O Copom indica um movimento para arrefecer o ritmo de aumento da taxa Selic. Mas pode ser interrompido caso a inflação se mantenha alta
Victor Meira - victor@jcconcursos.com.br Publicado em 08/02/2022, às 12h59
Apesar do Comitê de Política Monetária (Copom) apontar que o ritmo de crescimento na taxa básica de juros, a Selic, deve diminuir, os economistas ainda relatam que os juros ainda podem aumentar por causa da inflação. Deste modo, o Copom pode revisar a sua política de tendência de segurar a Selic.
Na semana passada, o comitê aumentou a Selic de 9,25% para 10,75% ao ano, tendo em vista o aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia. Essa foi a primeira vez – desde julho de 2017, quando atingiu 10,25% ao ano – que a Selic chega ao patamar de dois dígitos.
“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, indica a ata publicada hoje pelo BC.
O Copom ressalta que os “passos futuros da política monetária ainda podem ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2021, o indicador fechou em 10,06%, no maior nível desde 2015, pressionado pelo dólar, pelos combustíveis e pela alta da energia elétrica.
Segundo o cenário de referência do Copom, a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções.
Por um lado, uma “possível reversão, ainda que parcial”, do aumento nos preços das commodities em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário de referência.
Por outro lado, “políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país”.
O Copom ainda destaca que em uma situação de desempenho mais positivo das contas públicas, a incerteza em relação ao arcabouço fiscal continua mantendo “elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação”, o que acaba por implicar em uma “maior probabilidade” de trajetórias para inflação acima do projetado.
“A incerteza em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual resulta em elevação dos prêmios de risco e eleva o risco de desancoragem das expectativas de inflação. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas. O Copom reitera que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para o crescimento sustentável da economia”, diz a ata.
*com informações da Agência Brasil
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