As eleições 2022 estão entre as mais marcantes da história do Brasil, trazendo consigo sentimentos de angústia, incerteza e muita tensão. Afinal, estamos vivendo ansiedade coletiva?
Glícia Lopes Publicado em 29/10/2022, às 19h11 - Atualizado às 19h30
É possível que a reta final das eleições presidenciais de 2022 esteja afetando a saúde mental da população brasileira? Aparentemente, sim. Algumas pessoas podem estar experimentando nervos à flor da pele, tensão e até esgotamento relacionado ao assunto. Por isso, conversamos com a psicóloga Katherine Avellar, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Neurociências, para entender como as eleições 2022 estão afetando nossa saúde mental.
O nosso estado psicológico, além de ser influenciado por aspectos biológicos, é muito suscetível ao ambiente em que vivemos. Devido a isso, não é distante pensar que a atual conjuntura política do Brasil aponta para um ambiente completamente insalubre. Mentiras, ofensas, discussões com amigos e familiares, ausência de diálogo e um nível inaceitável de violência permeiam todo o país.
Para Katherine, “quando somamos esses fatores, temos um terreno fértil para o adoecimento emocional coletivo, como: ansiedade disfuncional, insônia, intransigência, irritabilidade, angústia, medo e demais emoções negativas.” E são situações como essas que favorecem a busca pela sensação de pertencimento como a sobrevivência emocional, fortalecendo, inclusive, o sentimento binário de “perder tudo ou ganhar tudo”.
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O cérebro humano trabalha com base em duas regras indispensáveis: a necessidade de socialização e de sobrevivência. Fazer parte do coletivo, para nosso cérebro, é tão importante quanto sobreviver neste meio e esses dois princípios estão vigorosamente ameaçados no atual cenário político. É a partir daí que a ansiedade disfuncional se instaura, ou a ansiedade coletiva.
Um dos pontos importantes que favorecem esta condição, diante das eleições de 2022, é a desinformação, utilizada fortemente como ferramenta de marketing eleitoral. Além disso, para a psicóloga Katherine Avellar, “a grande facilidade que as redes sociais trouxeram de propagação, em termos de exposição das opiniões e debates - nem sempre saudáveis - com uma grande quantidade de pessoas, resultam em angústia, medo e falta de esperança.”
Ainda de acordo com a psicóloga, “as pessoas estão buscando respostas prontas para diminuírem os seus anseios e estão com uma enorme predisposição a compartilhar essas soluções com seus familiares, amigos e colegas – muitas vezes prevendo cenários binários catastróficos como argumentos de convencimento.”
É com base nisso que o cenário de ansiedade coletiva performa, se utilizando de um ambiente fragilizado, rodeado de estímulos nem sempre confiáveis e saudáveis, e contando com um histórico importante de eventos globais marcantes, como a pandemia de covid-19, além da presente guerra instaurada na Ucrânia.
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Para a psicóloga Katherine Avellar, especialista em Neurociências e Terapia Cognitivo Comportamental, é importante considerar três aspectos essenciais que formam a tríplice fundamental para entendermos nosso processamento cerebral. São eles:
A partir disso, a psicóloga orienta os seguintes passos para amenizar os impactos negativos das eleições 2022 na nossa saúde mental:
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