Salário mínimo tem um dos maiores reajustes dos últimos anos, mas perde para inflação

De acordo com o IBGE, a inflação de 2021 é a mais alta dos últimos sete anos e ela foi influenciada pelo aumento dos transportes, habitação, alimentação e bebidas

Victor Meira - victor@jcconcursos.com.br   Publicado em 11/01/2022, às 12h17

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Nesta terça-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números oficiais da inflação registrada em 2021. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, registrou 10,06%, enquanto que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou subiu 10,16%. Inclusive, o último indicador é utilizado como base para o reajuste no salário mínimo.

Com a alta taxa da inflação, mesmo que o salário mínimo tenha sofrido um dos maiores aumentos dos últimos seis anos, ele ainda perde para a inflação. No último dia de 2021, o presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou o novo valor oficial do salário mínimo, que ficou em R$ 1.212, um aumento de 9,24%. 

Com isso, os dois principais índices de inflação ficaram um pouco acima do reajuste proposto pelo governo federal. Desta forma, o brasileiro não terá um ganho real mesmo com um dos maiores aumentos do salário mínimo, pelo contrário, ele perdeu um pouco da sua capacidade de consumo. 

Vale destacar que a inflação oficial ficou 2,6 vezes acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,75%. Além disso, registrou quase o dobro da meta de alta tolerável, que era de 5,25%.

O mercado financeiro, através do Boletim Focus, que foi publicado na última segunda-feira (10), tinha uma projeção da inflação oficial fechar o ano de 2021 com uma alta de 9,99%. A previsão para 2022 é ter um IPCA 5,03%.

O último grande  reajuste do salário mínimo foi realizado em 2016, quando o governo Dilma Roussef promoveu um aumento de 11,6%. Na época, o Brasil também registrou uma alta na inflação, com 10,67%, mas ainda apresentou um ganho real. 

Salário mínimo 2022 não terá aumento real

Apesar do aumento do salário mínimo ser o maior dos últimos anos, isso não significa que este crescimento irá melhorar as condições de vida dos brasileiros devido à falta de ganho real. 

Os economistas explicam que a atualização com base na inflação é para manter o nível de compra da remuneração mínima, uma vez que a inflação diminui o consumo das famílias. Portanto, o ganho real ocorre apenas quando o reajuste fica acima da inflação. 

O Ministério da Economia explica que o reajuste não pode ser acima da inflação porque o governo não tem os recursos necessários e isso geraria uma crise fiscal, além do rompimento do teto de gastos. 

Em relação ao Estado, o reajuste no salário mínimo afeta o pagamento das aposentadorias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Visto que os segurados recebem os seus benefícios conforme o piso nacional. Assim, o governo estima que a cada real aumentado, haverá custo de cerca de R$ 315 milhões aos cofres públicos.

*com informações da Agência Brasil e IBGE

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