Servidor da Receita Federal que teria tentado liberar joias para Bolsonaro ganhou cargo em Paris; entenda

Há indícios de que o servidor da Receita Federal teria interferido na liberação de um conjunto de joias. O servidor foi demitido do cargo pelo presidente Lula (PT)

Pedro Miranda   Publicado em 06/03/2023, às 18h04

Sergio V. S. Rangel/Shutterstock.com

O servidor da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, foi indicado para o cargo como adido tributário e aduaneiro na Embaixada do Brasil em Paris, França, por um período de dois anos, em 30 de dezembro de 2022. No entanto, há indícios de que o então secretário da Receita teria interferido na liberação de um conjunto de joias, oferecidas pelo governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

A nomeação de Vieira Gomes foi assinada pelo ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que assumiu interinamente a Presidência da República durante a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que estava nos Estados Unidos. No entanto, no dia 1º de janeiro de 2023, Vieira Gomes foi demitido do cargo de secretário da Receita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Conforme informações veiculadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o conjunto de joias, que incluía um colar, brincos, anel e relógio da marca Chopard, avaliados em R$ 16,5 milhões, foi mantido na alfândega por mais de um ano e deveria ser leiloado como um item apreendido pela Receita Federal devido à sonegação de impostos.

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Governo Bolsonaro utilizou diversos ministérios para recuperar joias ilegais 

Em 2021, durante uma viagem oficial do governo brasileiro para a Arábia Saudita, um dos membros da comitiva, o militar Marcos André Soeiro, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, teve um conjunto de joias apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Soeiro teria tentado utilizar de influência para sair do local com as joias, mas não obteve sucesso.

Posteriormente, o governo Bolsonaro utilizou diferentes ministérios, incluindo o Itamaraty e o de Minas e Energia, na tentativa de recuperar as joias apreendidas, sem sucesso. Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro negaram qualquer envolvimento com o presente, alegando não saberem da existência das joias. Bolsonaro afirmou que nunca praticou ilegalidades.

"Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade", afirmou o ex-presidente.

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