, pois nos leva à armadilha de pensar que o carro novo, as férias no exterior e a grama verdinha do vizinho são expressão do mais puro sucesso profissional. É claro que um profissional competente e diferenciado terá, naturalmente, maior remuneração, porém a armadilha está em invertermos a ordem natural com que essas coisas acontecem: perceba que o lucro é consequência, resultado daquilo que o profissional faz, e não aquilo que o profissional faz.

Quando o objetivo é fazer um bom trabalho, o ganho financeiro será o inevitável resultado, mas se o lucro passa a ser objetivo, o profissional estará ocupado demais perseguindo-o e, sem tempo e foco para oferecer um trabalho de valor, não lucrará! Não de forma duradoura e sustentável. Precisamos compreender que o lucro será sempre uma resposta ao oferecimento de algo de valor, não é possível obtê-lo senão como produto, resultado de outra coisa (algo valioso que se oferece a alguém).

A partir daí, notamos que colaboradores que perseguem o lucro, traduzido através da “promoção”, do “status do cargo” e dos salários inflacionados, estão míopes diante daquele que deveria ser seu real objetivo: “Querem ganhar mais ao invés de valer mais”. Até porque valer mais exige foco em fazer um bom trabalho, dia após dia, investir em aprimoramento e exercitar a resiliência para ser capaz de esperar pela oportunidade e o momento certos de galgar. Aliás, a busca pelo lucro está ligada ao imediatismo, ele tem levado jovens profissionais (sobretudo da Geração Y) a uma subida rápida, porém, sem bagagem profissional e tempo para amadurecimento emocional, a descida tem sido ainda mais veloz, principalmente em momentos de crise. Ter o lucro como objetivo, definitivamente, não é sustentável. E perceber isso tem se tornado questão de sobrevivência não só para profissionais, mas também para as empresas, ou seja, a mudança de foco é ampla.

Quanto às empresas, muitas ainda não compreenderam essa dinâmica e continuam a perseguir o lucro através do famigerado “bater de metas” e dos “chefes” autoritários sem qualidades de liderança. Mas algumas despontam com uma filosofia que toma a mão contrária, seguindo a tendência do Novo Marketing que (embora tenha, no passado, focado o lucro) está hoje centrado no ser humano e se ocupa de criar valor para ele. A filosofia do Facebook quanto à publicidade é hoje um exemplo de visão focada no oferecimento de algo de valor, e não mais no lucro puro e simples.

A empresa reforça que primeiro é preciso criar uma experiência orgânica e de valor para o consumidor, que lhe seja útil, divertida, percebida por ele como relevante a ponto de despertar seu desejo de interagir com ela, compartilhá-la. Só aí a publicidade poderá ser inserida, pois será bem-vinda e, mais do que isso, valiosa para aquele consumidor. “Não é a forma mais rápida de criar produtos, nem de maximizar receitas a curto prazo. Mas com mais de 1,59 bilhão de pessoas no Facebook todos os meses, achamos que vale o investimento” – afirma o Chefe de Marketing de produtos para anúncios do Face, Matthew Idema.

De acordo com essa nova visão, lucrar não é sinônimo de sucesso, não mais. Sucesso é ser capaz de produzir algo de valor: trabalho, produtos, ideias, experiências. É claro que culturalmente temos um longo caminho pela frente até que essa mudança realmente passe a permear a sociedade, porém cabe a cada um de nós dar passos nessa direção. Só assim construiremos carreiras e negócios de sucesso. Só assim lucraremos de forma sustentável. Vale o tempo e energia investidos!

Domingos é publicitária pela USP, docente e consultora em Marketing e Comunicação. Contato: kate@concrie.com

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