Recentemente, Bolsonaro fez piada com desabamento de parte da marginal Tietê, uma das principais vias de São Paulo, após incidente em obra do Metrô; veja outros momentos em que o presidente brincou com o que não devia
Mylena Lira | redacao@jcconcursos.com.br Publicado em 03/02/2022, às 17h45 - Atualizado às 18h09
O governo Bolsonaro, Capitão do Exército Brasileiro e o 38º presidente do Brasil, é marcado por provocações, falas polêmicas e piadas. Chefe do executivo, Bolsonaro fez piada, muitas vezes, em situações críticas ou momentos de tragédias, demonstrando um padrão no seu comportamento.
Nem mesmo chefes de outras nações ou líderes políticos internacionais foram poupados por Jair Bolsonaro, que já expôs de forma negativa a própria esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, de 39 anos, com quem fez piada machista. Essa má fama já ganhou repercussão internacional e abalou a relação política do Brasil com outros países algumas vezes.
Nesta quarta-feira, 2 de fevereiro, o presidente fez mais uma piada de mau gosto. Desta vez, envolvendo o desabamento da obra do metrô, na cidade de São Paulo. O JC Concursos lista abaixo cinco vezes em que Bolsonaro fez piada e brincou com o que não deveria:
Parte da marginal Tietê, uma das principais vias da capital paulista, desabou na última terça-feira (1º) após incidente em obra da Linha 6-Laranja do Metrô. Segundo a empresa espanhola Acciona, responsável pelas obras e pela futura operação da linha, o acidente foi provocado pelo rompimento de uma coletora de esgoto.
A pista precisou ser interditada, afetando o trânsito local, por causa da cratera que se formou na via, no sentido Ayrton Senna, próximo da Ponte do Piqueri. Além disso, cerca de 40 famílias que moram nas imediações tiveram que deixar seus apartamentos.
Em conversa com apoiadores ontem (2), no cercadinho do Palácio da Alvorada, o presidente Bolsonaro fez piada com o desabamento da obra do metrô. Em tom de deboche, afirmou que: "Semana que vem a gente conclui a transposição do [rio] São Francisco. Em São Paulo, eu vi a transposição do Tietê". A frase causou gargalhadas em Bolsonaro e nos eleitores que o acompanhavam.
Um dia antes, em 1º de fevereiro, o chefe do executivo já havia feito uma declaração desnecessária, mas envolvendo as pessoas atingidas pelas enchentes provocadas pelas fortes chuvas na Grande São Paulo. Segundo Bolsonaro, "faltou visão de futuro" às famílias, muitas delas em situação de vulnerabilidade, que construíram suas casas em áreas de risco.
Após sobrevoar Francisco Morato e Franco da Rocha, cidades castigadas pelas chuvas, ele afirmou que “a visão [de destruição] é algo que nos marca. Muitas áreas onde foram construídas residências, faltou obviamente alguma visão de futuro por parte de quem construiu. Bem como por necessidade também, as pessoas fazem nessas áreas de risco."
- Sobrevoo em Francisco Morato e Franco da Rocha, cidades mais afetadas pelas chuvas em São Paulo.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 1, 2022
. Informações de ações sendo tomadas desde o início nas redes sociais do @mdregional_br e @MInfraestrutura . pic.twitter.com/8AKLCnZv7V
No final de dezembro de 2021, Bolsonaro fez piada em meio às enchentes que provocaram a morte de dezenas de moradores de cidades na Bahia. Em sua rede social, ironizou o fato de não ter ido ao Estado: “se eu for à Bahia, vão dizer que estou gastando cartão corporativo”.
Além disso, proibiu ajuda humanitária da Argentina ao governo baiano. Na época, o país vizinho, sob o comando de Alberto Fernández, queria enviar dez “capacetes-brancos”, que atuam em operações de socorro. Entretanto, o presidente do Brasil questionou a oferta, em transmissão ao vivo nas redes sociais: "Que ajuda é essa? Dez homens", desdenhou. Contudo, aceitou a ajuda oferecida pelo Japão.
No mesmo dia, deixando claro as divergência ideológicas, sugeriu que os países da América do Sul recebam, por exemplo, venezuelanos que estão no Brasil. Bolsonaro já fez diversas críticas públicas a Fernández, comparando-o ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
Em inúmeras ocasiões, o presidente Jair Bolsonaro fez piada com a Pandemia do coronavírus, que já ceifou a vida de mais de 5 milhões de pessoas no mundo (mais de 600 mil só no Brasil). Uma das mais emblemáticas ocorreu logo no início, em 24 de março de 2020, em pronunciamento nacional em rádio e TV: “no meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”. O mesmo comentário foi feito cerca de um ano depois, em sua conta do Twitter:
- "Pelo meu histórico de atleta ....."
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 22, 2021
- Bom dia a todos. pic.twitter.com/R3o7k2fUc5
Algumas pessoas comentaram a postagem, criticando a atitude do presidente. Um dos comentários dizia que o Brasil nao quer lacrador na presidência, mas sim vacina e um chefe de executivo que trabalhe pela nação.
As declarações polêmicas não pararam por aí. Em junho do ano passado, no cercadinho do Palácio da Alvorada, onde recebe seus apoiadores, Bolsonaro aproveitou para atacar a imprensa: “Ó, quem tiver com Covid sabe quem procurar agora. É o doutor William Bonner, falou pessoal? E a doutora Míriam Leitão, é muito boa também”, afirmou.
O presidente também defendeu o uso de medicamentos cuja eficácia contra o coronavírus não foi comprovada, indo contra o que defende os especialistas em infectologia e virologia. Em abril de 2021, aproveitou para atacar a oposição: “Agora, a ivermectina mata verme também ou não? Então entendi porque a esquerda é contra”, frase que arrancou gargalhadas dos militantes presentes no cercadinho.
Em outubro de 2021, Bolsonaro fez piada sobre a origem do coronavírus com o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. Durante conversa com o diretor-geral, o Capitão do Exército Brasileiro perguntou, rindo, em tom de piada, qual a origem do coronavírus. Ele insinuou, diversas vezes, que a China poderia ter criado o vírus.
A eficácia da máscara de proteção contra a Covid-19 também foi colocada em suspeita e já foi alvo de piada do chefe do executivo. “Sabia que o tio estava na praia nadando de máscara? Mergulhei de máscara também para não pegar covid nos peixinhos”, ironizou Bolsonaro ao nadar em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo.
O Brasil é um dos países onde mais se assassina homossessuais, trans e travestis. Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro já fez incontáveis piadas relacionadas a esse grupo de pessoas, contribuindo para disseminar mais ainda o preconceito no país - o que aumenta o risco de agressões aos LGBTQIA+. A título de exemplo, em outubro de 2020, durante visita ao Maranhão, o chefe do executivo fez uma brincadeira homofóbica.
Após tomar um copo de Guaraná Jesus, uma bebida que tem a cor rosa, afirmou: "Agora eu virei boiola, igual maranhense, é isso?”. Na sequência, continuou a brincadeira: “Guaraná cor-de-rosa do Maranhão. F*eu, f*eu! É boiolagem, isso aqui.”
Até mesmo em ocasiões que demandam seriedade e nada têm a ver com a pauta LGBTQIA+ Bolsonaro apresentou comportamento reprovável. Foi o que ocorreu em setembro de 2021 quando o presidente falou do anúncio do ministro Luís Roberto Barroso (STF) sobre a criação de uma comissão especializada em transparência e segurança nas eleições.
Na época, durante live transmitida em sua rede social, Bolsonaro disse: “Se anuncia que está anunciando novas medidas protetivas por ocasião das urnas é porque elas têm brecha. É porquê, Barroso, elas são penetráveis. Entendeu, Barroso? Ministro Barroso, entendeu? As urnas são penetráveis, as pessoas podem penetrar nelas […] Já imaginou se eu gostasse das mesmas coisas que o Barroso?”.
Em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, o presidente desvirtuou uma pauta urgente sobre o meio ambiente, envolvendo as queimadas na Amazônia, para atacar o chefe do executivo da França, Emmanuel Macron. Bolsonaro fez piada com a primeira-dama francesa, Brigitte, de 66 anos de idade, na época.
Tudo começou porque Macron criticou as queimadas na Amazônia e sugeriu levar o tema ao G7, grupo que reúne as sete maiores economias do mundo, para buscar soluções no fórum internacional. Bolsonaro sentiu que era uma ameaça à soberania nacional, minimizou o problema, acusou ONGs de colocar fogo para culpar o seu governo e ofendeu a primeira-dama francesa ao endossar um meme que comparava a beleza de Michele Bolsonaro com Brigitte.
A montagem, feita por um apoiador do governo, mostra os dois casais e indica que Macron perseguiria Bolsonaro por conta da diferença entre as esposas. O presidente, então, respondeu no Facebook: “Não humilha cara. Kkkkkkk”. O chefe de Estado francês declarou que o comportamento do presidente brasileiro foi “triste” e “extremamente desrespeitoso”.
Segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia concentrou mais da metade (52,5%) dos focos de queimadas de 2019 no Brasil. O aumento no número de queimadas foi de 82% em relação ao mesmo período de 2018 (janeiro a agosto), de acordo com reportagem do G1.
Porém, Bolsonaro afirmou que o Brasil encerraria 2019 com a menor média de "focos de incêndio, de calor", na história do país. Na ocasião, ele classificou como mentirosa a informação de que a "Amazônia está pegando fogo".
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