Classe C se tornou ainda mais exigente na relação qualidade e preço dos produtos. Essa camada da população representa cerca de 109 milhões de pessoas no Brasil
Pedro Miranda Publicado em 25/04/2023, às 22h13
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva nesta terça-feira (25) mostra que as famílias da classe C, com rendimentos mensais entre R$ 5,2 mil e R$ 13 mil, gastam em média um terço da renda com alimentação. O percentual cai para 13,2% entre as famílias da classe B, com rendimento de R$ 13 mil a R$ 26 mil.
Já as famílias das classes D e E, que ganham entre R$ 1,3 mil e R$ 5,2 mil, destinam mais da metade do dinheiro recebido mensalmente (50,7%) para a compra de alimentos.
O estudo, encomendado pela empresa de benefícios VR, revela que, para a classe C, os benefícios como vale-refeição e vale-alimentação representam, em média, entre 3% e 8,5% dos gastos com alimentação. Para as classes D e E, esses benefícios chegam a cobrir 33% dessas despesas.
A classe C, que representa aproximadamente 109 milhões de pessoas no Brasil, é majoritariamente composta por negros (60%), e quase metade dessas famílias são chefiadas por mulheres (49%). Além disso, 52% dessa população não concluiu o ensino médio, conforme o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.
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Nos últimos anos, houve perda do poder de compra dessas famílias, agravada pela pandemia da covid-19. “Há cinco anos, com 40% do valor de um salário mínimo dava para comprar uma cesta básica. Hoje, 59% do valor do salário mínimo dá para comprar uma cesta básica. Ou seja, o poder de compra de alimentos, dos itens básicos, diminuiu”, explicou Meirelles.
Por conta disso, os consumidores dessa camada da população se tornaram ainda mais exigentes na relação qualidade versus preço dos produtos que consomem. Estratégias adotadas por várias marcas, como redução do tamanho das embalagens ou da qualidade da composição dos produtos como forma de disfarçar aumento de preços, tendem a ser mal vistas.
Segundo a pesquisa, oito em cada dez famílias da classe C têm dívidas em aberto, sendo que um em cada três está inadimplente. De acordo com Meirelles, muitas vezes as dívidas são contraídas para garantir o consumo de itens básicos. “Quando o salário acaba e o mês não, a classe C que tem cartão de crédito vai no supermercado ou na farmácia e compra com o cartão de crédito para ganhar 20 dias para pagar”, disse.
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