No artigo dessa semana, Gabriel Granjeiro destaca sobre a importância de usar todo o seu potencial, e posteriormente renová-lo, para atingir os seus objetvios
Victor Meira - victor@jcconcursos.com.br Publicado em 02/02/2022, às 07h37
“O dia em que você acreditar ter atingido todo o seu potencial é o dia que não aconteceu. Porque você ainda tem o ‘HOJE’.” – Nick Vujicic, evangelista, escritor e palestrante australiano
Todos nós nascemos com enorme potencial. Cada um vem ao mundo como se fosse uma tela em branco e sem nem mesmo formato predefinido. Essa superfície virgem está pronta para receber infinitas possibilidades de cores e grafismos. Quando crianças, não sabemos a dimensão disso, mas nossos pais ou tutores sabem, e começam cedo a revelar suas expectativas sobre o nosso futuro, projetando em nós suas crenças e se antecipando em preencher o nosso livro da vida.
O difícil é que o conteúdo que eles escolhem talvez não corresponda ao que nós escolheríamos, mas tem potencial para nos impactar por anos, décadas, talvez toda a nossa existência – se assim o permitirmos.
Em outras palavras, quando um bebê chega ao mundo, recebe um crachá que diz: “Aprendiz em treinamento”. O potencial desse serzinho pode se traduzir em bênção ou em maldição, a depender de como tudo se desenrolará nos anos seguintes. É por isso que em certos casos tomar a decisão de acabar com o próprio “potencial” pode ser determinante para uma vida mais plena e feliz, assim como, no extremo oposto, renová-lo. Parece contraditório, mas vou explicar.
Potencial, oportuno esclarecer, é uma expectativa que fica ali, mais adormecida em alguns de nós; bem desperta em outros. É, nesse sentido, o que diferencia os indivíduos entre si, aquele algo que sentimos aqui dentro e deixamos ou não extravasar. Pode ser uma habilidade ou um dom; pode ser até mesmo a mera capacidade, enquanto ser humano saudável, de sempre se superar.
Então por que acabar com ele? Porque fazê-lo é sinal de que simples expectativas, promessas ou anseios não satisfazem mais. Porque deixar de se pautar por ele significa passar a perseguir algo de concreto, algo tangível. Ora, ninguém, imagino eu, quer passar a vida inteira ouvindo que “tem potencial”, isto é, que é dotado de qualidades, competências e habilidades que talvez jamais sejam usadas ou totalmente aproveitadas.
Potencial não utilizado, assim como leite deixado fora da geladeira, apodrece. Quem chega ao fim da vida ciente de que podia ter feito algo e não fez tende a carregar muito rancor. O que era potencial torna-se, assim, fonte de amargura. Acabar com ele é, nesse contexto, efetivamente explorá-lo, exauri-lo, com a certeza, a convicção de que, quanto mais se usa, mais se tem, mais se conquista, mais se cresce.
Nessa de exercer todo o seu potencial, prepare-se para obter resultados diferentes dos outrora vislumbrados. Esteja prevenido inclusive para possíveis desilusões e frustrações. Vale o conselho do Papa João XXIII: “Consulta não os seus medos, mas suas esperanças e os seus sonhos. Pensa não nas suas frustrações, mas nas suas potencialidades ainda não exploradas. Preocupe-se não com o que você tentou e falhou, mas com o que ainda é possível”.
Boa parte das pessoas teme falhar depois de se esforçar bastante. É aquela sensação ruim que parece cochichar ao pé do ouvido: “E se eu entregar tudo de mim e não der certo? E se meu potencial não for suficiente?”. “E se... e se...”.
Trata-se de uma manifestação do que podemos chamar de autoproteção mental: criamos uma desculpa que parece plausível (“não dei tudo de mim, então não é porque eu sou incompetente, e sim porque não estudei/trabalhei/me esforcei ao máximo”).
Fica um alerta: a dor de cair antes do planejado e falhar nem se compara à angústia de parar antes da hora. É muito melhor saber que deu tudo de si e eventualmente sentir a dor da falha – que dura um minuto – em vez da dor do arrependimento – que pode durar a vida toda.
Outro ponto importante sobre o potencial: quem o põe em prática pode ir pelo caminho totalmente errado. Potencial não vivido nos torna miseráveis. Chegar aos 90 anos de idade com a sensação de que poderia ter vivido um grande sonho, de que este era plenamente viável, faz de nós seres atormentados.
O potencial precisa, então, ser praticado durante o processo. É muitas vezes na queda que descobrimos o caminho para o topo. É o processo que nos refina, que desperta nossa autopreservação e revela os padrões que devemos seguir, as pessoas em quem devemos nos inspirar, e qual é o propósito que faz sentido para nós. Afinal, potencial empreendido no propósito errado é perda de tempo.
Então abra-se para o processo. Ignore quem diz que você não é bom o bastante, que você não é capaz. O seu potencial está bem aí e é muito maior do que você imagina. Não o deixe apodrecer. Acabe com ele tratando de torná-lo realidade. Em seguida, busque o próximo nível, dando início a um ciclo de retroalimentação positiva que lhe permita estar em constante ascensão, renovando seu potencial para o próximo alvo. A vida sem movimento perde o sentido.
Tenho certeza de que, se você entregar o seu melhor, logo se descobrirá muito maior do que vem tentando parecer, logo concluirá que os seus sonhos são muito menores que o potencial que carrega no peito.
E então, vamos adiante?
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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