Brasil tem 61,3 milhões de pessoas passando fome, aponta relatório da ONU

Mulheres e crianças são as mais atingidas pela fome no mundo. Cenário não é otimista para o futuro, releva estudo da ONU; veja detalhes

Pedro Miranda* | redacao@jcconcursos.com.br   Publicado em 06/07/2022, às 21h33

Divulgação/JC Concursos

O relatório ‘O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo’, lançado nesta quarta-feira (6) pelas Organização das Nações Unidas (ONU), revela o número de pessoas passando fome. O total de pessoas em estado de insegurança alimentar aumentou 150 milhões desde o início da pandemia, alcançando 828 milhões em 2021. Em relação ao Brasil, a fome aumentou de 37,5 milhões de pessoas para 61,3 milhões, entre 2019 e 2021.

O relatório indica que a prevalência de insegurança alimentar grave no Brasil subiu de 3,9 milhões, ou o equivalente a 1,9% da população, entre 2014 e 2016, para 15,4 milhões (7,3%), entre 2019 e 2021. O estudo da ONU sugere ainda que o mundo está se afastando cada vez mais da meta de acabar com todas as formas de fome, insegurança alimentar e desnutrição até 2030.

Depois de permanecer relativamente inalterada desde 2015, a proporção da população afetada pela fome é de cerca de 8% em 2019, crescendo para 9,3% em 2020 e continuando a aumentar para 9,8% da população mundial em 2021.

Outro fato preocupante é que cerca de 2,3 bilhões de pessoas em todo o mundo (29,3% do total) enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave no ano passado, um aumento de 350 milhões de pessoas em relação a antes da pandemia. Cerca de 924 milhões de pessoas (11,7% da população global) enfrentam estado de fome grave, contra 207 milhões em dois anos.

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Mulheres e crianças são as mais atingidas pela fome no mundo, revela ONU

A fome na perspectiva de gênero continuou a aumentar em 2021. Cerca de 32% das mulheres no mundo sofrem de insegurança alimentar moderada ou grave, em comparação com 27,6% dos homens. A diferença foi de mais de quatro pontos percentuais, em comparação aos três pontos percentuais observados em 2020.

Cerca de 45 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de baixo peso para a estatura, que é a forma mais mortal de desnutrição, o que aumenta o risco de morte das crianças em até 12 vezes, segundo o relatório da ONU. Além disso, 149 milhões de crianças com menos de cinco anos são atrofiadas devido a deficiências alimentares crônicas de nutrientes essenciais. Por outro lado, 39 milhões de pessoas estão acima do peso.

Cerca de 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram comprar alimentos saudáveis ​​em 2020, um aumento de 112 milhões em relação ao ano anterior, refletindo o impacto da inflação nos preços dos alimentos ao consumidor devido ao impacto econômico da pandemia de COVID-19 e aos esforços para contê-la. Um dado positivo divulgado no relatório é que avanços no aleitamento materno exclusivo. Em 2020, quase 44% dos bebês com menos de 6 meses foram amamentados.

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Cenário não é otimista para o futuro

A previsão para 2030 não é otimista, segundo o relatório da ONU. Cerca de 670 milhões de pessoas, ou 8% da população mundial, ainda devem enfrentar a fome até 2030, mesmo levando em conta a recuperação econômica global. Esse número é semelhante ao de 2015, quando a meta de acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição até o final da década foi lançada no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Na avaliação do diretor executivo do WFP, David Beasley, existe um perigo real que os números subam ainda mais nos próximos meses. Ele estimou que os aumentos globais de preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes que resultam da crise na Ucrânia ameaçam empurrar os países ao redor do mundo para a fome. “O resultado será a desestabilização global, a fome e a migração em massa em uma escala sem precedentes. Temos que agir hoje para evitar essa catástrofe iminente", defendeu.

Os dados são de cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU): Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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