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Los tres amigos

Os amigos André Araújo, Daniel Minozzi e Gustavo Simões, alunos de química da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e colegas de república, desenvolveram o conceito da Nanox.

Redação
Publicado em 06/08/2010, às 15h04

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Reza a história que foi em momentos de, digamos, ócio criativo que os amigos André Araújo, Daniel Minozzi e Gustavo Simões, alunos de química da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e colegas de república, desenvolveram o conceito da Nanox, uma das empresas pioneiras em nanotecnologia (tecnologia de pesquisa e produção em escala atômica) no Brasil. “Nós três temos perfil empreendedor. Quando estávamos na república sempre surgia nas conversas a questão de porquê não abrir o próprio negócio, ao invés de procurar emprego, ou  fazer um mestrado e não trabalhar”, lembrou Daniel.

Os três amigos tinham entre 18 e 19 anos quando deram início a duas das principais experiências da vida adulta: ingressar na faculdade e morar sozinhos. O universo tratou de combiná-los na mesma república. A amizade consolidou-se dentro e fora da sala de aula. “Eles foram pra mim uma nova família porque sempre que passava por alguma dificuldade sabia que podia contar com eles e eles comigo. Nossa relação é muito criativa e muito fortalecida”, comenta Daniel.

Nos laboratórios da universidade eles participaram de um projeto de iniciação científica em nanotecnologia, com um estudo na área de revestimentos. Seu primeiro projeto surgiu de uma parceria com uma empresa privada, para a qual foi desenvolvido um revestimento nanoestruturado para aplicação em lentes oftálmicas.

Ali o embrião da empresa tomava forma: “Desenvolvemos um projeto de revestimento antimicrobiano, aperfeiçoando-o e transformando-o num produto comercializável, além de ampliar a ‘família’ de produtos, com resinas (líquida) com diferentes bases (água, solvente, etc.), partícula (pó semelhante a um talco) e materbatch (grânulos de plásticos)”, explica Daniel.  Entre o fim de 2004 e início de 2005, eles abriram as portas. Para conquistar clientes, apostaram no conceito de consultoria, buscando identificar o problema no produto de determinada empresa e propor uma solução.

Mesmo com tanta energia, os rapazes tiveram dificuldades. “Sofremos com a falta de identidade da empresa, de treinamento administrativo dos empreendedores e de recursos para as despesas administrativas da empresa. Tínhamos recursos das agencias de fomento para o desenvolvimento de tecnologia, mas não para as demais áreas da empresa, com isso nos primeiros meses nós mesmos financiamos e tivemos que correr atrás de recursos para essas despesas”, disse Daniel.  O grupo preserva a parceria com a universidade, assim eles garantem acesso a equipamentos e orientação de professores.

Entre as soluções valiosas deste período vale destacar a rotação na diretoria. Daniel, André e Gustavo dirigem determinado setor por um tempo, trocando de cadeira no período seguinte. Daniel explica o diferencial do sistema: “Isso é importante até para não gerar vícios, todo mundo consegue opinar e dar sugestões porque sabe o que está acontecendo, o que pode dar certo (em cada área)”. Eles também buscam preservar a característica agilidade da pequena indústria, nas palavras de Daniel: “Nós tentamos não criar muitos paradigmas para que conseguíssemos dar saltos quânticos (de resultados)”.

Com apenas dois anos no mercado, a empresa de André, Daniel e Gustavo foi escolhida como objeto de estudo pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês). Depois o prêmio Finep de inovação tecnológica. Na sequência, eles conseguiram o apoio financeiro do Fundo Novarum, dedicado ao investimento em empresas nascentes e inovadoras de base tecnológica, o que garantiu a melhoria da área administrativa.

Produtos de revestimento antimicrobiano com a tecnologia dos três amigos já estão à disposição do público em uma conhecida marca de secadores de cabelos, em uma fornecedora de bebedores de água, em tapetes, na higienização de equipamentos de consultórios dentários e até nos sistemas de refrigeração de água de geladeiras comercializados por uma multinacional no mercado norte-americano.

Além do retorno financeiro e de crítica, a satisfação pessoal é perceptível no tom no qual Daniel fala do trabalho, da responsabilidade de ter vinte famílias que dependem do seu trabalho e do reconhecimento conquistado. Nisso estão incluídas jornadas, às vezes, de dez a doze horas por dia. Segundo Daniel, isso só é possível graças ao prazer que sentem no que fazem, sem que isso signifique negligenciar outras esferas da vida: “Na química tudo funciona com equilíbrio. Como bons químicos sabemos que o ser humano é feito de átomos, de energia. E como somos três seres humanos coerentes, um puxa o pé do outro para manter o equilíbrio”.

Aline Viana


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