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Reforma ortográfica e concursos públicos

Entenda o que muda na vida dos concurseiros a partir de 1º de janeiro de 2009, quando passa a vigorar o acordo

Redação
Publicado em 16/01/2009, às 15h57

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Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no dia 29 de setembro, o decreto que estabelece a reforma ortográfica – cujo objetivo é unificar a escrita da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), formada por Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe –, o tema virou assunto de destaque entre os brasileiros, incluindo aqueles que se preparam para prestar concursos públicos.

Inúmeras dúvidas surgiram, como atesta  Diego Amorim, professor de língua portuguesa e coordenador de Recursos de Revisão do OB Cursos, de Brasília. “Muitos achavam que as novas regras passariam a valer imediatamente”, afirma.

Segundo o decreto, as mudanças na escrita já estão valendo no Brasil desde 1º de janeiro de 2009. No entanto, foi estabelecido também um período de transição, até 31 de dezembro de 2012, no qual as duas formas – a atual e a nova – serão consideradas válidas e aceitas em concursos e vestibulares. Tanto que, como explica Marcus Vinicius Soares, coordenador de Acadêmica do Cespe/UNB, as bancas de correção das organizadoras serão devidamente orientadas para aceitar as duas formas de escrita nesse período de transição.

Mas, como é sempre bom se antecipar às mudanças, o JC&E conversou com professores e traz agora algumas dicas para você se adaptar da melhor maneira possível às novas regras ortográficas.

O que deve ser pedido

De acordo com Silvia Bruni Queiroz, técnica em Avaliação Educacional da Fundação Vunesp, a cobrança da nova ortografia nos concursos realizados pela organizadora será feita de maneira gradual.

Já o coordenador do Cespe afirma que poderá ser pedido algum item sobre a nova ortografia em provas objetivas a partir de janeiro do ano que vem. “Os candidatos devem estar preparados para responder sobre a nova ortografia nas questões objetivas. Nas provas discursivas, as duas formas serão aceitas e, por isso, os concursandos não sofrerão nenhum prejuízo”, explica Soares.

Para Carlos Alberto de Lucca, coordenador-geral do Siga Concursos, de São Paulo, as provas podem conter perguntas que apontem qual forma ortográfica (atual ou nova) deve servir como base para a resposta do candidato. “Essas questões podem até fazer parte de perguntas sobre atualidades”, comenta.

Carlos Kappler, professor de língua portuguesa e funcionário público, acredita que, nos concursos de 2009, de 20 questões de português apenas uma aborde a nova ortografia.

O coordenador do OB Cursos ressalta também a questão da comparação. “Os concurseiros terão de saber as duas formas, pois o que mais deve-se pedir em uma prova é a comparação entre a nova ortografia e a antiga”, afirma Amorim.

Um outro caminho é apontado por Maurício Silva, coordenador de Pós-Graduação da Área de Educação da Universidade Nove de Julho (Uninove), de São Paulo, e autor do livro “O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”, da Editora Contexto. Segundo ele, como as novas regras não são muitas, não devem existir tantos problemas de adaptação. “É possível também que o novo sistema se generalize rápido e passe a ser cobrado, automaticamente, em concursos, vestibulares e provas”.

Mesmo sem saber a data exata em que as provas incluirão questões sobre a nova ortografia, os cursos preparatórios começaram a tratar do assunto imediatamente. As apostilas do Siga Concursos trarão as duas formas de escrita a partir do ano que vem. “Nas aulas, também vamos mostrar como é a ortografia atual e como será a nova”, diz De Lucca.

Amorim, do OB Cursos, afirma que a nova ortografia terá espaço garantido nas aulas a partir de dezembro, para os concursos de 2009.

Atenção redobrada

Alguns pontos estabelecidos pelo acordo ortográfico já fazem parte da escrita brasileira há algum tempo e, por isso, não devem causar problemas aos concursandos. Os melhores exemplos são a abolição do trema, que quase já não é utilizado atualmente, e a inclusão das letras K, W e Y no alfabeto.

No entanto, algumas mudanças de acentuação e de emprego do hífen podem complicar a vida de um candidato na hora da prova.

De acordo com Silva, da Uninove, o hífen é o calcanhar de Aquiles do novo acordo, principalmente porque a reforma apresenta indefinições, imprecisões e lacunas. “Há casos em que o hífen permanece como era antes, há casos em que desaparece e há outros em que passa a existir, onde não aparecia”, exemplifica o coordenador da Uninove.

Para finalizar, Amorim, do OB Cursos, ainda destaca que a pronúncia de todas as palavras não será modificada, mesmo com a mudança na grafia.

Dicas que valem ouro

O período de transição é longo, mas o quanto antes as pessoas tomarem conhecimento das mudanças ortográficas, melhor, é o que ressaltam os especialistas. E como digerir essas alterações de maneira fácil?

O primeiro passo, garante o coordenador do OB Cursos, é comentar sempre sobre o assunto e tirar dúvidas com colegas e professores. “Assim, o concurseiro consegue internalizar as modificações. É muito melhor aprender e entender as mudanças que decorar”, afirma Amorim. 

O professor Kappler aposta na consulta a manuais e dicionários, que estão sendo lançados com as alterações. Já a dica do professor De Lucca, do Siga Concursos, é elaborar uma tabela e deixá-la sempre visível para que o candidato consulte as alterações enquanto estuda ou sempre que julgar necessário.

Para Silva, a leitura constitui outra boa maneira de aprender as novas regras, pois a ortografia é também uma questão de registro da imagem/forma da palavra.


Talita Fusco/SP

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