Quase sem exceção, mais uma vez novas administrações federal e estaduais se apressam a anunciar a educação...
Quase sem exceção, mais uma vez novas administrações federal e estaduais se apressam a anunciar a educação entre suas prioridades. Divulgam uma série de intenções e projetos, como ampliação de programas sociais que subsidiam as famílias de baixa renda ou criam outros estímulos para levar ou manter os jovens na escola. Sem dúvida, trata-se de iniciativas louváveis. Mas, ainda com raras exceções, pouco se fala de um outro aspecto: a urgente necessidade de aprimorar a qualidade do ensino, de tal forma que os estudantes brasileiros deixem de figurar em posições vergonhosas nas avaliações internacionais de desempenho, dado os pífios resultados que obtêm em provas básicas, como interpretação de texto ou operações aritméticas.
Também são raras as iniciativas voltadas para adequar a formação dos jovens à realidade de um mercado de trabalho cada vez mais complexo e exigente. Problema antigo, o descompasso entre a preparação do estudante e a realidade corporativa vem se acentuando, isto é, não se nota uma preocupação com a empregabilidade das novas gerações para enfrentar um cenário que já está desenhado, não só no Brasil como em quase todo o mundo, e é caracterizado pela redução dos empregos formais, pela expansão de formas alternativas de ocupação laboral e pela acelerada inovação em processos e produtos. Na prática, qual a conseqüência desse descompasso? De modo geral, como a escola não consegue acompanhar a velocidade das mudanças e falta estímulo à capacitação por parte dos governos, a faixa dos 15 aos 24 anos amarga as maiores taxas de desemprego entre toda a população ativa, enquanto as centrais de colocação profissional registram uma quantidade de vagas em aberto pela inexistência de candidatos aptos a ocupá-las.
Em lugar de apontar responsáveis pelo descalabro, preferimos ressaltar o importante papel que um número cada vez maior de empresas socialmente responsáveis desempenha para atenuar esse lamentável quadro. Ao longo de quase 43 anos de atividades e com mais de 6 milhões de estudantes encaminhados para estágio, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) se transformou numa das mais valiosas testemunhas do esforço desenvolvido pelas organizações para qualificar os futuros profissionais. Nesse processo, o estágio se consolidou como uma dos mais eficientes instrumentos para recrutamento e capacitação de novos talentos, ostentando o excelente índice de 64% de efetivação dos jovens, após um ou dois períodos de treinamento prático em ambiente corporativo. Em outras palavras, o estágio possibilita, como reconhecem insuspeitos especialistas, a formação do capital humano essencial para as empresas sobreviverem e prosperarem na competitiva economia globalizada.
Uma fartura de dados confirma a importância da presença de estagiários no ambiente de trabalho. Publicada na revista Carta Capital no final em outubro passado, uma pesquisa do instituto TNS InterScience constatou que, entre as empresas dos cem executivos consultados, 74% promovem programas de estágio – número que mostra um significativo aumento em relação a 2005, quando apenas 49% adotavam essa prática. Outro exemplo expressivo pode ser coletado na edição 2006 do ranking das cem melhores empresas para trabalhar no Brasil (décima pesquisa do Great Place To Work Institute, em parceria com a revista Época): 68 delas mantêm regularmente programas de estágio. Ao buscar as razões dessa predominância, os analistas identificam que, ao contratar estagiários, as organizações objetivam, em primeiro lugar, descobrir jovens aptos a ocupar, no futuro, cargos de gestão.
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Mas qual é o perfil dos jovens que são selecionados para as oportunidades de treinamento? O CIEE realiza pesquisas constantes para definir o perfil dos jovens cadastrados em seu banco de dados. Uma delas buscou identificar o que os jovem espera da faculdade e levantou as seguintes aspirações no topo da lista: capacitação profissional (59%), amadurecimento intelectual (20%) e nova visão do mundo (12%), o que mostra que nossos universitários não estão aí para brincar. Tanto que 58% deles consideram que fazer um ou mais estágios é a oportunidade mais importante para completar sua formação acadêmica.
Outro levantamento quis saber qual é o maior sonho do jovem. A grande maioria deles mostrou que sabe bem o que quer: estabilidade profissional, qualidade de vida e ser feliz. Tal resultado indica por que os jovens encaminhados pelo CIEE às vagas de estágio emplacam o excelente índice de 64% de efetivação. E também explica por que um número crescente de empresas adota programas de estágio. Aliás, aqui vale lembrar uma outra razão para a expansão do estágio: muitos executivos em cargo de comando nas empresas são ex-estagiários confessos e conhecem o valor dessa prática por experiência própria.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp.
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