Sindicatos de professores relatam que a proposta de reajuste salarial tem o objetivo de separar a categoria e destruir a carreira docente
Victor Meira -- victor@jcconcursos.com.br Publicado em 17/12/2021, às 11h51
No início desta semana, o governador do estado de São Paulo, João Doria, anunciou que irá enviar para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um projeto de lei para conceder um reajuste salarial de 73% para os professores da rede pública. O valor atual da categoria é de R$ 2,8 mil e saltaria para R$ 5 mil.
Porém, os principais sindicatos de professores, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e o CPP (Centro do Professorado Paulista), argumentam que a proposta ao invés de valorizar o docente com aumento nos salários, ela irá destruir o plano de carreira do professor e irá excluir o aposentado do reajuste.
Em entrevista exclusiva ao JC Concursos, a deputada estadual e presidente da Apeoesp, Professor Bebel (PT), destacou que o reajuste salarial proposto por Doria é um ato de pauperização da carreira do professor.
Ela relata que para participar do aumento salarial, o servidor deve aceitar um plano de desenvolvimento e avaliação do seu trabalho. Mas este plano ainda não tem nenhum critério para saber se o profissional está apto para conseguir o aumento. Além disso, Bebel ressalta que os mecanismos de avaliação podem ser arbitrários e variar conforme os interesses do governo paulista.
“A avaliação do professor não será constante porque ela pode ser feita de forma arbitrária, conforme os interesses dos políticos. Deste modo, o plano de carreira do professor será maleável. Nós defendemos uma carreira previsível, com regras estipuladas para orientar a ação docente. Não podemos depender de fatores externos para construir a nossa carreira”, afirma a deputada.
Para receber a remuneração inicial de até R$ 5 mil, o professor deve aceitar as condições propostas pela Secretaria de Educação. Esta medida também foi criticada por Bebel porque ela deve dividir ainda mais a categoria de professor oferecendo uma remuneração ilusória.
O vice-presidente do CPP, professor Azuaite Martins França, afirma que o magistério paulista ficou sete anos sem reajuste salarial. “Agora em período eleitoral, vem o governador querer seduzir o professor para aceitar isso? A proposta é aparentemente bonita, com 73% de aumento, mas ela não vai ser oferecida para todo mundo”, explica.
O sindicato aponta que o projeto de Doria exclui aposentado do aumento salarial de 73%. O 2º vice-presidente do CPP, professor Silvio dos Santos Martins, reclama que o aposentado já sofre com diversos descontos da sua aposentadoria e não terá direito ao reajuste.
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