Pretensão salarial em processos seletivos: é correto perguntar?

Quando se procura emprego, muitas pessoas procuram informações completas sobre as vagas, principalmente quando se trata de salários. Nas redes sociais profissionais, esse tópico gera debates frequentes. Afinal, é adequado que o RH pergunte sobre a pretensão salarial? E se sim, qual é a maneira correta de fazer isso?

Kari Silveira, CPO da Impulso, uma people tech que facilita o recrutamento de profissionais de tecnologia, enfatiza a importância de uma comunicação aberta e transparente durante todo o processo seletivo. 

“Numa entrevista de emprego, é fundamental jogar limpo e ter uma comunicação aberta, desde a hora de publicar a vaga até os momentos finais. Podemos considerar também uma parte importante que é a imagem que a empresa passa para o mercado, já que isso pode gerar má reputação entre candidatos, visto que nosso maior bem é o tempo. Imagine só para quem busca emprego. Muitas vezes, a pessoa participa de diversas etapas, que podem levar meses, para no final ser perguntada sobre pretensão salarial e ser eliminada por expectativas não correspondentes”, pontua Kari.

Para ela, as condições da vaga devem ser esclarecidas logo no anúncio ou na primeira conversa. Em vez de perguntar quanto o candidato deseja ganhar na função, os profissionais de RH devem informar o salário logo no início e verificar se essa remuneração faz sentido para o candidato. “Isso alinha expectativas e é a forma mais honesta de trabalhar”, enfatiza.

Na era pós-pandemia, os candidatos valorizam empresas que priorizam o bem-estar, a transparência e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. A franqueza e a clareza são sempre pontos muito positivos para ambas as partes.

“No final das contas, nós do RH, como todas as áreas da empresa, também precisamos fazer com que ela gere resultados e construir uma boa equipe faz parte disso. Tudo começa no processo seletivo: a escolha errada traz prejuízos para a corporação - acredite, o turnover é um dos piores pesadelos por conta da perda de tempo e dinheiro”, explica Kari.

Salário x merecimento: como isso pode caminhar lado a lado

Quando a empresa trabalha com honestidade como um de seus principais pilares e promete um valor que pode cumprir, o candidato, agindo também com franqueza sobre suas habilidades e capacidade, pode aumentar os ganhos.

A pretensão salarial tem ligação direta com as experiências e dedicação da pessoa contratada. “Se o RH diz que pode pagar de 5 a 7 mil para uma função, é preciso saber qual o diferencial para ganhar o máximo. Geralmente, falamos de uma qualidade de destaque dentro da área”, acrescenta a CPO.

De acordo com Kari, o feedback imediato também precisa estar presente nessa conversa. Caso a pessoa não atinja as expectativas, é importante ressaltar o que faltou para a contratação, inclusive, sugerindo cursos, aprimoramento da comunicação, e outras habilidades relevantes para o cargo.

“Dessa forma, o candidato pode voltar numa outra oportunidade e aí sim estar capacitado para preencher uma nova vaga. Nós do RH temos essa força para alavancar pessoas”, finaliza Kari.

Por fim, o tema sensível da pretensão salarial pode sim ser abordado, porém de forma cuidadosa, pois pode ser um divisor de águas na trajetória profissional de um indivíduo.

“Humanizar o processo de recrutamento vai além de simples formalidades. Implica reconhecer que, por trás de cada currículo enviado e de cada entrevista realizada, há uma pessoa com aspirações, expectativas e necessidades. Essa abordagem não apenas fortalece a relação entre empregador e empregado, mas também contribui para a construção de equipes mais coesas e comprometidas com os objetivos da empresa”, conclui a CPO de Impulso.

+++Acompanhe as principais informações sobre o mercado de trabalho no JC Concursos

Jornalista especializado em produção de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com experiência em redação e edição de texto.

Formação em Ciências Sociais pela FFLCH-USP e graduado em jornalismo pela FAM, com cursos livres nas áreas de políticas públicas, economia e finanças.

Começou como estagiário no JC Concursos, mas também acumula experiências como redator na agência de comunicação Neto Angel. Além já atuou como editor na Serasa, Eu Quero Investir e Torcedores.com.