Estudo exclusivo do Sebrae revela que maioria das vagas de emprego com carteira assinada estão concentradas nas micro e pequenas empresas
Após uma busca de sete meses por trabalho, Rosana Fernandes, de 41 anos, finalmente conquistou uma vaga de emprego com carteira assinada. Ela foi recentemente contratada por uma microempresa de alimentos congelados em Brasília. Como cozinheira, Rosana comemora sua nova ocupação, que se tornou sua principal fonte de renda, sustentando seu filho e sua mãe, que também mora com ela.
Rosana faz parte de um grupo estatístico que destaca o poder das micro e pequenas empresas (MPE) na criação de empregos no país. Um estudo exclusivo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), baseado em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, revela que, este ano, sete em cada dez vagas de emprego com carteira assinada foram geradas por micro e pequenos negócios.
De janeiro a maio, o Brasil criou um total de 865.360 empregos formais, dos quais 594.213 foram criados por MPE, representando 69% do total. Segundo o presidente do Sebrae, Décio Lima, a maioria das micro e pequenas empresas possui até cinco colaboradores. Ele destaca a importância dessas empresas para a economia, afirmando que elas correspondem a cerca de 99% de todas as empresas no país, gerando 55% dos empregos com carteira assinada e quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
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Considera-se microempresa aquelas com até nove empregados (agropecuária, comércio e serviço) ou 19 funcionários (indústria e mineração). Já as pequenas empresas são aquelas que possuem até 49 trabalhadores (agropecuária, comércio e serviço) ou 99 empregados (indústria e mineração).
Somente em maio, os pequenos negócios foram responsáveis por 70% (108.406 de 155.270) dos novos empregos registrados. Isso representa um aumento de 2 pontos percentuais em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Essa ascensão da participação das micro e pequenas empresas no total de empregos no país vai contra a tendência observada nas médias e grandes empresas (MGE), cuja fatia no emprego formal caiu de 22% em maio de 2022 para 15% em maio de 2023.
Décio Lima explica que os pequenos negócios são os principais responsáveis pela criação e manutenção de vagas de empregos com carteira assinada na economia. Enquanto as médias e grandes empresas investem na modernização de seus processos para aumentar a competitividade, as MGE tendem a diminuir o número de funcionários a longo prazo.
Por outro lado, as micro e pequenas empresas são intensivas em mão de obra e, nos momentos de crise, são as últimas a demitir e, durante a recuperação econômica, são as que mais contratam. Beatriz Bento, de 18 anos, é um exemplo de como as MPEs também são uma porta de entrada para o mercado de trabalho.
Em junho, ela conseguiu uma vaga com carteira assinada como balconista em uma padaria no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro, que contratou três pessoas este ano. Beatriz, que concluiu seus estudos no ano passado, estava procurando trabalho desde o início deste ano para ajudar mais em casa e melhorar sua qualidade de vida.
Ao analisar os setores que mais contribuíram para a geração de empregos em pequenos negócios de janeiro a maio, destacam-se os serviços (saldo de 339.127 vagas), construção (123.937), indústria de transformação (64.754) e comércio (34.127).
Em relação às atividades econômicas que mais contribuíram para a criação de vagas de emprego por micro e pequenos negócios nos primeiros cinco meses de 2023, destacam-se a construção de edifícios (42.849 postos de trabalho), transporte rodoviário de carga (27.138) e os setores de educação infantil/pré-escola, ensino fundamental e serviços de escritório e apoio administrativo, todos com mais de 17 mil vagas geradas cada.
O estudo também revela que a criação de empregos formais por micro e pequenas empresas foi difundida por todo o país, com todos os estados e o Distrito Federal apresentando números positivos.
De acordo com o Sebrae, os pequenos negócios continuarão impulsionando a criação de empregos. A expectativa é de que, em 2023, a participação das MPEs na geração de empregos se mantenha em torno de 70%, com expectativa de crescimento nos meses de outubro e novembro. Portanto, há uma tendência de que o nível de emprego continue sendo impulsionado pelas micro e pequenas empresas.
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