Na coluna desta semana, Gabriel Granjeiro mostra os desafios de sair da zona de conforto e faz uma reflexão sobre a zona de (des)conforto
No último fim de semana, fizemos, na empresa, um encontro presencial com a equipe de Sucesso do Aluno e do Comercial. Tive o privilégio de bater um ótimo papo com nossos colaboradores e de escutar um pouco da sabedoria do nosso mestre Aragonê, que discorreu sobre o tema “crescimento profissional”.
Em dado momento, ele disse algo mais ou menos assim: “Se você não está se mexendo para sair da cadeira onde está hoje, em dez anos você pode estar sem cadeira alguma.”
No contexto, ele queria dizer que quem se acomoda no ponto onde está na carreira não deve esperar apenas estagnação; deve esperar retrocesso, involução, obsolescência. Permanecer na zona de conforto seria, visto por esse ângulo, mais perigoso do que arriscar-se fora dela.
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Há uma tendência natural dos seres humanos de economizar energia. Na prática, isso significa se poupar ao máximo de dissabores e de frustrações. Como? Permanecendo na chamada “zona de conforto”, evitando riscos, fricção, desgastes.
A verdade é que gostamos de previsibilidade e de rotina. É o que nos permite guardar energia para as horas em que de fato precisaremos dela.
Um dado, porém, há que ser levado em conta: embora em certos momentos a zona de conforto realmente proporcione calmaria e tranquilidade indispensáveis a nossa saúde mental, em outras ocasiões ela pode ser percebida como limitante e castradora. Tudo depende, basicamente, da fase da vida e, sobretudo, das ambições da vez. Estranho? Já explico.
Um profissional na zona de conforto não quer perder tempo ou se arriscar por algo incerto (o que é basicamente tudo significativo na vida). Afinal, há um risco de as coisas ficarem ainda piores se o resultado não for o esperado. Por isso o padrão é seguir “empurrando com a barriga”, um dia depois do outro, fazendo apenas mais do mesmo.
Ora, abrir mão do conhecido exige disciplina, paciência, resiliência, perseverança, coragem e, acima de tudo, tempo, que talvez a pessoa não tenha. A situação complica se o indivíduo é avesso à instabilidade e detesta mudanças que pressuponham novas habilidades para fazer a travessia.
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Para quem já alcançou a independência financeira e vive relativamente bem com o que ganha, pisar fora da zona de conforto talvez não faça sentido.
O professor Aragonê mencionou, no ponto, um exemplo próximo, de suas irmãs, que recebem ótimas remunerações, na casa dos R$ 20.000,00 por mês, trabalhando 6 horas por dia, e não aceitariam um ritmo como o dele, que está coberto por vários chapéus, sempre envolvido com o trabalho. É uma escolha, que hoje elas podem tomar com segurança, graças à condição financeira satisfatória em que se encontram.
A maior parte das pessoas, porém, não chegou a esse patamar, logo não tem essa possibilidade. Para essa gente, o que se conhece como zona de conforto talvez esteja mais para zona de DESconforto.
Se é o seu caso, não vou mentir: será preciso muita coragem e determinação de sua parte para sair da inércia e abandonar de vez esse lugar onde você se sente seguro.
Isso me lembra a lição do poeta português Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares”. Trata-se do tempo da travessia, que abre aos corajosos a chance de explorar novos caminhos. Aqueles que se recusam a percorrê-los terão ficado, para sempre, à margem de si mesmos, dos seus talentos, do seu propósito.
Mudar, então, pode ser salutar. Às vezes, aceitar alguns riscos é a atitude mais prudente a ser tomada. Agir diferente oxigena o sangue e a vida. Sair da rotina nos permite, para dizer o mínimo, enxergar todo um novo mundo que estava fora do campo de visão.
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Mas veja bem: não se trata de se tornar um mudancista desenfreado. Mudar por mudar não faz o menor sentido. É importante poder contar com algumas zonas de conforto, locais seguros onde possamos nos abrigar sempre que preciso. Mais importante ainda é zelar por eles, pois nada é totalmente estável. O cuidado deve ser diário.
Pense, por exemplo, nos relacionamentos interpessoais, que são nossa principal base. Você tem um casamento feliz? Ótimo! Esse é um excelente alicerce, que, como tal, carece de manutenção para se manter firme. Nem mesmo as uniões mais sólidas resistem à falta de esmero.
Se você se acomodar e passar os dias sentado em frente à tevê, sem nunca fazer nada para agradar seu(sua) companheiro(a), será uma questão de tempo até que a antiga zona de conforto se converta numa área de insatisfação e de perigo iminente.
Vou lhe contar uma coisa. Desde o início da pandemia, venho trabalhando de casa (no meu escritório, projetado especialmente para a necessidade da nossa empresa, dos nossos colaboradores e dos nossos alunos). Também passei a treinar em casa, a fim de perder menos tempo com deslocamentos. Criei a rotina saudável de almoçar e jantar com minha esposa e agora com o meu filho praticamente todos os dias. Reconheço: é um luxo, um privilégio que poucos têm.
Essa zona de conforto, em específico, eu não quero deixar tão cedo. Agora, quando se trata da empresa, faço questão de estar sempre numa zona de desconforto. É que nossa ambição como empresa voltada a mudar vidas, é alcançar mais e mais pessoas a cada dia, e, para isso, sabemos que o Gran precisa continuar avançando, e avançando, e avançando...
A acomodação é impensável num projeto como esse. Por isso, na vida profissional, por enquanto, sigo o conselho da advogada e 46ª primeira-dama dos EUA, Michelle Obama: “Apenas tente algo novo. Não tenha medo. Saia da zona de conforto e voe.”
O que estou dizendo é que podemos, sim, ser felizes dentro de certas zonas de conforto, vivendo com simplicidade e sem pretensão de inovar o tempo todo. Há fases da vida em que isso se mostra até necessário.
Para alguns de nós, essa necessidade pode surgir no campo pessoal, como é o meu caso, agora que me tornei pai; para outros, a autopreservação pode se revelar urgente na esfera profissional, talvez como forma de reunir energia para tornar a avançar em momento mais oportuno.
Seja como for, a chave é ter equilíbrio, além de sabedoria para identificar quando é hora de pisar fora da zona de conforto e abalar as próprias estruturas em busca de algo melhor.
Será o seu caso?
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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