Mercados globais tiveram um dia de "fuga dos riscos". Investidores reavaliam expectativas após dados fortes dos EUA e incertezas políticas no Brasil
Pedro Miranda Publicado em 06/07/2023, às 20h18
As taxas dos contratos futuros de juros continuaram a subir pelo terceiro dia consecutivo no Brasil nesta quinta-feira (06), com investidores reduzindo as expectativas de um corte maior da Selic já em agosto. Isso ocorreu após a divulgação de dados positivos sobre a economia dos Estados Unidos e notícias sobre possíveis adiamentos de votações importantes na Câmara dos Deputados.
Os mercados globais tiveram um dia de "risk off" (fuga do risco), pois os novos dados econômicos dos EUA levantaram a percepção de que o Federal Reserve pode adotar uma postura monetária mais rígida para conter a inflação.
O relatório ADP National Employment revelou que o setor privado dos EUA abriu 497.000 vagas de emprego no último mês, muito acima das estimativas de 228.000 postos feitas por economistas consultados pela Reuters.
Além disso, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços aumentou para 53,9 no mês passado, em comparação com 50,3 em maio, e acima das expectativas de 51,0 projetadas pelos economistas.
A força desses números levou ao receio de que o Fed possa adotar medidas mais rígidas do que o esperado, como aumentar as taxas de juros além do já precificado, com até duas altas de juros nos EUA até o final do ano, conforme avaliado por Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank.
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A incerteza gerada pelos dados econômicos dos EUA e as notícias sobre possíveis adiamentos de votações importantes na Câmara dos Deputados afetaram os mercados. As bolsas caíram e o real acompanhou o movimento de outras moedas, como o peso mexicano e o peso colombiano.
Durante a tarde, surgiram informações de que as votações do novo arcabouço fiscal e do projeto sobre julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) poderão ser adiadas para agosto, após o recesso parlamentar.
Isso causou desconforto nos negócios. Um deputado federal envolvido nas negociações confirmou que a votação da nova regra fiscal pela Câmara será possivelmente adiada, pois o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu priorizar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária nesta semana.
No final da tarde, o relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), afirmou que a votação do novo marco fiscal pelo plenário deve ser adiada para agosto.
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