Entenda como Klara Castanho e menina coagida por juíza de SC sofreram violência psicológica

A violência psicológica acontece, geralmente, associada a outros tipos de agressões e afeta mais mulheres. Saiba se está sendo vítima e o que fazer

Glícia Lopes* | redacao@jcconcursos.com.br   Publicado em 27/06/2022, às 22h15

None

Nos últimos dias acompanhamos a grande repercussão de dois casos que, embora envolvam diversos aspectos, têm em comum situações de violência psicológica. Esse tipo de agressão é um dos mais complexos e é, muitas vezes, difícil de identificar. Além disso, essa violência não opera de forma isolada e está comumente associada a outras agressões.

Quando uma garota de 11 anos grávida, vítima de estupro, acompanhada da mãe procura, legalmente, a interrupção da gestação que ela não desejou e ouve, de quem a deveria proteger, se ela já escolheu um nome para o feto, se “o pai” concordaria com a adoção e se a ela “suportaria ficar mais um pouquinho” com a gravidez indesejada, isso se configura como violência psicológica.

Quando uma jovem de 21 anos, conhecida nacionalmente por estrelar em papéis de novela na maior emissora de TV brasileira, tem um momento íntimo e doloroso de sua vida exposto, sem o seu consentimento e contra sua vontade, isso é violência psicológica. Neste caso, também permearam outras formas de agressão, como as violências sexual e a obstétrica.

+++ Caso Klara Castanho: entrega voluntária de bebê para adoção é um direito, não crime

O que é a violência psicológica

Qualquer comportamento que cause dano emocional, independente de quem o profere, é um tipo de violência psicológica. Ainda, se diminui a autoestima da vítima, se prejudica ou perturba o desenvolvimento pleno, adequado da pessoa ou que tenha o objetivo de degradar ou controlar ações, comportamentos, crenças e decisões, se enquadram neste tipo de agressão.

Segundo informações do Instituto Maria da Penha, a partir da lista abaixo é possível identificar situações que configuram violência psicológica e saber se sofre com elas. Entre as agressões estão:

O isolamento e vigilância constante a que a menina foi submetida ao ser colocada em abrigo pela justiça, além da exposição, a humilhação, a exploração, a ameaça, a chantagem, o constrangimento, a privação de liberdade, os insultos e perseguições sofridas por Klara e pela criança em questão, são agressões graves que podem deixar sequelas importantes na saúde mental em todo o resto da vida dessas pessoas.

Violência psicológica afeta mais mulheres

Não é coincidência que os dois exemplos utilizados neste texto fazem referência a duas mulheres, uma ainda em idade tenra. Embora casos violência de psicológica aconteçam, geralmente, em âmbito doméstico, os citados acima dizem respeito a convenções sociais que negligenciam as mulheres, sobretudo, na tentativa do Estado e da sociedade em controlar seus corpos.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, realizada pelo IBGE, apontaram que cerca de 29,1 milhões de pessoas acima de 18 anos sofreram, neste ano, violência psicológica, física ou sexual. Segundo a pesquisa, a violência atinge mais as mulheres, os jovens, as pessoas pretas ou pardas e a população de menor rendimento. Desse total, 95% sofreram violência psicológica.

De acordo com o Levantamento da Vara da Infância e da Juventude (VIJ), realizado no Distrito Federal, com dados de 2021, a violência psicológica foi a maior incidência entre as crianças e adolescentes, atingindo o percentual de 47,35% dos casos analisados. A agressão destacou-se no primeiro lugar entre 12 tipos de violência.

No caso das mulheres em idade adulta, é comum que não reconheçam situações de violência psicológica, considerando apenas os casos de agressão física. Apesar disso, as situações de agressão psicológica são comuns e estão, geralmente, associadas às violências moral, física, sexual e patrimonial.

Embora de caráter sutil (de difícil percepção), invisibilizada e banalizada, a violência psicológica se enquadra na Lei Maria da Penha como um dos delitos passíveis de punição. Por meio do canal 180 é possível obter informações sobre os direitos das mulheres, locais de atendimento mais próximos, além de saber como realizar a denúncia. O canal funciona todos os dias, durante 24 horas. É importante procurar apoio com profissionais da saúde mental para amenizar os efeitos nocivos desse e de outros tipos de violência.

*Estagiária sob supervisão da jornalista Mylena Lira

+++ Acompanhe as principais informações sobre Saúde no JC Concursos