Entenda de uma vez as oscilações do mercado financeiro a cada discurso do presidente Lula
Victor Meira Publicado em 03/01/2023, às 12h25
Ontem (02) foi o primeiro dia útil do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Para muitas pessoas, os discursos de domingo, durante a cerimônia de posse, foram inspiradores e emocionantes, mas o mercado financeiro viu o discurso do presidente com uma certa preocupação.
Lula declarou que é preciso ser realista em relação ao orçamento e a responsabilidade fiscal, mas ele avaliou que o teto de gastos é uma “estupidez”. O presidente ainda ressaltou que o seu governo herda um desastre orçamentário, com recursos esvaziados da saúde, da educação, do meio ambiente e da pesquisa.
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Em consequência dessas falas do presidente, o mercado financeiro reagiu muito mal. O Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, encerrou a segunda-feira com uma queda de 3,06%, influenciado pelas desvalorizações das empresas estatais, principalmente a Petrobras.
Com a queda da bolsa, o dólar fechou com uma forte alta. A moeda norte-americana encerrou o dia em alta 1,52%, a R$ 5,3581.
Além do discurso do presidente Lula, a Medida Provisória (MP) que mantém reduzidas a zero as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins que incidem sobre diesel, biodiesel, gás natural e gás de cozinha (até 31 de dezembro) e gasolina, álcool, querosene de aviação e gás natural veicular (até 28 de fevereiro).
Dito isso, qual é o motivo do mercado financeiro ter um pé atrás com as políticas de esquerda?
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Geralmente, na parte econômica, o mercado financeiro tem um posicionamento mais alinhado ao centro e à direita. Esse grupo de pessoas defendem maior controle dos gastos públicos e menor participação do Estado na economia.
Por outro lado, os governos mais alinhados à esquerda entendem que o Estado deve ser um agente indutor do crescimento econômico com maiores intervenções na economia.
No último domingo, Lula afirmou que vai tomar medidas para ajudar os investimentos e incentivar o crescimento econômico. Com isso, ele disse que pretende retomar o “Minha Casa, Minha Vida” e promover um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Além disso, Lula declarou que implantar medidas de incentivo às pequenas e médias empresas.
A definição do novo governo Lula já está definida há dois meses, mas porque o mercado está tão volátil se ele sabe qual é o posicionamento político do presidente?
O mercado financeiro se posiciona por meio das expectativas e previsões para o futuro. Logo, se o governo sinalizar que irá gastar mais, os operadores avaliam descontrole nos gastos e perspectiva de inflação alta. O mesmo movimento é aplicado de modo inverso, ao passo que se o governo indicar maior controle nos gastos públicos, a expectativa melhora e os índices avançam.
Os analistas do mercado financeiro avaliam que o cenário internacional do governo Lula III é completamente diferente do que ele encontrou em 2003. Na época, o Brasil se beneficiou do boom das commodities, o que permitiu que o presidente aumentasse os gastos públicos com responsabilidade fiscal e atendesse a população mais carente.
Contudo, neste momento, o mundo enfrenta uma das maiores pressões inflacionárias dos últimos 40 anos. Para combatê-la, grande parte dos Bancos Centrais no mundo aumentaram as taxas de juros. Com isso, há o risco das principais economias do mundo entrarem em recessão neste ano, ou seja, ter queda na economia.
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