Após meses de isolamento em todo o Brasil, à medida que municípios paulatinamente flexibilizam restrições impostas pelo novo coronavírus, organizadoras veem reinício das aplicações cada vez mais próximo
Samuel Peressin | samuel@jcconcursos.com.br
Publicado em 22/07/2020, às 12h02 - Atualizado às 12h16
O calendário marcava 11 de março quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou que o mundo enfrentava uma pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Começava ali uma sucessão de cancelamentos, suspensões e adiamentos de concursos em todo o Brasil.
É bem verdade que novos editais continuam saindo diariamente. No entanto, a maioria oferece vagas temporárias para área da saúde, tendo como método de seleção a análise curricular, sem a necessidade de provas presenciais – eventos que geram grandes aglomerações.
Passados mais de quatro meses desde o início da adoção estratégica de medidas rígidas de distanciamento social, alguns Estados já começaram a afrouxar de maneira gradativa as regras de confinamento.
As decisões de flexibilização adotadas pelo poder público são acompanhadas com atenção pelas bancas, cujos esforços estão totalmente concentrados na criação e aprimoramento de protocolos de segurança para retomada das provas.
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À medida que municípios paulatinamente relaxam as ações de controle de movimentação da população, a percepção de que o pior já passou vai tomando forma. Seria hora, então, de começar a considerar, com cautela, o reinício das avaliações?
Os cronogramas de alguns concursos de abrangência nacional parecem indicar os primeiros passos rumo à normalidade. É o caso da seleção para diplomata, que tem provas agendadas para 30 de agosto, com aplicação em todas as capitais brasileiras.
Outros exemplos vêm das Forças Armadas. Após adiar temporariamente diversas seleções ao longo dos últimos meses, Aeronáutica, Exército e Marinha estão retomando seus calendários. Já há exames confirmados para agosto, setembro e outubro.
Diante do cenário de gradativo desconfinamento Brasil afora, o JC Concursos ouviu três das principais bancas organizadoras do país para entender como elas se preparam para o pós-pandemia.
Habituado a organizar concursos de âmbito nacional, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) teve sua primeira experiência de aplicação em meio à pandemia durante maio, quando realizou o exame psicológico do concurso do Ministério Público de Goiás (MP GO).
A etapa ocorreu em seis capitais, no dia 17. Segundo a banca, nos locais de avaliação foram disponibilizados: álcool 70%, sabão líquido nos banheiros, papel toalha, lenços para higiene nasal e sacos plásticos individuais para descartes. Além disso, houve uma logística de afastamento entre os participantes, de forma a assegurar o distanciamento necessário para a prevenção da Covid-19.
As inovações e os aprendizados resultantes dessa primeira experiência serviram de base para o planejamento dos procedimentos que serão adotados pela organizadora no cenário pós-pandemia, explica o diretor de Operações, Jorge Amorim.
"Por ser a nossa primeira aplicação durante a pandemia, redobramos a atenção e a cautela na tomada de decisões. Uma das novidades foi elaborar um manual especificamente para os candidatos, indicando todos os protocolos que eles e nós iríamos seguir para que a fase ocorresse com segurança", diz.
O protocolo para realização de provas já possui novas datas para ser colocado em prática: em 6 de setembro, 18 de outubro e 8 de novembro, a banca aplicará, respectivamente, os exames escritos dos concursos do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), da Polícia Civil do Distrito Federal (PC DF) e da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF).
Diretora do Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC), Jucélia Vieira admite ser difícil projetar o cenário para os próximos meses, mas aposta na "retomada dos concursos já em meados de outubro ou novembro, momento em que já se espera ter passado o pico da pandemia e que se apresente um gráfico descendente dos casos confirmados".
Para que a projeção se confirme, pondera ela, deverá haver uma combinação entre "maior conscientização da população" e "as devidas medidas de precaução em um trabalho conjunto com os órgãos competentes para controle da pandemia".
Abaixo, confira na íntegra o posicionamento da banca:
"O IBFC já tem contratos firmados com a administração pública para a realização de novos certames e espera somente a autorização para reiniciar os processos. Para a realização dos nossos concursos e das próximas etapas dos processos já em andamento, evidentemente serão necessárias medidas de segurança e proteção coletiva. Cabe salientar que, até que seja certa a aplicação das etapas, as autoridades competentes poderão orientar outros procedimentos de segurança que também deverão ser adotados. Em princípio, temos de considerar que as etapas de concursos públicos envolvem grande número de pessoas e que, além dos cuidados da equipe do IBFC que irá trabalhar na aplicação, é essencial contar com a consciência e responsabilidade dos candidatos. Dentre as medidas que o IBFC entende como importantes e que devem ser tomadas, citamos: 1) exigir a utilização de máscaras tanto dos nossos colaboradores quanto dos candidatos presentes nos locais de prova; 2) higienização dos locais de prova e utilização de álcool em gel durante a aplicação; 3) redução do quantitativo de candidatos alocados em cada sala para redução da aglomeração; 4) disponibilização de equipe específica para a medição de temperatura, fiscalização e orientação dos candidatos; 5) pulverização dos locais de prova, evitando aglomeração de muitos candidatos em um mesmo prédio."
Uma das mais tradicionais bancas de São Paulo, a Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp) afirma já ter estabelecido protocolo de prevenção à Covid-19 para aplicação de provas.
Além disso, destaca a organizadora, as estratégias para o enfrentamento da pandemia passarão por constantemente atualização em consonância com as recomendações preconizadas pelas autoridades sanitárias.
A banca aguarda o aval do poder público para retomar as avaliações. Assim que reiniciar as atividades, ressalta a Vunesp, serão observadas todas as recomendações estipuladas pelo governo, entre elas o uso de máscaras e o distanciamento entre os candidatos.
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