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Do obstáculo à força

A história de Thiago Helton Miranda, que, com livros emprestados de amigos, conseguiu a aprovação no IBGE

Redação
Publicado em 25/03/2011, às 16h15

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Ao contrário de muitos jovens que mal veem a hora de terminar o ensino médio e ingressar na tão sonhada e desejada universidade, o jovem mineiro Thiago Helton Miranda Ribeiro optou por um caminho diferente, prestar concurso público. Aos 17 anos, as dificuldades financeiras não o abalaram e foi com livros emprestados de amigos que iniciou os estudos por conta própria e um ano depois conseguiu sua primeira conquista: o cargo de servidor federal em caráter temporário no IBGE em Belo Horizonte.

A partir daí, animou-se e resolveu dedicar-se totalmente aos concursos públicos: “Aproveitei que agora tinha salário, comecei a investir em materiais de qualidade e me apertei para fazer alguns cursinhos. Assim considero que minha jornada começou de fato e que tinha muitos cargos para buscar na vida”, diz Ribeiro.

Thiago, de família simples, feliz com o cargo conquistado e cheio de novos projetos não esperava que a vida o fizesse passar pelo maior de todos os obstáculos. Em novembro de 2008, saindo para trabalhar, o garoto sofre um trágico acidente. Um atropelamento de automóvel que o tornou tetraplégico, forçando-o a usar cadeira de rodas para o resto da vida. “Fiquei dois meses respirando por aparelhos, perdi todos os movimentos do corpo. Perdi concursos que eu estava inscrito e com bagagem de estudo para competir. Foram um ano e alguns meses de jornada interrompida”, conta.

Em meio às dificuldades que o destino trouxe, Ribeiro percebeu que sua vida desde então seria outra. Encontrar um cursinho adaptado para cadeirantes e coisas bem simples do cotidiano, como transporte, não era mais uma tarefa fácil. Mesmo assim, não desistiu do objetivo. “Arrisquei um concurso do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, mas fui reprovado. Porém, vi nesse dia que era capaz de fazer uma prova novamente. Foi ai que eu voltei a pegar firme nos estudos e com mais força e vontade do que nunca”, explica o simpático jovem.

Com lesão medular, os gastos financeiros aumentam e quase fizeram o jovem interromper novamente a vida de concurseiro. “Sinceramente, achei que tudo estava perdido. Minha sorte foi quando os professores Carlos Cruz e Emerson Bruno descobriram minha história e acreditaram em mim. Deram-me uma bolsa de estudos completa no curso Pro Labore e os materiais para o concurso do Tribunal de Justiça de Minas Gerais 2010 que estava próximo, eu queria muito aquela vaga”, comenta.

“Foi uma rotina cansativa. Eu estava sob afastamento do INSS e meu pai me levava toda manhã de ônibus e depois empurrava minha cadeira de rodas até o cursinho”, ressalta. Thiago estudou seis horas diárias e passou em terceiro lugar no concurso. “Fiquei muito feliz, pois o mercado de trabalho hoje é muito instável e o serviço público para uma pessoa de ensino médio acarreta maior segurança, além de oferecer salários razoáveis possibilitando melhor condição financeira. Sou prova disso, esse ano comecei a cursar direito e banco meus próprios estudos”.

No mesmo ano, conquistou o oitavo lugar no Ministério Público da União.Era o concurso mais disputado do ano. Tenho esperanças de ser nomeado o ano que vem, mas não me prendo a isso. Continuo minha jornada, pois concurso se faz até entra em exercício no cargo”, explica.

Hoje, aos 22 anos, Thiago sabe das dificuldades de levar uma vida de concurseiro e que nem tudo sai como planejado. Ele faz questão de dizer para os jovens que o importante é não desistir. “Foram várias reprovações e diversas vezes como excedente. Ao todo, tanto na esfera Federal, Estadual e Municipal, já tentei 23 concursos. Reprovações fazem parte da caminhada do concurseiro. É como andar de bicicleta, tem de cair para aprender”, brinca.

Thiago conta que não está nem um pouco acomodado com o cargo. “Estou muito feliz, mas ainda não satisfeito. Por hora o concurso do Tribunal de Justiça me deu qualidade de vida, trabalho apenas seis horas por dia, bem perto de casa e da faculdade. Isso não tem preço. Penso em ficar aqui até me formar, mas até lá se houver algum concurso interessante, não penso duas vezes”, conclui.

Douglas Terenciano

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