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Antes de liderar, relacione-se

Artigo do professor Edison Andrades.

Edison Andrades
Publicado em 03/08/2015, às 15h20

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Na teoria, todos sabem que o pano de fundo para ajudar equipes a possuir inspiração, inovação e aumentar a produtividade, mantendo a qualidade, é o relacionamento. Mas por que a prática ainda parece tão distante?

O que ainda falta nos programas de liderança é justamente um investimento maior na sucessão de líderes; ao invés disso, muitas empresas preferem gastar seus fundos e energia com programas carregados de técnicas que só se preocupam em como fazer uma pessoa ter poder sobre a outra. Saiba que, quando criamos sucessores, ao invés de subordinados, estamos desenvolvendo pessoas e não apenas comandando. O ser humano só produz se está influenciado por alguma das três seguintes motivações: pela importância que aquilo representa para si; pelo risco de consequências ameaçadoras ou pela recompensa. Essa última motivação nem sempre precisa ser financeira, mas é imprescindível que vá ao encontro da felicidade do indivíduo.

O processo de relacionamento envolve algumas belas doses de humanismo, ou seja, bons líderes são bons simplesmente por gostarem de gente. Em nossas empresas, existe, por vezes, uma preocupação muito maior com a qualificação técnica (também relevante) do que com a capacidade, que um líder deve possuir, de relacionar-se com sua equipe. Daí, por consequência, deparamo-nos com o problema “clássico” de sempre: altos índices de absenteísmo e rotatividade, que causam prejuízos imensuráveis às organizações. O segredo para reverter essa situação está no detalhe. Lembro-me das histórias de meu sogro, grande Sr. José Perbone que, mesmo após alcançar um patamar profissional mais elevado, contava que o melhor dia de sua vida profissional, em tempos de chão de fábrica, foi quando, na década de 1970, recebeu o cumprimento do dono da empresa em que trabalhava. Ele apertou minha mão, dizia, com um brilho no olhar. Um ato simples e, para muitos, sem qualquer importância, mas que pode fazer toda a diferença ainda nos dias de hoje.

Não é possível liderar sem que haja algum desgaste no relacionamento com as pessoas. Ou escolha nunca se indispor com elas, ou ser líder, no entanto alguns líderes conseguem equilibrar essa equação com muita proeza, pois lançam mão da poderosíssima arte do diálogo, acompanhada de um bom feedback construtivo e periódico. Tenho estudado e pesquisado a liderança com grande profundidade no decorrer de minha vida e tenho observado que há muitos investimentos nos conteúdos estratégicos, técnicos e exatos. Poucos em relacionamento. O relacionamento é a base da liderança sobre uma equipe e é através dele que se conquista poder, autonomia e, consequentemente, bons resultados.  O processo não funciona mais pela força.

Mas para que se tenham líderes com a competência de se relacionar, é necessário que a organização se oriente para isso em todas as esferas hierárquicas, ou seja, valorizar o relacionamento como área de estudo e vocação deve partir da cúpula e se alastrar pelas demais divisões da empresa. Não devemos esquecer que o exemplo ainda é o melhor método de ensinamento. O fato agora é saber se, para ocupar as cadeiras do poder, admitimos seres humanos capazes de preparar sucessores ou meros possuidores de mirabolantes currículos.

Prof. Edison Andrades é escritor, palestrante e sócio da Reciclare Treinamento. www.facebook.com/professor.edison.andrades

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