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Valores: a principal disciplina da vida

Qual a matéria mais difícil e importante na vida? Matemática ou Português? História ou Biologia? Inglês ou Física? Geografia ou Artes? Aprenda sobre valores!

Valores Humanos:  significado da principal disciplina da vida
Valores Humanos: significado da principal disciplina da vida - Divulgação

Ricardo de Oliveira
Publicado em 15/07/2019, às 22h44 - Atualizado às 22h53

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Antes de aprender qualquer disciplina e conhecimento que o dinheiro pode pagar, alguém já se perguntou o porque de tantos profissionais sem formação acadêmica, sem colégios particulares ou uma base estudantil adequada, teve tanto sucesso na vida? A resposta é bem clara: valores. A primeira matéria para o sucesso se aprende em casa, no meio de convívio, e está acima de tudo. Tal conhecimento é insubstituível e nos leva cada vez mais longe.

Matemática ou português? História ou biologia? Inglês ou física? Geografia ou artes? Educação física ou química? Qual é a mais importante disciplina trabalhada em uma escola? E na sua escola ou curso, qual é a área de mais destaque: humanas, exatas ou biológicas? É certo que cada escola / curso e seus professores trabalham com afinco para que os resultados obtidos em suas matérias específicas resultem em sucesso. Não há dúvidas quanto à importância de cada uma das áreas do conhecimento.

Mas quais são os valores que nos levam à felicidade? Existe uma série de conhecimentos que não faz parte dos currículos elaborados para nossas escolas. Não há um trabalho específico sobre esses saberes na educação infantil e ensino fundamental. A preocupação sobre essa temática no ensino médio até existe, mas não se configura num projeto perene, situação que se repete no ensino superior.

Valores Humanos: principal disciplina

Os planos de ensino preparados pelos professores não vislumbram esse patamar. Os projetos e estudos governamentais mais recentes (aqueles que vêm sendo produzidos e realizados em governos anteriores e que tiveram pouca continuidade nas últimas gestões) referem-se ao tema, cobram ações, mas não indicam caminhos claros e efetivos.

A discussão sobre o ensino de valores na escola não é uma das prioridades estabelecidas pelos diretores, mantenedores particulares, professores ou ainda pelo Estado. A preocupação maior continua sendo a obtenção de resultados melhores nas disciplinas.

Por mais que teimemos em continuar fazendo “vista grossa”, não há como negar que os valores estão presentes em todas as disciplinas e em praticamente todas as atividades que se desenvolvem numa escola. Mais do que isso, os valores também são trabalhados indiretamente quando estamos no ambiente educacional. No que se refere às matérias escolares, por exemplo, temos que destacar que a prática investigativa, a disciplina para o estudo, a curiosidade científica ou mesmo o hábito da leitura ou da escrita somente podem ser repassados para os estudantes a partir do exemplo dado pelo professor e da organização das aulas.

O JC Concursos foi buscar no dicionário o significado literal:

'Valores: substantivo masculino plural Reunião das normas, preceitos morais e/ou regras sociais, que são passadas de uma pessoa, sociedade, grupo ou cultura para outra(s)

Em outras palavras, valores são o conjunto de características de uma determinada pessoa ou organização, que determinam a forma como estas se comportam e interagem com outros indivíduos e com o meio ambiente. A palavra valor pode significar merecimento, talento, reputação, coragem e valentia.'

Estender as mãos, preocupar-se com o próximo, zelar pelo planeta em que vivemos, agir dentro de princípios de solidariedade ou lutar pelos direitos humanos são ações derivadas do ensino de valores que também compete à escola. Enquanto se discute sobre Escola Sem Partido, pouco se fala sobre como formar melhores profissionais para o futuro. Aulas em que há apenas a preocupação de reproduzir os saberes de uma área do conhecimento como a geografia ou a química não estimulam o aluno a afeiçoar-se ou a desejar aprender e não levam à consciência de que essas atitudes e realizações devem se tornar valores.

Para que isso aconteça, professores, diretores, coordenadores e orientadores devem acreditar que esse trabalho não apenas permeia os conteúdos, mas que a questão dos valores estabelece as bases para que o aprendizado aconteça e, principalmente, para que a formação integral do aluno se concretize.

Quando afirmei que até indiretamente se trabalham valores em sala de aula ou em qualquer ambiente de uma escola, o que quis dizer é que a postura dos educadores, seu comprometimento com a área de trabalho que escolheram, a forma como esses profissionais se comunicam, seus hábitos ou sua organização pessoal são também indicativos preciosos dos valores que consideram importantes para suas vidas e, por analogia, também para a de todas as outras pessoas.

Algumas vezes, essa influência dos valores pessoais de um determinado professor sobre seus alunos fica mais evidente e nos permite compreender com mais clareza o quanto esse trabalho deve nos preocupar. Conheço casos de profissionais que tinham envolvimento com causas sociais ou ambientais e que, direta ou indiretamente, em suas aulas, acabavam demonstrando o quanto essa sua atuação em ONGs aumentava o seu conhecimento, ajudava a melhorar o mundo ao seu redor e, consequentemente, os fazia se sentir melhores como pessoas.

Há, também, os contra-exemplos. Casos típicos são aqueles de professores desleixados com seus materiais, desmazelados em seu figurino, despreocupados com a sua saúde (o que se revela, por exemplo, em sua alimentação) ou ainda desinteressados em estudar mais e aperfeiçoar-se profissionalmente. Estudantes atentos (ou nem tanto) percebem claramente todo esse descaso pessoal e profissional e passam a utilizar tal professor como referência para justificar o seu próprio desinteresse pessoal com a escola ou outras instâncias de suas vidas.

O que se deseja ao abordar tal temática é que ela não seja marginalizada como tem sido no tocante aos planos de trabalho e projetos educacionais. Mais do que isso, que se torne parte integrante das discussões e reuniões do corpo docente e que leve as escolas a organizar-se para que o ensino de valores aconteça como parte integrante do currículo escolar (não como mais uma disciplina escolar, mas como uma parte do trabalho realizado em cada uma das matérias) e também das ações dos educadores que estão em constante contato com os alunos, que dessa forma teriam que ser muito mais conscientes.

Para que isso aconteça, é importante que as escolas estudem a questão com maior profundidade e que organizem seus professores para que, conjuntamente, possa ser criado um plano geral, de orientação para todos os membros do corpo docente.

* João Luís Almeida Machado é editor, mestre em Educação, Arte e História da Cultura, professor universitário e pesquisador.

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