Artigo da professora Luciane Sartori da rede LFG.
Como o infinitivo dá trabalho, não é mesmo, pessoal? Isso ocorre porque ele pode assumir as funções sintáticas de um substantivo; pode fazer parte de locuções verbais; pode ser pessoal ou impessoal, ou seja, ter um sujeito ou não; e, além disso, quando é pessoal, suas formas podem ser idênticas às formas do verbo flexionado no futuro do subjuntivo; entretanto, o infinitivo compõe as orações reduzidas e o futuro, as desenvolvidas.
Vamos entender isso: ele é considerado forma nominal do verbo, e, se ele tem essa classificação, há um motivo: ele pode desempenhar o papel de um nome na frase, como as outras duas formas nominais, o particípio e o gerúndio, que também podem desempenhar papel de nome - substantivo, adjetivo ou advérbio.
O infinitivo, especificamente, pode desempenhar papel de substantivo, ou seja, pode ser empregado como um substantivo – “O ser humano nem sempre é piedoso.” - ou desempenhar a função sintática de um termo substantivo, como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal e assim por diante – “Saber isso é fácil”. Nestes casos, ele fará parte de orações reduzidas, certo?
É justamente neste ponto que diferenciamos o verbo no infinitivo do verbo no futuro do subjuntivo. Vejamos:
LEIA TAMBÉM
a) no infinitivo pessoal: Este livro é para eu ler, para tu leres, para ele ler, para nós lermos, para vós lerdes, para eles lerem;
b) no futuro do subjuntivo: Isso só será sabido se eu ler o livro, se tu leres, se ele ler, se nós lermos, se vós lerdes, se eles lerem.
Ai, professora, mas ficou tudo igual! Não, não ficou. Observem que, no grupo “a”, a segunda oração “para eu ler” inicia-se com uma preposição “para”, e não com uma conjunção ou com um pronome relativo. Logo, a oração é reduzida, e toda oração reduzida apresenta o verbo em forma nominal (infinitivo, particípio ou gerúndio), no caso, no infinitivo “ler”. Então, não se esqueçam: oração reduzida não tem conjunção (ou locução de conjunção) ou pronome relativo, seu verbo fica em uma das formas nominais e, ainda, ela pode ser iniciada com uma preposição ou não.
No grupo “b”, ao contrário do que ocorreu no grupo “a”, a segunda oração “quando eu ler o livro” inicia-se com uma conjunção “se”. Logo, a oração é desenvolvida e, dessa forma, seu verbo está flexionado - no caso, no futuro do subjuntivo. Não se esqueçam disso também: oração desenvolvida tem conjunção (ou locução de conjunção) ou pronome relativo e seu verbo está sempre flexionado em tempo e modo, nunca em forma nominal.
Para resolver uma questão de flexão correta de verbo em prova, o verbo “ler” não traria complicação, pois ele tem a mesma forma no infinitivo e no futuro. O problema são os verbos que apresentam formas diferentes numa flexão e noutra.
Vejamos o verbo "pôr":
a) no infinitivo pessoal: Este livro é para eu pôr sobre a mesa, para tu pores, para ele pôr, para nós pormos, para vós pordes, para eles porem;
b) no futuro do subjuntivo: Isso só será sabido se eu puser o livro sobre a mesa, se tu puseres, se ele puser, se nós pusermos, se eles puserem, se vós puserdes, se eles puserem.
Notem como o verbo “pôr”, diferentemente do “ler”, muda de comportamento de uma estrutura para outra, o que gera muita confusão.
Vamos ver agora uma parte de uma questão da FCC:
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas no contexto da seguinte frase:
(A) Se não nos entretermos com as ficções de nossas telas, dizem algumas pessoas, com que se preencherá nosso tempo ocioso?
(B) Quando finalmente convirmos em que os sonhos são estimulantes e necessários, a eles recorreremos para combater nosso excessivo pragmatismo.
Notem como o examinador brincou com isso! No item A, há a conjunção "se" e o verbo "entreter" no infinitivo pessoal; no item B, há a conjunção "quando" e o verbo "convir" no infinitivo pessoal, sendo que esses verbos deveriam estar no futuro do subjuntivo "entretivermos" e "conviermos" respectivamente, pois as orações em que foram empregados são desenvolvidas, afinal, as conjunções "se" e "quando" as compõem. As duas estão erradas por isso.
Então, gente, vamos prestar atenção aos detalhes que se tornam diferenças gigantescas?
Bom estudo a todos!
Luciane Sartori, professora de português da rede LFG
Siga o JC Concursos no Google NewsMais de 5 mil cidades no Brasil!
+ Mais Lidas
JC Concursos - Jornal dos Concursos. Imparcial, independente, completo.