No artigo dessa semana, o colunista Gabriel Granjeiro destaca sobre a importância de sermos produtivos mesmo quando temos poucos recursos
Alguma vez já passou por sua cabeça que talvez você não reunisse as condições para encarar um grande desafio ou para sair de uma situação difícil? Você já se viu numa espécie de círculo de inércia, do tipo em que o pouco que se tem se deve a nunca se conseguir o necessário para ir em busca de mais, ao mesmo tempo que alcançar mais é virtualmente impossível exatamente pelo fato de se possuir pouco?
Se sua resposta for positiva, permita-me ajudá-lo com isso. É, sim, possível construir muito com pouco.
Pense comigo: todo muito já foi pouco um dia. Os maiores impérios se expandiram a partir de pequenos agrupamentos humanos. Os arranha-céus que hoje avançam nas alturas têm em comum o fato de nas primeiras etapas da construção não terem sido sequer notados, por se assentarem sobre fundações fora de vista. E as maiores realizações da humanidade começaram, em regra, com uma simples ideia, uma engenhosa porém frugal ideia.
Veja o caso do Gran Cursos Online, que nasceu com zero aluno e zero aula, mas cresceu e continua a crescer, dia após dia. Afinal, aqui sabemos bem que depois do zero vem o um, depois o dois, o três, e assim por diante.
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Há alguns anos, viralizou na internet um vídeo em que um homem chamado Rick Chester explicava como um desempregado no Rio de Janeiro poderia, sem nenhum dinheiro próprio e tomando um pequeno empréstimo de R$ 10,00, gerar alguma receita para finalmente começar a pagar as contas.
A lógica era simples: a pessoa comprava em um supermercado no centro algumas garrafinhas de água mineral e as revendia na praia por valor quatro vezes maior. Repetindo esse processo algumas vezes, o ambulante logo teria uma renda que outrora lhe pareceria impossível. Tudo a partir de quase nada de concreto, apenas muita disposição para trabalhar e, novamente, uma ideia. No fim do vídeo, era feita a provocação: “Vender água não é pra você? Então a crise está em você, e não no país”.
O vídeo atingiu milhões de visualizações. Os que assistiram puderam extrair dele uma lição das mais importantes: sempre dá para começar de alguma forma, sempre se pode correr atrás.
Cabe destacar que Chester acabou atraindo a atenção de gente influente, sendo alçado à condição de grande palestrante e autor de livros de sucesso. Sorte? Eu não poria dessa forma, pois, apesar da situação econômica difícil que viveu por muito tempo, nosso personagem sempre gostou de ler e falava em público com desembaraço muito antes de “ser descoberto”. O que ele fez, quando a oportunidade surgiu, foi aproveitá-la para lapidar o diamante bruto que até então ele era.
Em outra história que viralizou em vários sites, nosso aluno Daniel Santos vivenciou trajetória semelhante à de Chester. Com dinheiro emprestado por uma amiga, o jovem também comprou algumas garrafinhas d’água para revendê-las. Logo no primeiro dia nos semáforos de Feira de Santana, na Bahia, Daniel vendeu cinco fardos de água, quitou o que devia à amiga e seguiu adiante no projeto.
A rotina se repetiu por sete anos. Mas Daniel foi além e criou um arranjo que fez toda a diferença em sua vida: ciente do poder transformador da educação, tratou de aproveitar todo o tempo entre e após as vendas para estudar para concursos públicos.
Sem computador ou internet, o jeito era recorrer à biblioteca pública da cidade. Não dispondo de dinheiro para investir num curso preparatório, assistia às aulas gratuitas oferecidas pelo Gran.
O fato é: ele sabia que nada é perdido quando se estuda. Pelo contrário, ganha-se muito em termos de confiança, conhecimento, poder e energia no enfrentamento das dificuldades.
Foi assim que, com muita fé no coração e alguns trocados na carteira, o rapaz se dedicou a percorrer o Brasil para prestar concursos públicos, 27 no total, que resultaram em 3 aprovações e 1 nomeação.
A fim de viabilizar seu projeto, pegou muita carona ou organizou rifas para garantir os deslocamentos e cozinhou para os colegas em troca de dinheiro para a hospedagem nas muitas cidades pelas quais passou. Chegou a viajar sem saber como pagaria a passagem de volta. Enfim, com o pouco dinheiro que tinha, conquistado à custa de muito sol nos longos dias nos semáforos, e sem jamais perder a disposição, Daniel foi dando jeito de comparecer às provas. Hoje, está prestes a se tornar policial militar na Bahia.
Já testemunhei muitas histórias assim. Neste início de 2022, tive a felicidade de conhecer mais uma, ao entrevistar um ser humano espetacular: Gilson Leite, um dos nossos alunos da Assinatura Social.
Filho de pais agricultores que nunca puderam frequentar a escola, Gilson foi criado num povoado com menos de mil habitantes no interior de Alagoas. O pai, seu José, sabe assinar o nome; a mãe, dona Teci, nem isso, infelizmente. O rapaz, no entanto, almejando se tornar uma autoridade pública, estudou, inicialmente por cursos gratuitos.
Mais tarde, assistindo a uma de nossas lives, tomou conhecimento de que tinha direito à Assinatura Social. Matriculou-se, assistiu a muitas aulas – várias vezes em modo off-line, pois o sinal da internet na casa dos pais era ruim –, até que, finalmente, está na iminência de ingressar na Academia Nacional de Polícia.
Isto mesmo: Gilson passou num dos mais difíceis concursos públicos do país, o da Polícia Federal. Em resumo, fez muito com o pouco que tinha. Seu maior salário até então foi de R$ 900,00, mas na nova carreira começará ganhando merecidos R$ 12.000,00 por mês, e a primeira remuneração já tem destino certo: vai integralmente para os pais, que têm problemas de saúde e muita dificuldade para comprar os remédios de que precisam.
Calcule o impacto que a nova condição de Gilson vai gerar na vida de seus pais!
Como esses testemunhos confirmam, quem quer “uma terra prometida, que mana leite e mel”, tem de percorrer um longo deserto. Se você sonha com um excelente emprego como são os oferecidos pelo serviço público, nos quais há benefícios, vantagens e grande possibilidade de impacto social, considere multiplicar o pouco que você tem.
Disponha-se a enfrentar uma preparação intensiva para que no dia D sua batalha seja menos sofrida. Já dizia William Shakespeare: “Sendo o fim doce, que importa que o começo amargo fosse?”.
Uma ressalva: não se trata de romantizar os desafios impostos sobretudo em um país desigual como o nosso. As pessoas, penso, jamais deveriam enfrentar dificuldades como as que marcaram a vida de Gilson e de Daniel. Todavia, essa é uma realidade, e cabe a cada um encará-la e superá-la com as armas que conseguir. Apenas reclamar não resolverá nada.
Por outro lado, não pense que fazer mais com menos é um processo simples, lógico, matemático, previsível. O crescimento dificilmente virá fácil. Muito provavelmente será antecedido de alguma humilhação e vergonha. Espere enfrentar desprezo e ouvir vários nãos. E não se surpreenda com as mentiras inventadas pelos que temem a concorrência. Tenha em mente que todas essas dificuldades compõem a escada que o levará ao topo.
Os primeiros degraus são sempre os mais difíceis; depois você adquire ritmo e passa a alcançar cada vez mais alto. O tempo é, afinal, o senhor da razão e traz recompensas para aqueles que têm paciência.
A dura verdade é que a vida não para, mesmo para quem decide não fazer nada sob a justificativa de ter pouco. Agindo ou não, os anos passarão do mesmo jeito. Não seria melhor, então, ter algum propósito, dar algum sentido à vida?
Amigo leitor, estude e trabalhe o máximo que puder, de olho no longo prazo. Use e multiplique o pouco que você tem. Se está lendo este artigo, é sinal de que dispõe de internet. Já é algo. Se está aqui hoje, é sinal de que tem alguma saúde. Ótimo!
Se chegou até o fim desta leitura, é porque almeja mesmo algo melhor para si e os seus. Aproveite essa disposição! Se possui algum recurso financeiro, invista em você. Se não, assista a aulas gratuitas. O importante é agir.
Os maiores guerreiros não nascem prontos; são moldados na arena de luta e enfrentando adversários mais fortes. Os grandes campeões têm consciência de que as vitórias não costumam ser mérito dos arrogantes, dos presunçosos, dos talentosos desprovidos de humildade, virtude imprescindível para aprender sempre e mais.
As conquistas estão, sim, ao alcance dos ousados, dos que têm visão sistêmica e a necessária dose de competitividade, dos iluminados que estão sempre na companhia de pessoas dispostas a ensinar. Esses guerreiros, como Chester, Daniel e Gilson, sabem o que fazem, em exemplo vivo do ensinamento de Platão: “Vencer a si próprio é a maior das vitórias”.
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.” Romanos 5:3,4.
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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