O setembro amarelo fortalece informações para a prevenção ao suicídio. Entre estas, é importante saber o que não dizer para alguém com depressão. Confira
Glícia Lopes Publicado em 09/09/2022, às 11h43 - Atualizado às 16h27
Há 28 anos o mês de setembro é dedicado à conscientização para a prevenção ao suicídio, pior estágio de alguém com depressão. Além de outros sintomas, essa doença desenvolve na pessoa uma completa desesperança, levando-a a crer que a única saída é o fim da vida. No entanto, o setembro amarelo fortalece e traz à tona informações sobre como lidar com essa terrível doença que, sim, tem tratamento. Por isso, neste artigo, abordaremos o que não dizer para alguém com depressão, a fim de que se evite o pior.
De acordo com o Ministério da Saúde, o suicídio é responsável por cerca de 800 mil mortes por ano no mundo, estando entre as 20 principais causas de morte no planeta. No Brasil, anualmente, morrem 12 mil pessoas, sendo os jovens, com idades entre 15 e 29 anos, os mais afetados por essa fatalidade.
Entre as causas desse tipo de morte estão os transtornos mentais, sendo a depressão o primeiro deles. Além disso, pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, mulheres e pessoas LGBTQIA+ estão mais suscetíveis à situação. Inclusive, acredita-se que nesta era há uma epidemia global de depressão, agravada com a crise mundial gerada pela pandemia de Covid-19.
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Para entender um pouco mais sobre a campanha do setembro amarelo, ela teve origem em 1994, após um episódio que ocorreu nos Estados Unidos da América. Um jovem chamado Mike Emme, super habilidoso, havia restaurado com todo zelo um automóvel Mustang 68, dando a ele a cor amarela.
Mike, no entanto, já sofria psicologicamente e, aos 17 anos, dentro do carro ao qual dedicou seu esforço e paixão, encerrou a própria vida. Em seu velório foram distribuídas fitas amarelas com um cartão e uma mensagem: “Se você precisar, peça ajuda”. Assim, o movimento se espalhou, dando origem à campanha.
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Embora muitas vezes a depressão seja associada a coisas banais, como: frescura, preguiça e egoísmo, esta é uma doença gravíssima que, como vimos, pode levar à morte. Ela se desenvolve por meio de um desequilíbrio químico no cérebro, com a queda significativa ou desordem de neurotransmissores como: a noradrenalina, a dopamina e a serotonina, responsáveis pela regulação do humor, sono, apetite, atividade motora e promoção do bem-estar. Por isso, a depressão se caracteriza como um transtorno de humor, quando a plena função dos neurônios não ocorre como deveria.
Assim, a fim de que se ofereça ajuda sem julgamentos e de que se entenda a doença, é importante saber identificar a depressão, a partir dos seguintes sintomas:
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“Basta você querer”
A depressão não é falta de esforço, na verdade, continuar vivendo com depressão demanda um esforço grande, já que tudo puxa a pessoa para baixo. Por isso, acredite, ninguém ia querer estar nessa situação.
“Pense nas pessoas que estão em situação pior que você”
Isso só vai fazer com que a pessoa se sinta pior e não ajudará a compreender sua situação. Em vez disso, ofereça compreensão e apoio.
“Olhe pelo lado positivo”
Uma das características da depressão é transformar tudo em pessimismo. Portanto, por mais que a pessoa se esforce, este é um sintoma da doença. Ofereça ajuda profissional.
“Mas, o que tem de errado com você?”
Assim, estará colocando na pessoa em si a responsabilidade pela doença e a última coisa que a pessoa tem é culpa por isso. Dessa forma estará deslegitimando a doença da qual a pessoa é vítima e não causadora.
“Siga em frente”, “saia dessa” ou “reaja!”
Como já mencionado, não basta querer seguir em frente. A depressão é uma doença que demanda esforços profissionais específicos e não por parte da pessoa doente.
“Infelizmente, não posso fazer nada”
Assim estará aumentando a desesperança da pessoa com depressão, levando-a a crer que ela “não tem jeito”, o que não é verdade, a depressão tem tratamento de diversas formas.
“Amanhã é um novo dia e você irá se sentir melhor”
A depressão não é uma doença que some com o raiar de um novo dia. Ela requer cuidado, tratamento e empatia das pessoas ao redor.
“Terapia é coisa de gente doida” ou “tomar remédio é coisa de gente doida”
Não. Estas afirmações estão completamente erradas e a palavra "doida" já representa um grande preconceito. Existe um estigma construído ao longo de muitos anos de que depressão não existe, ou que intervenções para tratamento psíquicos são voltadas apenas para pessoas com outros distúrbios. Como vimos, a depressão é também um transtorno psíquico e seu tratamento envolve tanto a psicoterapia, quanto intervenção com medicamentos e pode ter sucesso definitivo.
"Isso é falta de Deus" ou "lhe falta fé"
Independentemente da crença, a depressão é caracterizada por um desequilíbrio químico no cérebro que pode ser agravado por fatores ambientais, inclusive pelo seio comunitário, familiar e de amigos, sobretudo se a pessoa for rodeada por preconceitos, incompreensão e intolerância, como evidencia este tipo de fala. No lugar disso, ofereça acolhimento e apoio.
Em vez de piorar o quadro da pessoa com depressão se comportando das formas mencionadas acima, que tal se informar mais sobre a doença, se fazer mais presente, falar abertamente sobre o assunto, oferecer uma escuta sem julgamentos e oferecer ajuda profissional? Você pode procurar tanto um psiquiatra, quanto um(a) psicólogo(a).
Por meio do SUS é oferecido acolhimento, tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), quanto nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), entre outros. O CVV (Centro de Valorização à Vida) também oferece atendimento 24 horas por meio do telefone 188 e do site www.cvv.org.br.
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