Em 2023, o governo americano recebeu 10.690 pedidos de vistos EB de brasileiros, uma espécie de green card, um aumento de 48,9% sobre 2022 e o maior volume já registrado na história.
O número de brasileiros que buscam uma oportunidade de trabalho nos Estados Unidos cresceu quase 50% em 2023, segundo um levantamento da consultoria Viva América. O Brasil foi o quarto país que mais solicitou green cards de trabalho (conhecidos como “vistos EB”) no ano passado, atrás de Índia, China e Filipinas.
Os vistos EB são concedidos a profissionais estrangeiros que possuem habilidades excepcionais ou que atendem às necessidades do mercado de trabalho americano. Eles permitem que o beneficiário more e trabalhe legalmente nos EUA, sem a necessidade de um patrocinador ou de uma oferta de emprego prévia.
De acordo com o estudo, o governo dos EUA recebeu 10.690 pedidos de vistos EB de brasileiros em 2023 – um aumento de 48,9% sobre 2022 e o maior volume já registrado na história. O Brasil ficou atrás apenas da Índia (64,7 mil), da China (25,7 mil) e das Filipinas (14,1 mil) no ranking dos países que mais solicitaram o benefício.
A maioria das petições brasileiras (8.558) são referentes aos vistos EB-1 e EB-2, destinados a profissionais com habilidades acima da média. Em geral, são dados a pesquisadores e a profissionais com pós-graduação ou grandes feitos na carreira. É um dos principais indicadores de fuga de cérebro do Brasil, segundo explica Rodrigo Costa, CEO do Viva América.
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“Nunca houve tantos pedidos de vistos EB-1 e EB-2 como no ano passado por parte dos brasileiros. É um fenômeno marcado pelas situações opostas do mercado de trabalho americano e brasileiro. Nos EUA, há uma grave escassez de mão de obra, o que tem inflacionado salários e impulsionado a atração de trabalhadores estrangeiros”, explica o executivo, que vive há 14 anos nos EUA.
Ele destaca ainda que o governo do presidente americano Joe Biden tem estimulado a contratação de profissionais das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, consideradas fundamentais para o desenvolvimento e a competitividade do país.
Em outubro, por exemplo, a Casa Branca publicou uma ordem executiva criando ações para facilitar a contratação de profissionais da área de inteligência artificial (IA), incluindo o apoio a programas para atrair estudantes internacionais da área e facilitar sua permanência nos EUA após a conclusão dos estudos. Também estão previstos processos para agilizar o tempo de processamento de pedidos de visto de estrangeiros que queiram realizar pesquisas em IA no país.
“Particularmente, nas empresas do nosso grupo, temos visto um aumento muito grande nos pedidos de vistos de trabalho por parte de engenheiros, estatísticos, dentistas, enfermeiros, pesquisadores médicos e programadores, assim como já começam a surgir petições de especialistas em IA”, diz Costa.
O levantamento do Viva América revelou que foram feitos ainda 2,1 mil pedidos de vistos EB-3 por parte dos brasileiros no ano passado. O EB-3 é destinado a profissionais com ou sem ensino superior que não se enquadram nos critérios de qualificação do EB-1 e do EB-2. O visto é comumente usado por empresas americanas na contratação de imigrantes para vagas que exigem menos qualificação, como vendedores ou faxineiros.
O aumento da demanda por vistos EB reflete o interesse crescente dos brasileiros em buscar uma vida melhor nos EUA, especialmente em meio à crise econômica, política e sanitária que o Brasil enfrenta. Segundo o Viva América, a consultoria recebe cerca de 500 consultas por mês de brasileiros interessados em obter um green card de trabalho.
“Muitos brasileiros estão desiludidos com o país e veem nos EUA uma chance de realizar seus sonhos profissionais e pessoais. O visto EB é uma das formas mais rápidas e seguras de conseguir a residência permanente nos EUA, sem depender de um empregador ou de um parente americano”, afirma Costa.
Ele ressalta, porém, que o processo de obtenção do visto EB não é simples e requer uma série de requisitos e documentos. Além disso, há um limite anual de vistos EB disponíveis por país, o que pode gerar filas de espera e atrasos na emissão do green card.
“É importante que o interessado busque orientação profissional antes de iniciar o processo, para evitar erros e frustrações. O Viva América oferece uma assessoria completa e personalizada para cada caso, desde a análise do perfil do candidato até o acompanhamento da solicitação junto às autoridades americanas”, diz Costa.
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