Artigo do professor Edison Andrades.
Invisibilidade social se refere a seres socialmente invisíveis, seja pela indiferença, seja pelo preconceito quanto a sexo, raça, condição social ou credo. Um exemplo típico dessa invisibilidade ocorre quando um mendigo é ignorado de tal forma que passa a ser apenas mais um objeto na paisagem urbana. No mercado de trabalho, isso também ocorre e os reflexos são os mesmos.
Alguns cargos são, por vezes, tão desprezados, que se tornam invisíveis aos que se consideram membros de classes hierárquicas mais elevadas. Alguns colaboradores internos, mesmo pertencendo ao quadro geral de empregados, não são vistos e tampouco participam das relações interpessoais que, costumeiramente, há nas organizações.
Essa invisibilidade inicia-se na cultura da empresa. Se um presidente, ao entrar em seu prédio, não cumprimenta o segurança, nem sequer faz qualquer menção ao ascensorista, ele está, de forma silenciosa, instigando o restante dos colaboradores da empresa a se comportarem assim também. Trabalhador invisível é todo aquele que desaparece perante o olhar de colegas e chefes.
Um trabalhador invisível terá dificuldade de se projetar no mercado, pois passa despercebido em tudo que realiza. São pessoas que rebaixarão sua autoestima a ponto de perderem toda e qualquer motivação para o trabalho. Por que será que profissionais possuem muito mais facilidade em relacionar-se com aqueles que fazem parte de seu setor ou função? Isso é um fator que nasce num grupo social chamado escola.
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Muitos educadores estimulam a formação de grupos para a realização de trabalhos, seminários e outras pesquisas acadêmicas. Na realidade, isso se faz pela tentativa de preparar alunos para o mercado de trabalho. O fato é que nós, educadores, não percebemos que, ao estimularmos nossos alunos a buscar grupos, fazemos com que busquem pessoas com as mesmas afinidades, e isso não os prepara para o relacionamento no mundo dos negócios. Assim como na escola, muitos trabalhos não ocorrem por estarem sob responsabilidade de um grupo de amigos. Nas relações, os profissionais repetem esse comportamento (aprendido na escola) dentro das empresas. Buscam se relacionar somente com quem poderá trazer algum benefício imediato, ou que tenha afinidade com suas ideias. Com isso, desprezam e tratam como invisíveis os que não pertencem a esse “gueto”.
Os cargos hierarquicamente mais baixos são, geralmente, os mais afetados pela invisibilidade. Por terem frequentado menos tempo uma escola, os trabalhadores que ocupam esses cargos não aprenderam a se relacionar em “guetos”, o que dificulta sua inclusão em grupos já formados.
Alerto você, caro leitor, para que possa perceber os que estão a sua volta. Ainda que estes não lhe ofereçam qualquer benefício material ou afetivo, tornar o outro invisível me parece um dos mais terríveis atos que alguém pode cometer. Alguns cometem essa crueldade dentro de casa. Tornam seus pais, cônjuges e filhos invisíveis. Para encerrar, usarei uma bela frase de Ron Willingham: “O seu sucesso é subproduto do valor que você cria para os outros”.
Prof. Edison Andrades é sócio da Reciclare Consultoria & Treinamento. Site: www.reciclareconsultoria.com.br
E-mail: edison@reciclareconsultoria.com.br
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