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Saiba o que faz o Investigador e o Escrivão

Profissionais falam das características e das experiências adquiridas ao longo da carreira.

Redação
Publicado em 30/06/2008, às 16h14

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Manter a ordem pública, a segurança pessoal, a propriedade e a proteção dos direitos individuais são algumas das tarefas inerentes às Polícias Civis, órgãos subordinados aos governos dos estados e do Distrito Federal e dirigidos por Delegados de Polícia.

São uma das bases da polícia judiciária do país, responsável, entre outras atribuições, por punir agentes infratores da lei, e contam com o trabalho de diversos profissionais para exercer suas funções. Entre eles, estão os cargos de Investigador e Escrivão de Polícia, que, recentemente, receberam, no estado de São Paulo, o aval do governador José Serra para reforçarem seus quadros através de concursos para provimento de 2.313 vagas nas duas carreiras.

Os concursos devem atrair muitos candidatos em busca da carreira policial e estabilidades profissional e financeira e, por isso, é preciso que aqueles que planejam concorrer a uma das vagas comecem a estudar desde já. No entanto, além do conhecimento teórico das disciplinas, é importante, também, que os candidatos conheçam algumas das tarefas que são desempenhadas diariamente pelos Investigadores e Escrivães de Polícia. Para isso, o Jornal dos Concursos e Empregos entrevistou o ex-Investigador Hilkias de Oliveira e o Escrivão aposentado Walter Roberto Tini, que, durante muito tempo, exerceram as profissões e falaram sobre as características de cada uma das funções.

Investigador de Polícia

Apesar de ser aposentado como Delegado de Polícia, Hilkias de Oliveira – atual presidente da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo, a Afpcesp – exerceu, por mais de 20 anos, a carreira de Investigador. Ele diz que o trabalho desse profissional começa quando são iniciadas as investigações para que a autoria de uma infração penal seja descoberta, ou seja, assim que um crime é cometido, a Polícia Civil instaura um inquérito policial para apurar quem foi o responsável por tal ato e o Investigador de Polícia será o responsável por buscar e investigar provas e indícios que podem sevar um membro da sociedade à prática daquela infração. “Esse Investigador de Polícia tem um papel muito importante dentro do inquérito policial e uma das mais belas atividades dentro da Polícia Civil. Ele passa a investigar esses indícios e provas subjetivas e objetivas para esclarecer a autoria daquele crime e todas as pessoas relacionadas a ele, àquele fato”, explica.

Segundo Oliveira, este é um trabalho bastante minucioso e de grande responsabilidade. “Ele [o Investigador] passa a ser um garimpeiro de provas e traz provas importantes para a investigação policial e esclarecimento da infração penal”.

E, para cumprir com suas obrigações, Oliveira traça algumas características pessoais essenciais para aqueles que desejam exercer a carreira. “O Investigador de Polícia tem que ter algumas qualidades pessoais, que são exigidas no concurso para ingresso. Não pode ser qualquer pessoa da sociedade. Tem que ser os melhores”, afirma. Para ele, é fundamental que o candidato tenha:

·         boa formação;

·         bons princípios éticos;

·         princípios religiosos;

·         bons conhecimentos culturais;

·         raciocínio lógico.

Para exemplificar a importância dessas características, Oliveira fala de uma das experiências que vivenciou quando trabalhava nessa função. Ele diz que, certa vez, para investigar quadrilhas especializadas em furtos de automóveis, teve que se infiltrar entre os bandidos para identificar os autores do crime. “Nós, com habilidade, promovemos a infiltração pessoal em uma quadrilha, devagar, nos identificamos como marginais e descobrimos membros de quadrilhas que praticavam esse crime. Em uma delas, desbaratamos uma quadrilha em Santos, na qual havia mais de 20 pessoas envolvidas e um criminoso internacional especializado em furto de automóvel e também pessoas de alto gabarito. Todos foram presos e identificados”.

Dificuldades

Em relação às dificuldades que podem ser enfrentadas durante o exercício da profissão, Oliveira explica que a carreira policial já é difícil pela própria natureza. “Todo marginal que pratica um crime, o faz com a intenção de não ser descoberto, porque sabe que a sociedade tem um contexto de proteção que é feito pelos Poderes Judiciário,  Legislativo - através das leis - e do Executivo, que tenta manter a ordem social”.

Corrupção

Outro ponto importante abordado pelo ex-Investigador foi em relação à questão da corrupção na esfera policial. Segundo Oliveira, é importante que aquele que ingressa em qualquer uma das carreiras policiais preze, sempre, pela dignidade. Porém, ele explica que, junto com a consciência individual, o estado deve valorizar esse profissional para que as práticas de corrupção sejam inibidas.

“A população tem que entender que a corrupção está na ação do crime organizado, que procura, dentro do seu papel, romper a dignidade da polícia no combate ao crime. Por outro lado, os governadores devem fazer investimentos na segurança pública, principalmente no homem policial, que é o sujeito daquela ação dos tentáculos do crime organizado, dando a ele condições para que possa não aceitar qualquer proposta relativa á venda da dignidade da instituição”, argumenta.

De acordo com Oliveira, a abertura de 1.449 vagas para o cargo de Investigador de Polícia mostra que há uma carência bastante significativa desses funcionários no quadro da Polícia Civil do Estado, situação que é agravada pelo aumento da criminalidade, conforme mostram as estatísticas. “As estatísticas mostram que o crime está crescendo muito dentro da nossa sociedade e nós precisamos aparelhar melhor a instituição policial para combatê-lo”, finaliza.

Escrivão de Polícia

Walter Roberto Tini diz que entrou na carreira de Escrivão de Polícia por acidente. Ele conta que trabalhava na Diretoria de Material e Patrimônio da Casa de Detenção quando foi convidado por um amigo para prestar o concurso de Escrivão da Polícia Civil de São Paulo. Passou, foi nomeado e exerceu a profissão entre os anos de 1985 e 2001, quando se aposentou.

Tini, que hoje é 2º vice-presidente da Afpcesp, fala com muito orgulho da profissão e garante que, se tivesse que recomeçar na polícia, escolheria ser Escrivão novamente.

Ele explica que, na hierarquia da Polícia Civil, o Escrivão vem em segundo lugar, depois do Delegado, entretanto, nenhuma delegacia funciona sem a presença desse profissional. “Eu posso dizer, com toda a garantia, que uma delegacia, sem o Delegado, funciona, sem o Investigador, vai continuar funcionando, mas sem o Escrivão ela pára. E por que? Porque todo o trabalho burocrático da delegacia está com o Escrivão. Uma pessoa chega à delegacia e vem trazer a notícia de um crime ou de um fato qualquer, e é o Escrivão quem vai elaborar esse boletim de ocorrência. É o Escrivão quem vai dar a primeira atenção àquela pessoa”, diz.

Para Tini, a profissão exige que o candidato tenha aptidão e se identifique com o cargo. Além disso, ele afirma que, apesar de todo o treinamento que aqueles que ingressam na carreira recebem na Academia de Polícia, é no dia-a-dia que se aprende a profissão. “A Academia oferece só o primário para o Escrivão. É no dia-a-dia que ele vai se aperfeiçoar, porque cada um tem seu estilo”.

De acordo com Tini, ao contrário do Investigador, o Escrivão acompanha o inquérito policial do início ao fim. “O Investigador trabalha em um caso, apresenta seu trabalho no cartório para o Escrivão, e pronto, parou ali a sua tarefa sobre o caso. O Escrivão não. Ele vai relatar a história, ele acompanha todo o caso, até o inquérito ser relatado e até terminar”.

Tini ressalta, também, que  o Escrivão tem fé pública na sua profissão, ou seja, tudo aquilo que é documentado pelo Delegado de Polícia, deve ser certificado pelo Escrivão para que tenha valor.

Pontos negativos

Apesar de ser apaixonado pela profissão que exerceu por 16 anos, Tini revela que, existem sim, alguns pontos negativos. Um deles é estar sempre a postos caso algum dos casos que está sob sua responsabilidade seja resolvido. “Já aconteceu de eu estar domingo à noite em casa, assistindo televisão e ligarem da delegacia dizendo que em um inquérito meu, que eu havia conduzido, o autor [do crime], que estava sendo procurado, havia sido preso. Tive que sair da minha casa, ir para a delegacia, à  noite, no domingo e fazer o interrogatório daquela pessoa”.

Ele ainda acrescenta que, diferente de outras profissões, aqueles que trabalham na área policial também não têm férias “normais” e explica: “O policial tem que informar que vai sair de férias, dizer para onde ele vai, dar o endereço, porque se acontecer alguma coisa [de grande repercussão], ele pode ser requisitado e, onde estiver, tem que vir e se apresentar”.

Assim como na carreira de Investigador, a Polícia Civil de São Paulo também conta com carência de servidores na função de Escrivão, como explica Tini: “Faz-se o concurso, mas aquela mesma quantidade que entra, sai, pois passam em outros concursos. Então as vagas sempre existem. Temos esperança de que vai melhorar, visto que o acervo [de inquéritos a serem concluídos] vai aumentando, porque, por mês, a quantidade de boletins de ocorrência é bem elevada”.

Mas Tini garante que a profissão vale a pena e dá o seguinte conselho: “A única coisa que eu posso dizer como Escrivão de Polícia é que todos aqueles que têm dúvida sobre o escrivanato abracem essa carreira, podem abraçar tranqüilamente que ela é interessante”.


Juliana Pronunciati/SP


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+ Resumo do Concurso Polícia Civil

Polícia Civil
Vagas: Não definido
Taxa de inscrição: Não definido
Cargos: Não definido
Áreas de Atuação: Não definido
Escolaridade: Não definido
Faixa de salário:
Organizadora: O próprio órgão

+ Agenda do Concurso

30/06/2009 Divulgação do Resultado Adicionar no Google Agenda

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