O concurseiro que está continuamente melhorando seus métodos ganha na acumulação de poder
Wilson Granjeiro
Está cada vez mais na moda fazer concurso público no Brasil. Diria até que virou uma mania nacional. Tanto é que há pesquisas indicando que pelo menos 11 milhões de pessoas pretendem ingressar em um cargo público por meio de concurso e estão estudando para isso. São os chamados “concurseiros”, que fizeram da aprovação sua meta e da conquista do cargo seu grande objetivo neste momento.
Contudo, cá entre nós, não é fácil vencer os obstáculos dessa jornada. Falo com o conhecimento de quem, na juventude, foi aprovado em oito concursos públicos. Para que isso acontecesse, tive de fazer muitos sacrifícios. A conquista da carreira pública depende não só do estudo inteligente, mas também da força moral dos atos empregados para se chegar lá. Quero passar algumas dicas para aqueles que estão nessa batalha. Tenho certeza de que elas vão ajudar nos momentos decisivos.
Uma das lições mais importantes de toda minha experiência de mais de 23 anos trabalhando com concursos diz respeito ao comportamento do concurseiro. É preciso lembrar que de uma hora para outra ele pode se tornar servidor público. Estou convencido de que todos os que conquistam a estabilidade financeira sem, mais tarde, oferecer em troca esforço à altura, como o uso do talento para servir ao bem comum, praticam fraude, tenham ou não consciência disso. Trata-se de fraude contra os valores éticos que devemos preservar em nossa vida profissional, que não pode visar apenas às vantagens financeiras, sob pena de nada construir de útil para a sociedade.
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Penso que a pessoa que corteja a prosperidade no serviço público deve, em todas suas ações, sejam elas materiais ou mentais, oferecer retorno justo à sociedade em troca do que recebe do Estado e, por extensão, do cidadão-patrão. No âmbito espiritual, essa maneira de agir significa fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem para nós, ou, como diz o ditado popular, “fazer o bem sem olhar a quem”. Trata-se de um princípio de vida que muito me agrada mencionar, pois procuro praticá-lo sempre que possível.
Uma das regras para que alguém seja bem-sucedido no trabalho, principalmente no serviço público, é não se considerar mero empregado dentro de uma estrutura que não individualiza as oportunidades. Ao contrário: se o profissional personalizar sua atuação, terá mais possibilidades de desenvolver uma carreira de sucesso, com ascensão muito mais rápida e reconhecimento de seu valor pelos chefes e colegas. Há uma regra de ouro nesse aspecto: o funcionário que trabalha tão cuidadosa e conscientemente longe do empregador quanto quando este tem os olhos sobre ele não ficará por muito tempo em posição inferior.
O servidor público de bem com o trabalho e com a vida comanda, com sua própria presença, a moralidade dos outros, tornando-os melhores do que eram em suas tarefas e transformando a rotina diária em tarefas produtivas e prazerosas. Eu fui servidor público por 17 anos antes de optar pela vida empresarial. Sempre colhi bons frutos desse comportamento que até hoje me ajuda a liderar a numerosa equipe que me acompanha na empresa que dirijo.
Sempre pautei minha conduta com a convicção de que o homem de inabalável retidão é, no fundo, um heroi. E não tenho dúvidas de que a honestidade é o caminho mais seguro para o sucesso. Por isso, quem escolhe o caminho do concurso público para galgar uma posição de relevo a serviço do Estado não pode transigir com falcatruas e truques desonestos em busca da aprovação. É com muita revolta que tomo conhecimento de fatos degradantes como a venda de “aprovação” em concursos, que algumas pessoas ainda tentam negociar, até que acabam caindo nas malhas da lei para pagar, com toda razão, por fraude em concurso público, crime já previsto em nosso Código Penal e cuja pena pode chegar a oito anos de reclusão.
Para nossa tristeza, às vezes servidores públicos são flagrados envolvidos em crimes dessa natureza. Infelizmente, alguns agentes públicos imaginam que a desonestidade seja um atalho para a prosperidade material e social. Acabam pagando muito caro por isso, às vezes com a perda da função pública e até do patrimônio pessoal, sem falar na humilhação da cadeia, onde vão pagar sua pena. Essas pessoas desordeiras desperdiçam enorme quantidade de tempo e de energia. O tempo desperdiçado à procura de vantagens ilícitas seria muito mais bem utilizado se fosse pautado pela ordem, o que permitiria que esses cidadãos alcançassem algum sucesso.
Outro tipo de pessoa que nunca será um bom concurseiro é a desleixada. Essa jamais conseguirá ser aprovada em um concurso público. Ela não tem lugar, em sua vida, para a organização. Muitas vezes é obrigada a procurar por longo período algo de que necessita, quando um simples toque de ordem na vida resolveria o problema muito mais rapidamente. Em consequência, no dia a dia, perde um tempo precioso, que poderia ser dedicado aos estudos, por exemplo.
Concurseiro de verdade age de maneira completamente diferente. Por essa, entre outras razões, está predestinado ao sucesso em sua jornada rumo ao cargo público. Ordem, meus amigos, muita ordem para estudar, é um conselho de amigo, que fala por experiência própria. Se eu não fosse um sujeito organizado, jamais teria chegado aonde cheguei. Quem já veio à minha sala pode comprovar o que estou dizendo com uma rápida olhada em minha mesa de trabalho: é muito simples, mas nada fica fora do lugar. Sou capaz de encontrar qualquer coisa de que preciso em questão de segundos. O mesmo posso dizer do ambiente em toda a minha a sala, que é pequena, mas acolhedora e sempre bem-arrumada. Faço questão de mantê-la assim.
Manter a ordem é uma das providências mais importantes para o concurseiro aumentar as chances de ser aprovado. Candidatos ordeiros economizam tempo e energia. Eles nunca perdem nada e, portanto, nunca precisam se cansar para procurar alguma coisa. Tudo está em seu lugar e sempre à mão quando, por exemplo, estão estudando para um concurso público.
Uma coisa eu posso garantir: não pode haver sucesso – e, em nosso contexto, aprovação – sem um gosto pela regularidade e pela disciplina. Os candidatos que abominam a disciplina não podem ser bem-sucedidos e prósperos. Não merecem e não conquistarão a carreira pública se não corrigirem esse comportamento e colocarem a vida em ordem o mais depressa possível. Pode parecer difícil, mas não é. Para tanto, basta algo muito simples, que vem lá de cima, não do céu, e sim da cabeça: querer mudar. Apenas isso, nada mais.
Quem lida com educação e – como é o meu caso – está há tantos anos trabalhando com uma especialidade que exige concentração e foco acima de tudo, sabe que uma mente desorganizada é destreinada e não pode competir com a mente bem-disciplinada na corrida pela aprovação, assim como um maratonista inexperiente não pode competir com êxito contra outro que tenha sido cuidadosamente treinado em provas de longa distância.
O concurseiro que está continuamente melhorando seus métodos ganha na acumulação de poder. Por isso, cabe ao candidato ser criativo e inventivo no aprimoramento de seus métodos de estudo, com vistas à classificação. O candidato de sucesso deve ter o poder de reunir rapidamente todas as informações sobre novos e inesperados comportamentos da banca examinadora, a grande e verdadeira inimiga do concurseiro.
O atraso no uso das táticas e estratégias que o candidato deve elaborar para enfrentar o seu concurso é um vício fatal para a prosperidade, pois leva à incapacidade e à estupidez – causas de reprovação. É claro que nem tudo pode ser previsto e transformado em pontos positivos para o candidato. Do contrário, ninguém seria reprovado. Ainda não viveu um candidato que não tenha cometido alguns erros no caminho para o sucesso nos certames públicos. Entretanto, se ele for capaz e sensato – e acredito que esse seja o seu caso, caro leitor –, perceberá seus erros e rapidamente os corrigirá, alegrando-se quando forem apontados e não os repetindo mais nos dias seguintes.
Minha mensagem final é de otimismo e confiança, destinada a quem estuda de verdade em busca da aprovação e do tão sonhado cargo ou emprego público: é impossível o fracasso de alguém cheio de energia e paixão pelos estudos. Quem atentamente economiza seu tempo e dinheiro e virtuosamente administra sua vitalidade, quem pratica a integridade inabalável e sistematiza sua rotina de operário do estudo, cuidando antes de organizar sua mente para o aprendizado perfeito e duradouro, só pode ter sucesso. Se você é assim, pode estar certo de que em breve, muito mais depressa até do que imagina, será recompensado e se tornará o titular do seu FELIZ CARGO NOVO!
J. W. Granjeiro é diretor-presidente do Gran Cursos e coordenador do Movimento pela Moralização dos Concursos (MMC). www.professorgranjeiro.com. Twitter: @jwgranjeiro.
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