Audiência pública realizada no Senado Federal debateu os impactos da Inteligência Artificial (IA) nas carreiras profissionais. Empregos estariam ameaçados
Mylena Lira Publicado em 02/10/2023, às 22h14
Em uma audiência pública realizada hoje (2) no Senado Federal, o Conselho de Comunicação Social (CCS) promoveu um debate crucial sobre o papel da Inteligência Artificial (IA) no setor da comunicação social e os possíveis impactos em carreiras profissionais.
A reunião, presidida por Miguel Matos, advogado e editor-chefe do portal jurídico Migalhas, destacou a preocupação com o desemprego e a extinção de diversas funções, enquanto divergências surgiram em relação à necessidade de regulamentação e os propósitos dessa possível regulação. Essa foi a segunda audiência pública do CCS sobre o tema, e ela trouxe à tona importantes reflexões sobre o futuro do trabalho no setor da comunicação social.
Durante a audiência, Paulo Barcellos, CEO da produtora audiovisual O2 Filmes, enfatizou a velocidade sem precedentes na evolução das tecnologias de IA e seus impactos imprevisíveis. Ele destacou que a IA tem o potencial de extinguir empregos, ao mesmo tempo em que cria novas profissões.
Barcellos ilustrou como sua empresa já utiliza ferramentas de IA para agilizar processos de produção audiovisual, tornando-os mais eficientes com uma equipe reduzida. Segundo Barcellos, a IA é capaz de produzir relatórios detalhados sobre uma produção audiovisual em questão de segundos, substituindo tarefas que antes demandavam várias pessoas.
Além disso, ele mencionou o lançamento da plataforma Midjourney em 2022, que transforma comandos de texto em imagens geradas digitalmente (veja a seguir), o que pode afetar profissões como fotógrafos, modelos e maquiadores.
Os membros do CCS expressaram preocupações sobre a preservação das relações de trabalho no setor e questionaram se o Estado está preparado para lidar com o desemprego causado pela IA. Sonia Santana, conselheira representante de profissionais de cinema e vídeo, levantou a questão da requalificação dos trabalhadores afetados.
Maria José Braga, que representa os jornalistas no CCS, enfatizou a necessidade de regulamentar as tecnologias de IA para evitar um aumento na desigualdade e assegurar uma evolução equilibrada. José Antônio de Jesus da Silva, conselheiro representante dos radialistas, também destacou a importância da regulação para preservar o emprego nas mídias tradicionais.
Andressa Bizutti Andrade, integrante do Conselho de Ética do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), ressaltou a importância do "elemento humano" na criação intelectual. Ela argumentou que a legislação de direitos autorais deve proteger a criação artificial de ser considerada domínio público, o que poderia prejudicar empresas de comunicação.
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Ygor Colalto Valerio, advogado, enfatizou a importância de abordar a regulamentação de IA de maneira positiva, considerando as evoluções tecnológicas e tratando eventuais desvios de forma pontual. Sandra Martinelli, CEO da Associação Brasileira de Anunciantes, questionou a necessidade de regulamentar a indústria da comunicação social em relação à IA, apresentando documentos de boas práticas e princípios de autorregulação existentes no setor.
Valério também abordou os desafios da confiabilidade da informação com a IA, destacando a pulverização de criadores de conteúdo na internet e o uso de deep fake para criar informações falsas e enganosas.
O Senado está analisando o Projeto de Lei (PL) 2.338/2023, do senador Rodrigo Pacheco, que busca regulamentar o uso de IA. Além disso, na Câmara dos Deputados, tramita o PL 21/2020, do deputado Eduardo Bismarck, que propõe criar o marco legal do desenvolvimento e uso da IA.
A discussão sobre o impacto da IA no setor da comunicação social continua a evoluir no Congresso Nacional, à medida que os legisladores buscam encontrar um equilíbrio entre o progresso tecnológico e a preservação do emprego e da qualidade da informação.
O CCS, como órgão auxiliar do Congresso Nacional, desempenha um papel crucial na formulação de políticas e regulamentações que afetarão profundamente o futuro das carreiras profissionais no setor da comunicação social e, em última instância, a sociedade como um todo.
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