No artigo dessa semana, o colunista Gabriel Granjeiro destaca que todos os projetos de vida precisam de um pontapé inicial para ter sucesso
Para que algo termine, tem de começar. Um navio, para zarpar, precisa de alguém que recolha as âncoras e inicie as manobras de navegação. Um trem, para viajar de uma estação a outra, depende de alguém dar a partida na locomotiva e fazê-la tracionar os vagões. A partir daí, embarcação e comboio começam a se mover, primeiro devagar, depois mais rápido, mais rápido, até que, quando pegam velocidade, o difícil é pará-los.
Quem diria que, antes do movimento inicial, um pedaço de metal no fundo do mar – no caso do navio – e um simples cubo de metal ou uma sapata – no do trem – bastavam para segurar por completo as duas máquinas.
Isso ilustra como todo fim carece de um início. Mas o sucesso de qualquer movimento depende também da forma como se dá esse início.
Tomemos o exemplo de um time de futebol prestes a entrar em campo. O desempenho do grupo no jogo será melhor quanto melhor houver sido sua preparação antes do grande dia. As táticas pensadas pelo treinador, o talento individual de zagueiros, centroavantes, atacantes e goleiros, o empenho e a dedicação de cada um durante os treinos, todos esses fatores serão determinantes para o placar no fim do segundo tempo.
LEIA TAMBÉM
Em outras palavras, sem um bom início, o fim idealizado pode se mostrar inalcançável. Muita gente ainda faz vista grossa a essa realidade, achando que pode chegar a um bom termo sem um começo apropriado, mas a dura verdade é que a maneira como iniciamos nossos projetos dá uma boa dica de como eles se encerrarão.
Objetividade, no ponto, é crucial: importa definir o quanto antes quais são os nossos planos e dar logo o primeiro passo, de forma criteriosa e bem-pensada. Nada de adiar indefinidamente o início, pois isso significa postergar também o fim.
E, por favor, não sucumba diante das adversidades nem perca tempo lamentando pelo que lhe falta. Em resumo, não ceda à autopiedade. Ao contrário, agradeça pelo muito ou pouco que você já tem, considere isso um bom começo – é, afinal, o SEU começo – e vá abrindo caminho em direção a algo melhor. Já dizia o professor Edilson Enedino, ex-flanelinha e hoje juiz de direito, que o pulsar do coração, cada batida dele é a vida nos lembrando: “Dá tempo, ainda dá, é possível”.
Pensando nas palavras de Enedino e aproveitando a proximidade do Dia dos Professores, vou recorrer às lições que aprendi com o magnífico filme “O Clube do Imperador”, ao qual assisti por indicação do nosso mestre. O enredo desenrola-se na tradicional escola St. Benedict’s, nos EUA, exclusiva para rapazes. Por aqueles bancos passa a elite americana; de lá saem futuros governantes, políticos, empreendedores, advogados e outros profissionais que costumam fazer a diferença no país.
+Gabriel Granjeiro "Faça muito pelo pouco que tem"
O filme narra a tentativa do professor de História Antiga William Hundert de, a partir do legado de filósofos gregos e romanos, ensinar aos alunos como o destino de uma pessoa está diretamente associado ao seu caráter. O Sr. Hundert procura demonstrar aos jovens estudantes que o futuro profissional de cada um deles depende da dedicação aos estudos no presente e da conduta correta na escola e na vida.
O lema da instituição, que os alunos carregam bordado no bolso do uniforme, é: “Non sibi. Finis origene pendet.” Traduzido, quer dizer: “Não para si. O fim depende do começo.” O mestre ensinava, mais, que todo o conhecimento ali adquirido de nada valeria se não fosse para servir ao próximo. Deixava claro que a vida e a história não perdoam aqueles cuja ambição e conquista não oferecem nenhuma melhoria para os outros. Eis um grande alerta para os nossos líderes.
A vida do professor Hundert ia maravilhosamente bem. Ele seguia lecionando com emoção, alegria, dedicação, integridade e idealismo até que chega transferido à escola um novo aluno. Sedgewick Bell era teimoso em relação às regras do local e não nutria muito interesse pelos estudos. O rico filho de um senador poderoso era tão arrogante, que o nosso mestre se viu compelido a dar-lhe a primeira lição, na forma de um conselho de Aristófanes dedicado aos eternamente medíocres:
“A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre”.
+Granjeiro: A verdade sobre o que realmente nos motiva
Numa cena mais para o fim do filme, vê-se o aluno, já adulto mas com a mesma falta de caráter, ser repreendido pelo ex-professor depois de trapacear num concurso de conhecimentos sobre história antiga, em que o vencedor receberia uma coroa de louvor como o grande imperador Júlio César. O mestre, sabedor da trapaça do ex-aluno, volta à carga com uma dura lição de ética e moral: “Todos nós, em algum momento, somos forçados a olhar no espelho e ver quem realmente somos. Quando esse dia chegar, você vai perceber que a vida vivida sem virtude, sem princípios, não é vida”.
O ensinamento que o filme traz é o de que caráter não é uma escolha, mas reflexo da educação recebida dos pais desde a infância e das escolhas feitas a partir de então. Educação verdadeira, genuína, tem, portanto, de dar significado à vida, no sentido de pautá-la em princípios nobres e sólidos. A missão de moldar o caráter de uma pessoa é tão importante justamente pelo poder de impactar o destino dela e de todos a sua volta.
Sabe, a história é feita de vidas, e vidas são feitas de momentos e atitudes. Eis, enfim, o segredo de um bom fim: o começo.
Inicie o que você precisa fazer e jamais desista da jornada. Nós, do Gran Cursos Online, estamos aqui para ajudar você, sempre.
Afinal, TODO MUNDO PODE!
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
Siga o JC Concursos no Google NewsSociedadeBrasilMais de 5 mil cidades no Brasil!
+ Mais Lidas
JC Concursos - Jornal dos Concursos. Imparcial, independente, completo.