Estar onde muitos querem estar, eis uma frase que pode ser usada com propriedade para ilustrar a história de Carlos Augusto Beckenkamp, um gaúcho de 27 anos, natural da pequena Vera Cruz.
Estar onde muitos querem estar, eis uma frase que pode ser usada com propriedade para ilustrar a história de Carlos Augusto Beckenkamp, um gaúcho de 27 anos, natural da pequena Vera Cruz. No momento desta entrevista, ele frequentava o curso de formação para auditor-fiscal da Receita Federal. Não bastasse a aprovação no processo seletivo de 2009 do órgão – talvez o mais almejado por concurseiros dos quatro cantos do país –, Carlos ainda pode se orgulhar de outro feito. Conquistou a primeira colocação no concurso, deixando para trás 77.893 inscritos na seleção.
Para Carlos, ver seu nome no topo da lista de aprovados foi uma alegria muito grande. “Estava acompanhando, através de fóruns na internet, os boatos de quando sairia o resultado. A expectativa quanto à nota da prova discursiva era maior. Vi minha nota 187 e saí comemorando. Só depois um amigo me ligou e disse para eu olhar a classificação. Foi aí que percebi o primeiro lugar”, conta.
Chegar até aqui, claro, não aconteceu num passe de mágica. Ao contrário, a aprovação na Receita Federal é fruto de anos de estudo e dedicação. “Sempre pensei em ser servidor público, um trabalho que você conquista por mérito”, afirma.
Sua trajetória, ainda bem, é repleta de bons resultados. Concurseiro nato, aos 17 anos, Carlos participou de uma seleção para carteiro da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) e já obteve uma ótima notícia: o primeiro lugar da região. Entretanto, não pôde assumir a vaga, pois, na época da convocação, ainda não tinha completado 18 anos.
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Em seguida, prestou o concurso para técnico judiciário (nível médio) do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (TRT/RS) e, mais uma vez, veio um primeiro lugar. Carlos tomou posse no cargo e passou a atuar em Santa Cruz do Sul, cidade vizinha à Vera Cruz. Em paralelo à faculdade de administração, o jovem continuava sua jornada de concurseiro. Passou em outros dois processos seletivos, mas decidiu não tomar posse em nenhum. Até que em 2004, Carlos fez o exame para analista (cargo de nível superior e que conta com salário mais alto) no próprio TRT gaúcho. Sem grandes surpresas, conquistou de novo a primeira colocação, assumiu a vaga e, ainda hoje, trabalha no órgão. “Dei sorte neste concurso, pois prestei as provas em dezembro de 2003 e me formaria apenas em agosto do ano seguinte. A nomeação só saiu em outubro de 2004, dois meses depois da minha formatura. Se a convocação tivesse ocorrido antes, teria perdido a vaga por ainda não estar formado”.
Depois de tantas vitórias, Carlos também experimentou o gosto amargo da reprovação. Em 2005, ele se inscreveu no concurso da Receita Federal, mas só estudou após a publicação do edital e não foi classificado. Nos dois anos seguintes, o jovem não se engajou tanto nos estudos. Foi a partir de 2008 que ele pegou firme nos livros e apostilas novamente e se matriculou em cursos telepresenciais da rede de ensino LFG. “Nestes dois anos, estudava cerca de quatro horas diárias. Após sair o edital, passei a estudar umas seis horas por dia, além das aulas nos sábados e domingos, que totalizavam nove horas diárias de estudo”, relata.
Para Carlos, cada pessoa deve se conhecer e estipular a rotina de estudo mais adequada. Sua estratégia, como ele mesmo afirma, contou com algumas “loucuras”. Sempre começava a estudar uma disciplina e seguia até terminar todo aquele conteúdo, nunca elaborou tabelas estipulando o número de horas que deveriam ser reservadas para cada matéria. Também tinha o costume de estudar nas vésperas dos concursos, antes do início das provas e durante os intervalos. “Na véspera da seleção da Receita, fui para Porto Alegre, local da prova, e estudei até as 2h da manhã. Levei meus resumos e quanto mais eu lia mais me acalmava”. Deu certo.
Agora, Carlos está na expectativa para assumir o cargo de auditor, o que deve acontecer no fim de junho. Trabalhará em Porto do Rio Grande, mas garante que, passado um tempo, vai tentar voltar para Santa Cruz do Sul. Casado há quatro anos e meio e pai de um filhinho de quase dois, levará sua família com ele. “Sem o apoio da minha esposa não teria conseguido. Tive um apoio incondicional da família. Devo grande parte desta conquista a eles”.
Talita Fusco
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