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Servidor conta como foi aprovado em quatro concursos para delegado

"Não pense que você somente será feliz depois da posse ou que sua vida somente começará então. Com o devido planejamento, é possível estudar bem e ao mesmo tempo não deixar de aproveitar a vida", disse Lucas Dutra

Delegado de polícia
Delegado de polícia - Divulgação

Estratégia Concursos
Publicado em 26/08/2019, às 16h08

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Todo mundo sabe que a carreira de delegado é uma das mais difíceis de entrar no funcionalismo público. Não só pelos atrativos que o cargo oferece - como estabilidade e salários iniciais de até R$ 22,6 mil - mas também pela grande carga de conteúdo que é cobrada na prova.

Uma dica para quem sonha em ser delegado é se espelhar em quem já conseguiu conquistar a aprovação. Por isto, confira a entrevista que o Estratégia Concursos realizou com Lucas Dutra, aprovado em quatro concursos para o cargo de delegado, entre eles o da Polícia Federal.

EC: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?

Lucas Dutra: Sou formado em direito. Me formei na faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 2016. Tenho 26 anos e venho do interior de São Paulo, da cidade de Franca. 

EC: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que para delegado?

LD: Como o direito abre muitas possibilidades profissionais, mudei algumas vezes de decisão sobre qual área gostaria de seguir. Mas a partir do 3º ano de faculdade, decidi que gostaria de trabalhar com algo em que pudesse ajudar pessoas, dar algum retorno para a sociedade. Isso também pelo fato de fazer uma faculdade pública.

Decidi, então, ser servidor público. Dentre as áreas possíveis, escolhi a de Delegado. Amo direito penal e, pelo fato de ser um cargo jurídico-policial, sua atividade é menos rotineira e mais dinâmica em relação a outros cargos jurídicos.

EC: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?

LD: Me dediquei quase que integralmente aos concursos. Pude fazer isso pois tive muito apoio dos meus pais. Também advoguei voluntariamente pela Defensoria Pública da União, para conseguir a prática jurídica exigida para alguns concursos.

EC: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?

LD: Fui aprovado no concurso para Delegado de Polícia do MT. Estou também aprovado nos concursos de Delegado Goiás, SP e PF. Esses últimos ainda em andamento e já em fases finais.

EC: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?

LD: É muito bom sentir que todo seu esforço valeu a pena e que você está sendo recompensado por ele. Mas com tantos concursos ainda em andamento, ainda não tive tempo de comemorar de fato.

EC: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?

LD: Acredito que é possível conciliar os estudos com uma vida social ativa. É uma questão de planejamento. Não deixei de sair com meus amigos ou ver minha família. Claro que com o edital aberto, faltando poucas semanas para a prova, é necessário um maior empenho.

EC: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?

LD: Sou solteiro. Com relação à família, eles sempre me apoiaram muito e me deram todas as condições necessárias para que eu focasse exclusivamente em estudar. Meus pais, inicialmente, se preocuparam com a escolha da carreira de Delegado, o que é natural. Mas depois entenderam que era isso mesmo o que eu queria. Além disso, todas as carreiras jurídicas que trabalham com direito criminal, envolvem algum grau de risco.

EC: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? 

LD: Acho que vale a pena se for algo parecido. Se a pessoa quer Delegado, não pode focar em um único lugar do país, é preciso prestar em vários estados. Além disso, é bom para treinar.

Se o concurso dos seus sonhos é, por exemplo, banca CESPE, preste outros concursos da mesma banca que tenham conteúdo similar. Meu concurso dos sonhos é Delegado Federal. Fiz a prova oral no dia 02 de Dezembro. Espero que dê tudo certo e que ano que vem eu esteja na Academia Nacional de Polícia.

EC: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso que foi aprovado? E a quanto tempo se considera um concurseiro?

LD: Venho estudando direcionado para concursos de delegado desde o último semestre de faculdade, então há dois anos e meio.

EC: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?

LD: Somente bem no início. Depois sempre que acabava um concurso, já começava a estudar para outro. Nos últimos dois anos tiveram muitos concursos de Delegado. Isso ajudou bastante a manter um ritmo forte de estudos.

EC: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?

LD: Estudei por videoaulas por mais ou menos 1 ano, até ter uma base boa. Depois creio que o melhor seja estudar por conta mesmo. Chega um momento em que a aula não acrescenta mais tanto. A partir desse momento é bunda na cadeira e livro.

Li muitos livros e esse é meu método preferido de estudos. Não faço resumos, não faço questões. Mas esse método funciona para mim. Cada um tem que encontrar o método que funciona melhor para si.

EC: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?

LD: Costumo estudar uma única matéria por dia ou até mesmo uma única matéria por vários dias. Como já havia dito, meu método é bem peculiar, não faço questões nem resumos. Meu método é ler, ler muito. Mas não estudava tantas horas assim por dia, creio que umas 4 horas por dia (salvo faltando pouco tempo para prova).

Faltando mais ou menos 2 semanas para alguma prova, começava a estudar mais ou menos 8 horas por dia. Revisar a matéria é essencial, com a grande quantidade de conteúdo é natural que esqueçamos. Já reli alguns livros três, quatro vezes.

EC: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?

LD: Não diria dificuldade, minhas matérias favoritas são penal e processo penal. Mas amo o direito e gosto de estudar todas as matérias. Porém, acredito que você sempre deve focar mais nas matérias que sabe menos. Depois que já estava com um bom conhecimento de penal, processo penal, constitucional e administrativo, foquei muito nas outras matérias ditas “secundárias” para concurso de Delegado. Pensava em estudar civil, empresarial, tributário, entre outras, como se estivesse prestando um concurso para magistratura, estudando estas matérias de forma aprofundada.

EC: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?

LD: Como disse, na reta final estudava cerca de 8h por dia. Véspera de prova é dia de estudos. Pode ser que você leia algo na noite anterior que vai estar na prova no outro dia. Isso já aconteceu comigo algumas vezes.

EC: Nos seus concursos, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. E, em alguns, ainda prova oral. Como foi seu estudo para essas importantes partes dos certames? O que você aconselha?

LD: Se seu concurso tem prova discursiva, é necessário praticar esse tipo de questão com regularidade. Para ir bem em discursiva e também em provas orais, é necessário um conhecimento um pouco mais aprofundado. Então, estude doutrina das principais matérias. Não fique só no superficial, nos resumos. Para uma primeira prova oral, também acredito que seja bom uma preparação específica, para ajudar com o nervosismo.

EC: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?

LD: Não acredito que houve grandes erros. Passei, por enquanto, em todos os concursos de Delegado que prestei (salvo o primeiro, em Goiás, que acabou sendo anulado). O maior acerto, acredito, ter sido não renegar as matérias “secundárias”. Estudar mais aquilo que sei menos.

EC: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?

LD: Nunca pensei em desistir

EC: Qual foi sua principal motivação?

LD: Saber que no futuro vou estar em um cargo de grande relevância social, ajudando a sociedade e fazendo aquilo que amo.

EC: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

LD: Conversando com meu pai, recentemente, sobre a vida de concurseiro ele me disse: “Mais importante que a chegada, é o caminho que se percorre”. E eu acho isso mesmo. Não pense que você somente será feliz depois da posse ou que sua vida somente começará então. Com o devido planejamento, é possível estudar bem e ao mesmo tempo não deixar de aproveitar a vida. Saia com os amigos, namore, veja um bom filme. Ninguém consegue estudar o tempo todo. E se você estiver feliz, com certeza seus estudos renderão mais. É claro que existirão momentos de maior foco nos estudos, em que você terá que deixar outras coisas de lado, mas no geral, é possível estudar para concursos sem deixar em suspenso a sua vida. No mais, é bunda na cadeira e muito estudo!

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