No artigo dessa semana, o colunista Gabriel Granjeiro mostra a importância de usar a dúvida como combustível para conquistar os seus objetivos
Benjamin Franklin, um dos maiores personagens da história dos Estados Unidos, já dizia que as únicas certezas que temos no mundo são a morte e o pagamento de impostos. A dúvida é, portanto, a regra. Viver é estar, sempre e de algum modo, exposto a incertezas. Precisamos aprender a lidar com essa verdade, sob pena de a indecisão nos consumir, nossos medos se materializarem e nossos sonhos se tornarem impossíveis.
Quando algo acontece conosco, dificilmente conseguimos antever se as consequências serão boas ou ruins. Até algo aparentemente péssimo no início pode vir a se mostrar conveniente mais tarde. Por isso, só nos cabe enfrentar cada novidade com resiliência, foco e força, confiantes em nossas qualidades e no poder que o ser humano em geral tem de converter infortúnios em aprendizado.
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Na concepção estoicista, da qual foi expoente o filósofo Sêneca, Deus não faz uma pessoa boa a partir de um bichinho mimado; Ele a põe à prova, a endurece e a prepara para seu dispor. De nós, mortais, espera-se apenas que joguemos o jogo da vida a despeito das dúvidas que nos tiram a paz e independentemente das cartas que recebemos no início da partida.
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Por esse ângulo, não deveríamos lamentar nem mesmo os eventos mais adversos que surgirem em nossa estrada. Eles são suco de experiência, do tipo que nos nutre de vivência, indispensável para a superação das dúvidas que – não adianta negar – todos temos ou teremos um dia. Então é ao menos tentar aceitar tudo que a vida nos reserva, pois é inútil entrar em negação.
Não compete a nós escolher o que vai ou não acontecer; o jeito é resignar-se e procurar uma forma de tirar proveito da experiência. Feliz de quem, ao reagir aos infortúnios como se tivessem sido produto da sua escolha, sai da condição de vítima impotente para a de verdadeiro protagonista da própria história.
A dúvida, assim como o medo desmedido, adoece e induz à procrastinação, à incredulidade, ao ceticismo, à ansiedade. Torna o doente cada vez mais resistente à mudança, deixando tudo turvo: sentimentos, fé, valores, princípios, propósito. Enfim, aprisiona, paralisa.
Para quem está no campo de batalha, na arena, ser acometido por uma dúvida ou outra é perfeitamente normal, e o mesmo se pode dizer quanto a ceder ao cansaço e ao desânimo de vez em quando. O que não pode acontecer é esse alguém valorizar tanto o poder da dúvida que, sem respostas, acaba por desistir.
Quem sucumbe à dúvida exagerada perde o foco e abandona a rota para a vitória. O motivo é simples: incertezas em demasia, se tomam conta de alguém que não sabe lidar com elas, repelem a fé, sem a qual ninguém alcança nada. A dúvida anormal, exagerada, psicótica rouba a esperança e a confiança, dificultando a consecução das metas, dos objetivos, dos sonhos.
Mas nada disso justifica que se parta para o outro extremo, onde a dúvida não é uma opção. Ora, quem de nada duvida nada sabe. Algumas incertezas são indispensáveis para o processo de lapidação do nosso Eu. Dificuldades precisam ser superadas, servindo, ao mesmo tempo, de treinamento e de teste para a nossa evolução individual.
A vida não é fácil, mas é o desafio que nos leva a amadurecer. Nas palavras de Sêneca, “as coisas que nos causam calafrios e nos abalam são para o bem das próprias pessoas a quem elas chegam”.
Em resumo, o ideal é o meio do caminho entre a absoluta repulsa à dúvida e a apatia total por ela ser inevitável. Nada de reagir de forma irracional às incertezas. Sinal de sabedoria é conseguir analisar friamente o quadro, refletir um pouco sobre ele e, só então, decidir como agir. Com a situação e nossos sentimentos sob controle, esclarecer o ponto duvidoso será mais fácil, e, então, poderemos seguir adiante.
Por favor, apenas não gaste seu precioso tempo perseguindo coisas sem valor, pois a consequência será o total desperdício da sua vida. Desnecessário dizer o quanto isso é ruim... Lembre-se: ninguém vence uma dúvida enquanto estiver perdido nos próprios pensamentos, ruminando o passado ou sonhando com o futuro. Dúvidas e incertezas são superadas depois de vistas com clareza. Para tanto, há que agir com objetividade, aceitando o que eventualmente não pode ser mudado.
Sigamos em frente sem temer a falta de respostas. Nem sempre a vida fala, nem sempre ela é expressa; por vezes, ela é apenas... reticente. Mas, acredite, há um encanto escondido nesse silêncio. Já imaginou como seria sem graça se tivéssemos certeza de absolutamente tudo?
“Os únicos limites das nossas realizações de amanhã são as nossas dúvidas e hesitações de hoje.” – Franklin Roosevelt
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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