Artigo do professor Edison Andrades.
Parece que já nascemos com dois desejos: ter uma casa própria e ter nosso próprio negócio. Na realidade, esses são muito mais do que apenas desejos, pois fazem parte de nossa cultura. No Brasil, somos doutrinados a encarar esses dois aspectos como primordiais em nossa vida. Não há nada de errado nisso, contudo esses desejos poderão contribuir para nossa infelicidade caso não os alcancemos!
Vejo que, em nossas organizações, deparamo-nos com colaboradores que são obstinados, querem ter seu próprio negócio e, com isso, acabam perdendo grandes oportunidades na carreira, por acharem que jamais serão bem sucedidos dentro da empresa dos outros. Ledo engano!
Estamos vivendo um momento no qual o que se valoriza é o capital intelectual, ou seja, há uma busca incessante, por parte das organizações, em relação àquilo que se encontra dentro da cabeça das pessoas. Hoje, valorizam-se muito as opiniões e atitudes dos colaboradores, pois as empresas vitoriosas só se encontram neste patamar devido às pessoas que possuem.
Mas como podemos chamar esses profissionais, essas tão valiosas jóias? São os intraempreendedores, ou seja, os donos de pequenos negócios dentro da empresa dos outros.
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Não estou me referindo a sócios, nem tampouco a autônomos, mas a pessoas com cargos definidos. O intraempreendedor é um trabalhador que entende que seu negócio (próprio) estará no lugar onde puser seus pés, ainda que este lugar seja uma empresa alheia. Na realidade, esse novo perfil de colaborador não pensa na empresa como algo alheio, ele se sente parte do todo e trabalha para o crescimento da organização, já que o sucesso da empresa será, consequentemente, também seu.
Esse perfil atende a quase todas as expectativas das organizações. Apenas no quesito subordinação deixa um pouco a desejar, pois as ideias desse tipo de profissional, por vezes, não acompanham a rotina da empresa, ou não são aceitas pela cúpula corporativa. Não significa que os intraempreendedores sejam rebeldes e relapsos no que tange à obediência às regras preestabelecidas, mas são pessoas que criam suas próprias missões, ainda que estas não se alinhem tanto assim com os anseios da corporação.
Vejo boa parte das empresas ainda em fase de adaptação a esse novo colaborador, elas entendem que, para haver sinergia em qualquer relação, deverá haver também a flexibilidade. Obviamente, essa flexibilidade por parte da organização tem limite, mas, enquanto o ato de ceder for bom para o negócio, a atitude ousada do intraempreendedor será bem-vinda.
Sabemos que esse perfil possui características e comportamentos difíceis, e esse tipo de profissional corre um grande risco: frustrar-se ao ser “podado” em suas mirabolantes ideias.
Quanto à flexibilidade, entendo que esta deva se estender a ambos os lados da relação, ou seja, por um lado, o intraempreendedor deve ter consciência de que suas ideias deverão contar com o aval daquele que empenhou o maior capital no negócio (o dono da empresa). Por outro lado, o dono do capital precisa ouvir e se posicionar de uma forma que não cause desmotivação.
Quando dizemos que o intraempreendedor é um funcionário a mais, queremos ressaltar que ele, geralmente, faz o trabalho de mais de um, já que seu foco não está no salário que “cairá” no próximo quinto dia útil do mês, mas na razão pela qual encara o desafio de cada dia, usando a cabeça de dono e não de empregado.
Prof. Edison Andrades é sócio da Reciclare Consultoria e Treinamento.
e-mail: edison@reciclareconsultoria.com.br Twitter: @edison_andrades
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