A economista do FGV-Ibre explica que a confiança da indústria caiu em fevereiro devido a uma desaceleração na demanda e aos altos custos de produção
Victor Meira - victor@jcconcursos.com.br Publicado em 24/02/2022, às 09h00
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 1,7 ponto em fevereiro e está em 96,7 pontos, o menor nível desde julho de 2020, quando registrou 89,9 pontos. Essa queda representa o sétimo recuo seguido do índice. Em médias móveis trimestrais, manteve a tendência negativa ao cair 1,8 ponto. Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira (24), pelo FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
“O mês de fevereiro manteve a tendência de queda disseminada na indústria, sendo a maior sequência de quedas desde 2014, quando foram registrados 8 meses consecutivos de retração. Nos últimos setes meses, o setor observou a deterioração da situação corrente, ao mesmo tempo em que passou a rever para baixo suas expectativas”, comenta Cláudia Perdigão, economista do FGV-Ibre.
O resultado deste mês foi influenciado por uma piora tanto das avaliações sobre a situação atual quanto das perspectivas para os próximos meses.
O Índice Situação Atual (ISA) cedeu 1,3 ponto, para 98,5 pontos, menor valor desde agosto de 2020 (97,8 pontos). O Índice de Expectativas (IE) caiu 2,2 pontos para 94,9 pontos, menor patamar desde julho de 2020 (90,5 pontos).
Entre os componentes do ISA, o pior desempenho foi apresentado pelo indicador que mede a situação atual dos negócios, com queda de 2,5 pontos para 86,9 pontos, menor valor desde junho de 2020 (79,0 pontos).
O indicador de demanda total recuou 0,9 ponto para 98,6 pontos, menor valor desde agosto de 2020 (95,7), e acumula perda de 15 pontos nos últimos oito meses. O indicador de estoques apresentou movimento de acomodação ao ceder 0,5 ponto para 110,1.
Em relação aos indicadores do IE, a tendência dos negócios para os próximos seis meses foi o que mais influenciou a queda do ICI no mês de fevereiro, ao cair 4,7 pontos para 90,7 pontos, menor nível desde agosto de 2020 (88,8 pontos).
O emprego previsto para os próximos meses se manteve relativamente estável ao recuar 0,5 ponto para 101,6 pontos enquanto a produção prevista para os próximos três meses continua em trajetória negativa pelo terceiro mês consecutivo, caindo 1,5 ponto, para 92,6 pontos, menor valor desde abril de 2021 (86,6 pontos).
A economista relata que a indústria ainda enfrenta uma desaceleração da demanda acompanhada pela persistência dos gargalos produtivos que pressionam os custos. Contudo, “a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) poderá ser um fator a impulsionar a indústria, atuando sobre a inflação industrial e estimulando a demanda", explica Perdigão.
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