Bolsonaro teria oferecido indulto presidencial a Delgatti em troca da invasão da urna eletrônica. O hacker também afirmou que invadiu sistemas do Judiciário brasileiro a pedido de Zambelli
Pedro Miranda Publicado em 17/08/2023, às 18h14
O hacker Walter Delgatti Netto, conhecido por sua participação na invasão de sistemas e vazamento de mensagens, anunciou sua disposição em participar de uma acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A acareação visa comprovar informações prestadas por Delgatti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os eventos ocorridos em 8 de janeiro.
Ao ser indagado sobre essa possibilidade pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Delgatti respondeu afirmativamente, destacando que está disposto a enfrentar esse procedimento "de forma tranquila". O hacker presta depoimento à comissão nesta quinta-feira (17).
Em outra ocasião, Delgatti reiterou sua disposição para participar de acareações com qualquer indivíduo, caso seja necessário para corroborar suas declarações. "Lembrando que eu faço qualquer acareação, caso seja necessário aqui. Estou à disposição", afirmou em resposta ao deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA).
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A acareação é um procedimento jurídico previsto nos códigos de Processo Civil e de Processo Penal, no qual duas pessoas que apresentam versões contraditórias são colocadas frente a frente para esclarecer divergências e buscar a verdade.
Delgatti trouxe à tona uma série de acusações, incluindo a alegação de que Bolsonaro ofereceu a ele um indulto presidencial em troca da invasão da urna eletrônica e da suposta responsabilidade por um grampo envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Vale ressaltar que indulto refere-se ao perdão da pena por meio de decreto presidencial.
Além disso, o hacker afirmou que invadiu sistemas do Judiciário brasileiro a pedido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), alegação que ela nega. Delgatti também mencionou ter orientado os militares das Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas, apresentado em 2022, a pedido de Bolsonaro.
Outra acusação destacada por Delgatti é que Bolsonaro e seu marqueteiro na campanha de 2022, Duda Lima, teriam solicitado ao hacker que atuasse como garoto-propaganda em um vídeo com informações falsas contra a urna eletrônica.
A relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), mencionou a possibilidade de solicitar a acareação entre Delgatti e Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, a deputada Zambelli, ou qualquer outra pessoa mencionada pelo hacker. Para que as acareações ocorram, é necessário que um requerimento seja aprovado em uma reunião deliberativa da comissão.
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