Talco em questão tem sido objeto de controvérsia devido às alegações de que contém amianto, uma substância associada ao câncer de ovário
Pedro Miranda Publicado em 03/05/2024, às 01h17
A Johnson & Johnson divulgou um plano para pôr fim aos litígios relacionados ao seu talco, um produto que enfrenta acusações de ser cancerígeno. Em um anúncio, a gigante farmacêutica revelou que está disposta a desembolsar cerca de US$ 6,5 bilhões ao longo de 25 anos para resolver os processos civis pendentes.
Erik Haas, vice-presidente de assuntos jurídicos da J&J, afirmou que este plano marca o desfecho de uma estratégia de acordo consensual anunciada anteriormente. Haas enfatizou que a empresa tem trabalhado diligentemente com os advogados representando a maioria dos demandantes para chegar a uma resolução para este litígio de longa data.
O acordo proposto abrange principalmente reclamações relacionadas a problemas ovarianos, representando cerca de 99,75% dos casos pendentes. No entanto, as questões remanescentes relacionadas ao mesotelioma, também conhecido como "câncer do amianto", estão sendo tratadas separadamente. A J&J informou que a grande maioria desses casos já foi resolvida com os reclamantes.
O talco em questão tem sido objeto de controvérsia devido às alegações de que contém amianto, uma substância associada ao câncer de ovário. Embora a empresa continue negando veementemente essas alegações, ela retirou o produto do mercado americano.
Haas destacou a preocupação da empresa com o aumento de ações judiciais sem fundamento contra empresas norte-americanas e criticou o que chamou de "distorção de estudos científicos". Ele referenciou um estudo publicado, que não encontrou correlação estatística entre o uso de talco nas áreas genitais e o risco de câncer de ovário em uma amostra de 250 mil mulheres nos EUA.
Esta não é a primeira tentativa da Johnson & Johnson de resolver os litígios relacionados ao talco. Em abril de 2023, a empresa propôs um acordo de US$ 8,9 bilhões, para o qual 60 mil reclamantes se inscreveram. No entanto, a proposta foi rejeitada por um juiz de falências.
Em um esforço para finalizar os processos pendentes, a Johnson & Johnson anunciou um acordo preliminar com um grupo de promotores de 43 estados dos EUA em janeiro deste ano, indicando sua determinação em encontrar uma solução para esta questão complexa e de longa data.
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